#RiscoIminente – “Gigante pela própria natureza – És belo, és forte,
impávido colosso – E o teu futuro espelha essa grandeza” – “Do que a terra,
mais garrida – Teus risonhos, lindos campos têm mais flores – Nossos bosques
têm mais vida – Nossa vida, no teu seio, mais amores”. Essas estrofes do
magistral Hino Nacional refletem a riqueza do Brasil, inigualável em todos os
sentidos. Contudo, 525 anos após seu descobrimento, é alvo de questões
alarmantes, como “Brasil pode ter deserto?” A reportagem mira a caatinga do
nordeste brasileiro como a região mais vulnerável para a degradação ambiental.
Com clima semiárido, está susceptível a um processo de desertificação que pode
sacrificar uma população estimada em 38 milhões de pessoas, além de 42 regiões
habitadas por povos indígenas.
A previsão tem amparo nos dados do cientista, professor universitário,
meteorologista e fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens
de Satélite (Ufal), Humberto Alves Barbosa: “O deserto natural leva milhões de
anos para encontrar um equilíbrio entre biodiversidade e vegetação. Se uma área
semiárida está passando por um processo de desertificação, isso é muito mais
nocivo, porque os solos não passaram por milhões de anos para chegar em uma
característica de deserto. Essa nova área desertificada não teria uma
autodefesa, e espécies invasoras poderiam se apropriar do cenário debilitado do
ecossistema”.
O território brasileiro encontra-se majoritariamente numa região
tropical com diversidade de biomas que lhe fornece a estabilidade da atmosfera
e do solo. Porém, a desertificação pode ser resultado de vários fatores como o
desmatamento, atividade de pecuária e incêndios florestais, que geram o
desequilíbrio entre a atmosfera e o solo. Especialistas também destacam as
mudanças de ordem climática, com o aquecimento global, como causas que aceleram
a desertificação do semiárido brasileiro.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstram a tendência do
aumento de aridez em todo o território nacional (exceto a região sul e parte do
sudeste), com o norte de Minas e nordeste demonstrando aumento de área árida,
semelhante aos desertos, nunca observado nas décadas passadas.
Carlos Madeiro, colunista do Uol, ratifica a célere desertificação do
Brasil, demonstrando que a área seca aumentou 970 hectares em dois anos,
alcançando extensão equivalente ao território da Jamaica, ou duas vezes a área
do Distrito Federal. Lastreia-se no estudo do MapBiomas cuja tendência
observa-se desde 2009. Preocupantemente, o rico Pantanal brasileiro não escapa
da nova realidade. Em 2024, foi o bioma
que mais perdeu água, com a superfície 61% menor que a média histórica da
região.
O Brasil tem 12% da água potável do planeta, mas há uma distribuição
desigual, com 61% da superfície de água na Amazônia. Tem solução? Conforme os
especialistas, o solo pode retomar a fertilidade e o suprimento de água, porém,
é um processo de no mínimo 30 anos, sem integração humana com o território,
executando-se políticas públicas permanentes, sem desvios, com investimentos elevados.
Estima-se que há 207 mil km² de solos em estado severo de degradação na
caatinga.
A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
(COP 30), em novembro próximo, em Belém/PA, será importantíssima. Na ampla
discussão das mudanças climáticas de ordem mundial, os problemas da célere
desertificação serão acentuadamente debatidos. #AmeaçaDoDeserto
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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