#ConexõesSociais – Outrora, a solidão era vista
como problema pessoal, porém, tornou-se assunto de saúde pública por gerar
muitas doenças. Pesquisas mostram que a falta de conexões sociais está
associada a diversas enfermidades e vem sendo considerada fator de risco
comparável aos danos do fumo e da obesidade. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a solidão é capaz de aumentar em 25% o risco de morte;
50% o de demência; e 30% o de doença cardiovascular. A OMS criou uma Comissão
de Conexões Sociais para reconhecer o tema como prioridade global e propor
soluções.
O impacto da solidão na saúde ganhou mais
visibilidade após a publicação de um artigo, mostrando que o fenômeno atinge
jovens e idosos, mundialmente, dos países mais ricos aos mais pobres, em zonas
urbanas e rurais. A ausência de contatos familiares ou a participação em
atividades grupais, entre outros fatores, foi associada ao aumento da
mortalidade, de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral e
pneumonias.
Em 2023, uma megarrevisão de estudos, envolvendo
mais de 1 milhão de pessoas e publicada no “PLOS One”, revelou o aumento de 33%
de mortalidade por todas as causas em pessoas solitárias. O dado é reforçado pelo
estudo do Journal of Aging and Health, com aproximadamente 8 mil idosos. Pesquisas
indicam que as pessoas com pouco contato social apresentam elevado índice de
comportamentos não saudáveis: fazem menos atividades físicas; se alimentam mal;
consomem álcool e cigarro em excesso; não tomam os medicamentos corretamente; e
não realizam consultas médicas corretamente. Além do mais, há impacto na
autoestima e maior risco de problemas mentais, como depressão e ansiedade.
Países mais ricos estão na frente com políticas
públicas para o enfrentamento do problema, com iniciativas como Campanha para o
fim da solidão, lançada na Inglaterra, como também na Espanha, que tem um plano
com estratégias bem definidas para os próximos anos. O Brasil envelheceu, mas somente
agora estamos dando conta do problema. O cenário só vai mudar quando os mais
velhos puderem se inserir mais e participar de diversas atividades.
Embora parecidos, solidão e isolamento social não
são a mesma coisa. A pessoa pode se sentir sozinha, mesmo rodeada de muita
gente. Quanto mais interações sociais, menos solidão. Quanto mais a pessoa se
arrisca, maior a chance de encontrar afinidades e de se sentir acolhida, com
estímulo para novas oportunidades.
Enquanto prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008),
encaramos como prioridade a figura da mulher, posteriormente, as crianças e, ao
final, os idosos. Para os veteranos, implementamos o Pró-Hiper, um centro de
bem-estar com equipamentos para práticas esportivas (inclusive, com piscina
aquecida para hidroginástica); espaço cultural (música, dança, cantos e jogos);
computadores com acesso à internet; núcleo para bate-papo, tudo com supervisão
de profissionais de saúde. O projeto mogiano é uma referência nacional em
qualidade de vida na terceira idade e alcançou a longevidade de mais de 20 anos
como iniciativa perfeita para rechaçar a solidão e o isolamento social entre os
idosos. #VencendoASolidão
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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