quinta-feira, 4 de março de 2010

Uma divindade chamada mulher

“Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher”
Gilberto Gil, em “Super-Homem, a Canção”
http://www.youtube.com/watch?v=jFBJ3U2uvN8

Não importa a ditadura do modelo ocidental de beleza. Todas são divas. Cada qual a sua maneira. Com os próprios atributos e peculiaridades. Seja Marilyn Monroe, a musa do sexy appeal; seja Zilda Arns, ícone da devoção ao próximo; sejam Maria, Ana, Helena, a minha amada Elza, todas divinas criaturas. O que quer que foi e venha a ser dito em homenagem à mulher ainda estará muito aquém do que ela merece. A mulher é mãe da vida. É dela o dom de gerar outro ser humano. De confortá-lo e nutri-lo ainda no ventre.

Em que pese meu respeito à igualdade dos sexos, não consigo admitir certas coisas. Por exemplo, a mulher carregando sacolas pesadas enquanto o homem fuma um cigarro. Ou, colocando os sacos de lixo para a coleta enquanto ele vê televisão. A meu ver, homem que maltrata mulher não serve nem para adubar tiririca.

Para mim, macho que é macho abre a porta do carro para a dama entrar, ajeita a cadeira no restaurante – e paga a conta, manda flores, declara seu amor e ajuda nas tarefas domésticas. Ah, sim! Lavar louça não faz cair as mãos de homem nenhum. Também não dói colaborar para manter a casa em ordem. Ninguém precisa largar roupas e sapatos espalhados para ser feliz. Nem jogar a toalha molhada em cima da cama. Muito menos, deixar levantada a bacia do vaso sanitário. Disciplina faz bem e não tem contraindicação.

Verdade seja dita: a mulher concilia tudo com a desenvoltura que nós, os mortais do sexo masculino, jamais teríamos. Amigo, você pode até fingir que não percebe, mas sabe que ela dá conta do recado – trabalha fora, cuida da casa e dos filhos (incluindo, ajudar nas lições), faz compras, bate-papo com as amigas, nos aconselha (felizmente, mesmo quando não queremos) e ainda nos salva no quesito vestuário corrigindo nossos deslizes e dando um jeitinho de sumir com aquela camisa horrorosa que insistimos em usar.


O que falarei agora pode ser doloroso para os companheiros. Se acham que não vão suportar, parem de ler aqui <<.


Com um pouco de empenho, dá para superar a obsessão de zapear canais no controle remoto, principalmente durante os intervalos dos programas prediletos dela. Mais uma coisa: diálogo é a ferramenta número 1 do bom relacionamento. Portanto, parceiro, precisamos, sim, conversar. Não vale fingir que presta atenção ao que ela diz enquanto se mantém vidrado no jogo de futebol transmitido pela TV. Pior: como se nada mais existisse, você dispara um xingamento ao juiz ou grita “Goooooooool”, junto com o Galvão Bueno.


Devo ressaltar que participar da vida doméstica não quer dizer só trocar a lâmpada queimada ou consertar o chuveiro. Significa compartilhar preocupações e batalhar em conjunto na busca de soluções. É preciso conviver mais e melhor.


O que parece banal aos olhos do homem pode ser pecado capital sob a aguçada visão feminina. Sei que é culpa da sensibilidade subdesenvolvida do sexo masculino, mas isto não justifica ignorar o penteado novo dela nem deixar de elogiar a comida que ela levou horas para preparar. Portanto, senhores, tratemos de ser mais cautelosos.


Se você, meu amigo, é destes que não ouve a mulher, antecipo-lhe meus sentimentos de pesar: dará muitas cabeçadas na vida... Atire a primeira pedra aquele que nunca se deu mal numa investida porque contrariou a intuição – afiadíssima, por sinal – de uma mulher. Elas quase sempre também têm razão. Não há motivo para ter vergonha de aprender com elas.


Todas essas considerações não se cingem ao Dia Internacional da Mulher. É uma verdade com provas cotidianas. Até porque, a mulher é especial demais para ser homenageada numa única data. E não torça o nariz, companheiro, alegando que o público masculino ficou desprovido de tal tributo. Inveja anoitece o coração. E, na realidade, o homem recebeu do Criador o maior prêmio já dado a um mortal: a divindade chamada mulher. Resta-nos, senhores, dedicar um bocado de esforço para, um dia, sermos dignos da mais bela obra Dele.
Junji Abe (DEM) é ex-prefeito de Mogi das Cruzes

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