#DiaDaMentira – Anualmente, no dia 1º de abril, o Dia
da Mentira, pessoas do mundo inteiro brincavam umas com as outras, pregando
peças e contando lorotas. Histórias, causos, balelas, invencionices, mentiras
em geral eram celebradas. Contadas nesta data, eram consideradas inofensivas e
perdoadas. Faziam parte da celebração.
A tradição de 1º de abril remonta ao Calendário
Gregoriano que substituiu o Calendário Juliano, por determinação do Concílio de
Trento (Conselho Ecumênico da Igreja Católica). Com a instituição do novo
calendário pelo Papa Gregório XIII, em 1582, parte da população francesa se
revoltou contra a medida e se recusou a adotar o 1º de janeiro como início do
ano. Zombados pelos demais, os resistentes às mudanças eram convidados para
festas inexistentes no dia 1º de abril. Assim, nasceu a tradição de zombaria e
de pregação de peças.
No Brasil, a tradição chegou em 1828, com o
noticiário impresso mineiro “A Mentira”, que trazia na capa de sua 1ªedição, em
1º de abril, a morte de Dom Pedro I. Até empresas entenderam o potencial de
marketing e a oportunidade de engajamento das pegadinhas para aumentar a
visibilidade no mercado e passaram a participar da celebração no século
passado.
A Amazon, a maior loja on-line do mundo, celebra o
Dia da Mentira com brincadeiras que, muitas vezes, confundem os usuários. Em
2015, reverteu sua página principal para a versão de 1999, época em que a
internet ainda era muito rudimentar. Até descobrirem a brincadeira, os usuários
deveriam passar pela experiência de túnel do tempo na navegação do site.
As transformações da sociedade ocasionaram o
distanciamento da população mais jovem das brincadeiras do Dia da Mentira, em
especial com o avanço na utilização das redes sociais. Atualmente, imperam as
Fake News (mentiras modernas), causando gigantescos problemas de ordem mundial.
Setores de Segurança Pública, Judiciário e Imprensa são acionados sem parar para
desmentir as notícias falsas, diante de graves consequências que causam à
população.
Há ainda erros e falhas técnicas, como ocorreu em 14 de fevereiro último,
quando o Google emitiu o falso alerta de um possível terremoto no mar, de
magnitude 5,5 graus na escala Richter, no litoral de Ubatuba/SP. O aviso chegou
para celulares com sistema operacional Android, assustando milhares de pessoas.
A notícia foi posteriormente desmentida pela Defesa Civil e pelo Centro de
Sismologia da USP.
Se outrora as mentiras de 1º de abril eram sadias, hoje
não é assim com as fake news, divulgadas diariamente, demandando pesquisas e
vigilância cada vez maiores da nossa parte. As fake news viraram até armas para
a prática de diversos golpes. E o que dizer da Inteligência Artificial (IA) que
já está sendo utilizada pelos marginais contra os incautos?
Diante disso, nós, da velha guarda, lembramos com
saudade das saudáveis brincadeiras que pregávamos e de que também éramos
fregueses em 1º de abril. E somente neste dia, o da Mentira. #BonsTempos
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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