Por quê 9 de Julho é feriado somente no Estado de São Paulo? Neste ano, houve
antecipação para 25 de maio, por causa da pandemia, mas 9 de Julho é a data em
que comemoramos a Revolução Constitucionalista de 1932. Foi um movimento armado
que resultou da revolta generalizada neste Estado contra o governo de Getúlio
Vargas. Ele assumira o poder em 1930, com golpe de Estado. Depusera o então
presidente Washington Luís, legitimamente eleito pelo povo, impedindo a posse do
seu sucessor. Ressalvadas as devidas diferenças, há uma certa semelhança com a
Revolução de 1964, quando os militares derrubaram o governo do presidente João
Goulart e implantaram o regime militar.
Naquele ano
de 1932, uniram-se São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Mato
Grosso. Entretanto, o enfrentamento com lutas e mortes, ficou praticamente sob
a responsabilidade dos paulistas. Eles se insurgiram contra a ditadura Vargas
que, desrespeitando a Constituição Brasileira, instalou a privação da
liberdade, o desrespeito aos direitos do cidadão e a intervenção total na
imprensa livre, além de destruir o regime político, sepultando a realização de
eleições livres e democráticas.
Os
historiadores são unânimes em afirmar que, apesar da derrota, os paulistas
deixaram o grande legado da valorização dos preceitos democráticos e da
participação popular. Fortaleceu-se o conceito de cidadania, assim como a
vigilância mais próxima de governados sobre os governantes. A comemoração do 9
de Julho no Estado de São Paulo homenageia os milhares de mortos que, na linha
de frente da batalha, enfrentaram forças poderosas da ditadura Vargas. O estado
paulista se levantou em armas por uma Constituição e conseguiu, mesmo perdendo
a revolução, que o caminho fosse pavimentado para a Constituição.
O espaço é minúsculo
para detalhar a gloriosa luta dos paulistas em prol da democracia. Vale a lembrança!
Na cidade de São Paulo e em centenas de outros municípios paulistas, a
Revolução Constitucionalista de 1932 ocupa espaços físicos sob a forma de
denominação de vias públicas e monumentos. São os casos das avenidas 9 de Julho
e 23 de Maio, além do Obelisco que conhecemos como mausoléu do Ibirapuera, em
homenagem aos combatentes, da criação do complexo Universidade de São Paulo
(USP), por meio do Largo São Francisco, e da Escola Politécnica, entre outros,
incluindo marcos nos Vales do Ribeira e do Paraíba, onde ocorreram ferozes
combates.
Faço essas
considerações porque é nossa responsabilidade, como povo e como Pátria, defendermos
intransigentemente o regime democrático com eleições livres, a liberdade de
expressão, a imprensa livre e os direitos sagrados dos cidadãos!
(Imagem: O
Vale)
Junji Abe, produtor e
líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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