sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Desafios do envelhecimento

 

#EtarismoEGerontariado – Dados do Censo do IBGE, divulgados em outubro/2023, aponta dois desafios nada triviais do mercado de trabalho: etarismo e gerontariado. O primeiro diz respeito à discriminação baseada na idade das pessoas (idosas). O segundo corresponde a um grupo etário envelhecido, com alta escolaridade, mas exposto às condições precárias de existência social da força de trabalho.

 

O número de idosos cresceu 57,4% entre 2010 e 2023. Em cada 100 brasileiros, 11 já estão com mais de 65 anos. A primeira reação dos analistas sobre a mudança no perfil demográfico é encará-la como fonte de pressão sobre as contas da Previdência. Por isso, a reforma da previdência elevou em 2019 as idades mínimas para aposentadoria de homens e mulheres e aumentou o tempo de contribuição mínima para a obtenção de benefícios.

 

Mas, a realidade indica que o envelhecimento da população também precisa ser urgentemente pensado sob a ótica do acesso ao mercado de trabalho e da garantia de empregos decentes. Em 2022, um estudo especial da consultoria Ernest & Young, em parceria com a Maturi, destacou que 78% das empresas no Brasil são etaristas e admitem não ter políticas para evitar a discriminação por idade em seus processos seletivos.

 

Ainda que o mundo corporativo não esteja pronto para lidar com o etarismo, a crescente quantidade de ações na Justiça do Trabalho, motivadas por preconceito contra trabalhadores vistos como não “suficientemente jovens”, é a comprovação real do preconceito. A situação faz parte do dia a dia das empresas e deve assumir cada vez mais relevância nos departamentos de recursos humanos.

 

O envelhecimento populacional associado a uma expectativa de vida mais longeva é utilizado como justificativa para o prolongamento do tempo dedicado ao trabalho. No entanto, viver mais não é absolutamente sinônimo de viver bem. Além disso, trabalhar após certa idade nem sempre é uma escolha, mas uma necessidade.

 

Com a última reforma previdenciária, atualmente cerca de 66% dos aposentados pelo INSS recebem apenas um salário mínimo por mês. Renda que passa longe de garantir segurança financeira e muito menos uma velhice saudável. Isso leva o idoso a procurar emprego. Sofrendo o etarismo, acaba fazendo bicos ou trabalhos inapropriados.

 


O etarismo extrapola o mercado de trabalho. Infelizmente, também está na maioria dos lares brasileiros, com os jovens inconscientes de que, mais tarde, enfrentarão problemas semelhantes ou muito piores do que os dos atuais idosos. Países milenares dos continentes europeu e asiático, além de nações do oriente médio, nos fornecem uma visão antecipada, visto que, há muitas décadas, enfrentam o etarismo e gerontariado, sem soluções viáveis para uma vida mais equilibrada, sem sobressaltos e saudável para suas populações idosas.#DesafiosDoEnvelhecimento

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

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