#DefasagemDeMédicos – A saúde no Brasil é uma das
áreas que deve ser tratada como prioridade em termos de investimento público. Infelizmente,
estamos a léguas desta medida. São 389 instituições de ensino superior formando
médicos, contra as 180 de 2014 e as 78, de 1990. Contudo, a pesquisa Demografia
Médica 2024, divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), comprova situação
caótica:
Há sete médicos para cada mil habitantes nas
capitais, contra menos de dois para cada mil habitantes nas cidades do Interior.
O CFM revela um boom de novos profissionais, porém prevalece a desigualdade
demográfica na distribuição dos profissionais de saúde pelo País. Segundo o
CFM, o Brasil possui 575.930 médicos, sendo que 330.278 trabalham nas capitais,
onde estão menos de 25% da população, contrastando com 77% da população
interiorana que conta com somente 299.789 médicos.
Os números mostram a grande disparidade entre
grandes e pequenos municípios. A cada dez médicos, seis estão em cidades com
mais de 500 mil habitantes, contra a soma de todas as cidades com menos de 100
mil, que contam com tão somente 15% dos profissionais em atividade no País. O
panorama atual significa que em cidades com mais de 500 mil habitantes, a
proporção é de 6,2 profissionais para cada mil pessoas, contra 0,48 para
cidades com até 5 mil pessoas.
Os locais longe dos grandes centros urbanos
“enfrentam desafios consideráveis para reter e atrair os profissionais” (Foto em Novo Hamburgo/RS: Reprodução/Internet).
A significativa concentração de médicos nos grandes centros econômicos,
aglomerações populacionais e locais onde se agrupam instituições de ensino
superior e uma vasta gama de serviços de saúde, explica-se a uma oferta maior
de oportunidades aos profissionais.
De 1990 a 2023, o número de médicos aumentou cerca
de 5% ao ano, enquanto o crescimento populacional foi de 42%. Porém, o CFM
taxativamente afirma: “Não basta ter um crescimento no número de profissionais
se a desigualdade na distribuição territorial também aumenta”. Para o
conselheiro federal e supervisor do censo, Doutor Donizetti Giamberardino, a
explosão de novas escolas de medicina atende a “interesses políticos e motivação
mercantil” e continua com uma afirmativa relevante e corretíssima: “ao
formarmos mais médicos, estamos concentrando-os mais em capitais e centros
urbanos e não conseguimos ainda fixá-los nas cidades de difícil provimento”.
Há necessidade de uma política de interiorização e
fixação desses profissionais. Clamamos aos governantes, políticos e lideranças
da sociedade civil para estimularem as mudanças nos rumos dos profissionais de
saúde, visando o atendimento às populações das cidades interioranas. É uma questão
de humanidade proporcionar condições adequadas para superação dos desafios de
assistência médica nessas localidades. #QuestãoDeHumanidade
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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