terça-feira, 25 de março de 2025

Drama do saneamento

 


#PelaUniversalização – “Ganhos com saneamento no Brasil podem superar R$ 816 bilhões” é a notícia, baseada na afirmação de Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil (ITB). É um dado altamente relevante, considerando que 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e mais de 93 milhões (43%) não têm coleta nem tratamento de esgoto. As esperanças surgiram com o lançamento do Marco Legal do Saneamento que, em 2020, estabeleceu metas ambiciosas para a universalização dos serviços até 2033.

 

Luana Pretto afirma que “é crucial compreender os impactos reais da desigualdade e explorar as soluções possíveis”. É preciso considerar “de que maneira a universalização do saneamento básico no País impacta a evolução escolar de crianças e adolescentes e as disparidades de gênero e renda, além de questões como custos na saúde e em outras pastas econômicas”.

 

Diferenças gigantescas fazem parte desse imenso Brasil. Na região norte, apenas 64% da população têm acesso à água potável e 14% à coleta e ao tratamento de esgoto, enquanto na região sul os números são 91,3% e 80,5%, respectivamente. Quanto aos investimentos, a diferença é abismal: R$ 57 por habitante/ano na região norte; e R$ 130 por habitante/ano na região sudeste.

 

A ausência de saneamento básico refletiu-se na internação de 191 mil pessoas em 2023 e em 2 mil mortes, decorrentes de lepstopirose e de outras doenças evitáveis. Os males comprometem o desenvolvimento físico, intelectual e neurológico de muitas crianças. Nos adultos é visível a falta contínua ao trabalho, prejudicando o orçamento familiar. Há de se registrar que a falta de saneamento básico atinge demais a figura feminina, porque costuma caber à mulher os afazeres domésticos e cuidados com os doentes.

 

O Marco Legal do Saneamento estabelece o investimento de R$ 111 bilhões até 2030. Porém, a presidente do ITB calcula a necessidade de, no mínimo, R$ 230 bilhões para que todas as pessoas tenham saneamento básico. Segundo ela, toda a sociedade precisa eleger o saneamento básico como prioridade governamental. No contexto, destaca a importância da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA) entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano. Além da crise climática, o saneamento básico também deverá ser discutido no evento com a amplitude que o tema e a realidade exigem. #DramaDoSaneamento 

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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