terça-feira, 18 de março de 2025

Bons hábitos

 

#EducaçãoDoLar – Entendo e respeito as diferenças culturais entre os países. A meu ver, porém, devem ser incorporados nas sociedades os hábitos que contribuem para a formação básica das pessoas. É um processo que começa na infância, desenvolve-se na juventude e consolida-se na fase adulta.  No Brasil, serviços domésticos como lavar louça, esfregar chão, passar roupa, lavar banheiro e etc. sempre foram considerados tarefas típicas de escravos. Após a abolição da escravatura, passaram a ser erroneamente entendidos como atribuições de pessoas sem qualificação ou tidas como inferiores.

 

Como sou filho e neto de imigrantes japoneses, corro o risco de ser contestado, ou sofrer suspeição pelos comentários que farei sobre a importância da educação do lar. Mas, por ser brasileiro e amar este Brasil inigualável em todos os aspectos, abordo esta questão para que a maioria dos brasileiros tenha uma formação cívica e profissional à altura dos países desenvolvidos, notadamente neste mundo global. Caso contrário, seremos para sempre um povo subdesenvolvido e subserviente.

 

As transformações e aprendizados começam a partir do nascimento do ser humano. Entra em cena a educação do lar, fornecida por pais conscientes da sua condição de referência para a boa formação estrutural dos filhos. Significa também jamais educá-los com exagerado mimo, o que os transformaria nos chamados “filhinhos de papai”.

 

Mesmo sofrendo uma célere ocidentalização após a 2ª Guerra Mundial, o Japão ainda conserva culturas milenares. Nas escolas, os alunos lavam louça e servem merenda, assim como limpam o chão e lavam as privadas, sem qualquer constrangimento. Já os adultos limpam os espaços púbicos, com sentimento de dever cívico e nunca como uma obrigação. Reconhecem que estes atos alicerçam a formação como cidadãos mais conscientes e responsáveis.

 

(Foto: BBC News Brasil)

No Brasil, as escolas que “obrigam” os alunos a ajudarem na limpeza das salas são denunciadas pelos pais ou responsáveis, enquanto diretores e professores são punidos severamente. Infelizmente, aqui prevalece o entendimento de que os estudantes não podem ser submetidos a qualquer tarefa diferente de estudar. É transferida aos educadores a missão integral de educar crianças e adolescentes, visto que a maior parte dos pais jamais soube a importância da educação do lar na formação cívica, religiosa, social e profissional de seus filhos. 

 

As diferenças culturais são visíveis e o reflexo pôde ser visto na Copa do Mundo (futebol) no Brasil, em 2014, quando a torcida japonesa chamou a atenção por limpar as arquibancadas após os jogos. Isso foi feito sem demonstração de superioridade. Apenas a prática do que os japoneses já fazem nas cidades onde moram, porque aprendem desde pequenos a cuidarem do patrimônio público como se fosse o seu lar. Enquanto isso, merece registro a sujeira deixada pelo público do Sambódromo/RJ, no Carnaval deste ano. Foram 180 toneladas de lixo recolhidas pela Companhia de Limpeza Urbana.

 

Como cidadão brasileiro, de 84 anos de idade, aprendi desde a infância as importantes lições cívicas da educação do lar. Diariamente, realizo tarefas domésticas com gosto, motivação e alegria, agradecendo aos ancestrais pelo aprendizado e a Deus pela saúde. Faço votos de que nossos governantes, lideranças e a sociedade como um todo introduzam no cotidiano as boas culturas de outros países para fazermos jus a esta Pátria maravilhosa que é o nosso Brasil. #BonsHábitos

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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