(Foto: Divulgação)
#MaravilhaDaCana – No meu tempo de criança e jovem,
morador na zona rural no antigo bairro de Biritiba Ussu (atualmente, distrito),
em Mogi das Cruzes/SP, a bebida mais consumida pelos homens da roça ao fim do
expediente, finais de semana e feriados era a famosa pinga. A maioria se
embebedava até cair e as ausências no trabalho às segundas-feiras eram
constantes, por conta da grande ressaca.
A pinga ou cachaça é uma bebida genuinamente
brasileira, descoberta de forma acidental logo nas primeiras décadas da
história do País. Enfrentou preconceito das elites e a proibição de sua
fabricação. Porém, como legítima representante popular brasileira, resistiu
bravamente às contrariedades, atingindo os paladares mais exigentes e se
popularizou no País, consolidando-se também pelo mundo como o destilado de cana
de açúcar do Brasil.
Branquinha, amansa corno, água santa, aguardente e
cachaça são as muitas denominações da pinga. No passado, foi utilizada como
remédio fortificante e moeda de troca. Também foi símbolo de patriotismo, luta
e resistência, além de incentivar as artes, aguçando a criatividade do povo. É
um produto nacional de muitas histórias, democrático desde suas raízes. Patrimônio
histórico, cultural e imaterial, representa muitas potencialidades a serem
descobertas, como sua utilização na gastronomia, tanto em preparos populares quanto
sofisticados, e a exploração de sua história e dos espaços de produção, assim
como na preservação de suas memórias, atrativos para a prática do turismo
cultural e de outras modalidades.
Em 2016, o Congresso Nacional decretou a cachaça
brasileira como Patrimônio Histórico e Cultural do País. Em 3 de dezembro último,
houve a premiação do 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista, na Secretaria
de Agricultura e Abastecimento paulista. A competição teve como objetivo
valorizar a excelência da bebida produzida no Estado, reconhecendo as melhores
cachaças em três categorias: envelhecida, armazenada e branca. Foram 87 rótulos
premiados, todos com qualidade certificada.
São Paulo é o maior produtor de cachaça do Brasil,
com mais de 400 produtores, representando 45% da produção nacional. Foram premiadas:
Categoria Branca: Cachaça Almeida
Valente de Arthur Nogueira; Categoria Armazenada: Cachaça Santa Capela Carvalho
de Santa Bárbara d’Oeste; e Categoria Envelhecida: Cachaça Taboado de
Votuporanga.
Como tudo se transforma na sociedade, a cachaça, outrora
vítima de preconceito no Brasil, é cada vez mais consumida no mundo inteiro. Independentemente
de ser ou não consumidor, vale prestigiar a bebida genuinamente brasileira! #VivaCachaçaBrasileira
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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