É verdade que a realidade sofrida do País não inspira comemoração. Mas, gosto de Carnaval. Sou entusiasta do desenvolvimento cultural e do fortalecimento das comunidades propiciados pelo espetáculo realizado em nosso Brasil multirracial, evento único no planeta. Tanto aprecio que, ao assumir a Prefeitura de Mogi das Cruzes em 2001, fiz questão de resgatar os desfiles carnavalescos, oficializando a Folia de Momo na avenida.
Também melhoramos a estrutura para as apresentações com a implantação da Avenida Cívica, que se tornou o palco apropriado para festejos carnavalescos, desfiles oficiais e outras manifestações socioculturais e educativas. A via representa a artéria para oxigenar o sistema viário, estrangulado pelo volumoso tráfego nas imediações. É paralela à ultramovimentada Avenida Prefeito Carlos Ferreira Lopes, que passou a sofrer gigantescos congestionamentos desde que transformamos o antigo “cemitério de veículos” em nobre espaço municipal de eventos. Falo da área do Centro Municipal Integrado Deputado Mauricio Najar, onde são realizadas as principais festas do calendário oficial mogiano.
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"Em que pesem os avanços, o contexto do Carnaval mogiano está longe do que planejamos para a Cidade" |
Em que pesem os avanços, o contexto do Carnaval mogiano está longe do que planejamos para a Cidade. Há tempos, os fatos impõem a necessidade de uma revolução nas escolas e blocos. Há dois princípios básicos intrinsecamente ligados. Primeiro: a Prefeitura terá cada vez menos condições de repassar recursos públicos, até em função das sucessivas quedas de arrecadação. Também acabou a era de políticos que injetavam dinheiro em escolas de samba para ampliar seu prestígio. Segundo: as agremiações carnavalescas são do povo para o povo.
Não tem razão de existir a escola de samba que passa o ano inteiro nula para sua comunidade e só dá sinal de vida um mês antes do Carnaval. Pior. Faz um desfile pífio, que não exibe, sequer, o resultado da verba repassada pela Prefeitura. Vergonhoso para os integrantes, desprezível para a plateia e acintoso para a Cidade.
Por tudo isso, passamos oito anos na Prefeitura alertando os dirigentes das agremiações para a indispensável prática da responsabilidade social. É o alicerce do relacionamento com a comunidade e também a principal ferramenta para buscar patrocínio privado. Não é um bicho de sete cabeças. A administração municipal se propõe a ser parceira de projetos de inclusão social. A escola de samba pode utilizar sua sede para oferecer cursos gratuitos de iniciação profissional ou oficinas culturais, ministrados por monitores contratados pela Municipalidade.
Beneficiando os moradores, estabelece sinergia com a comunidade, que retribui com participação. Seja em festas para angariar fundos, seja nos preparativos para os desfiles. Esse processo evolui e confirma a legitimidade da agremiação quando ela passa a ser vista pelo morador como “a minha escola de samba”.
Nenhum investimento público irá assegurar a sobrevivência das agremiações que não azeitarem seu relacionamento com a comunidade. É o único meio de existir e produzir espetáculos com a qualidade que o público merece e exige. Nossa expectativa é que os fatos, ainda mais evidentes na crise econômica, propiciem as transformações. Assim, o carnaval mogiano será pleno em riqueza cultural, porque terá a essência da festa popular que justifica sua existência.
Quem não aprecia os festejos carnavalescos, use o período para fazer algo de que goste. Passe um tempo com a família, leve às crianças ao parque, ouça música, enfim, tenha bons momentos. Carnaval é festa, é alegria, é momento de dar vazão à energia. Mas, também é bom senso, organização e disciplina. Engana-se quem pensa que, em nome da Folia de Momo, tudo é permitido. Adulto tomar uma cervejinha é uma coisa. Encher a cara, ficar violento, bater na mulher, dirigir, causar acidentes ou tudo isto junto é criminoso. Vamos curtir bem o feriado. Com responsabilidade. Bom Carnaval!
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