#EtarismoEGerontariado – Dados do Censo do IBGE,
divulgados em outubro/2023, aponta dois desafios nada triviais do mercado de
trabalho: etarismo e gerontariado. O primeiro diz respeito à discriminação
baseada na idade das pessoas (idosas). O segundo corresponde a um grupo etário
envelhecido, com alta escolaridade, mas exposto às condições precárias de
existência social da força de trabalho.
O número de idosos cresceu 57,4% entre 2010 e 2023.
Em cada 100 brasileiros, 11 já estão com mais de 65 anos. A primeira reação dos
analistas sobre a mudança no perfil demográfico é encará-la como fonte de
pressão sobre as contas da Previdência. Por isso, a reforma da previdência
elevou em 2019 as idades mínimas para aposentadoria de homens e mulheres e
aumentou o tempo de contribuição mínima para a obtenção de benefícios.
Mas, a realidade indica que o envelhecimento da
população também precisa ser urgentemente pensado sob a ótica do acesso ao
mercado de trabalho e da garantia de empregos decentes. Em 2022, um estudo
especial da consultoria Ernest & Young, em parceria com a Maturi, destacou
que 78% das empresas no Brasil são etaristas e admitem não ter políticas para
evitar a discriminação por idade em seus processos seletivos.
Ainda que o mundo corporativo não esteja pronto
para lidar com o etarismo, a crescente quantidade de ações na Justiça do
Trabalho, motivadas por preconceito contra trabalhadores vistos como não
“suficientemente jovens”, é a comprovação real do preconceito. A situação faz
parte do dia a dia das empresas e deve assumir cada vez mais relevância nos
departamentos de recursos humanos.
O envelhecimento populacional associado a uma
expectativa de vida mais longeva é utilizado como justificativa para o
prolongamento do tempo dedicado ao trabalho. No entanto, viver mais não é
absolutamente sinônimo de viver bem. Além disso, trabalhar após certa idade nem
sempre é uma escolha, mas uma necessidade.
Com a última reforma previdenciária, atualmente
cerca de 66% dos aposentados pelo INSS recebem apenas um salário mínimo por
mês. Renda que passa longe de garantir segurança financeira e muito menos uma
velhice saudável. Isso leva o idoso a procurar emprego. Sofrendo o etarismo, acaba
fazendo bicos ou trabalhos inapropriados.
O etarismo extrapola o mercado de trabalho. Infelizmente,
também está na maioria dos lares brasileiros, com os jovens inconscientes de que,
mais tarde, enfrentarão problemas semelhantes ou muito piores do que os dos atuais
idosos. Países milenares dos continentes europeu e asiático, além de nações do
oriente médio, nos fornecem uma visão antecipada, visto que, há muitas décadas,
enfrentam o etarismo e gerontariado, sem soluções viáveis para uma vida mais equilibrada,
sem sobressaltos e saudável para suas populações idosas.#DesafiosDoEnvelhecimento
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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