Longe de
mim ser dissipador de notícias negativas, visto que já convivemos com os efeitos
da pandemia. Porém, como amante do princípio de que “é melhor prevenir do que
remediar”, falo da gigantesca estiagem que vem trazendo prejuízos
estratosféricos ao País e nossa população.
Especialistas fazem conexão direta entre
a situação e o desmatamento sem limites na região amazônica, principalmente
nestes dois anos de Ministério do Meio Ambiente sob a irresponsável condução de
Ricardo Salles que, felizmente, se demitiu. Para o bem da Nação, entendo que ele
deva ser punido pelo estímulo dado ao desmatamento e por total omissão na
fiscalização.
Há consequências inimagináveis da
longa estiagem. Represas para abastecimento de água e barragens para usinas
hidrelétricas estão com volumes extremamente reduzidos. Tudo indica que
enfrentaremos racionamento de água e de energia elétrica, principalmente nas
regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste.
O Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) alerta que, se a seca persistir, até novembro próximo, ao menos
8 usinas hidrelétricas da Bacia do Rio Paraná (foto), localizadas nas regiões
Sudeste e Centro-Oeste, poderão estar com suas barragens praticamente vazias.
O resultado previsto é a chamada
“Perda do Controle Hidráulico”, que implicaria restrições ao atendimento
energético nos Sistemas Sul e Sudeste e Centro-Oeste, advindo das hidrelétricas
de Furnas, Itumbiara, São Simão, Nova Ponte, Emborcação, Mascarenhas de Morais,
Marimbondo, Água Vermelha, Jupiá, Ilha Solteira e Porto Primavera, todas na
Bacia do Rio Paraná.
Antevendo a gigantesca crise, o
governo federal, com respaldo do Ministério de Minas e Energia e da Agência
Nacional de Águas e Saneamento (ANA), a qualquer momento, poderá editar uma
Medida Provisória que criará condições para adoção de um racionamento de
energia, a contratação de usina termoelétrica e, eventualmente, a obrigatoriedade
de redução do consumo de energia de empresas e da população. Da mesma forma que
aconteceu em 2001, com o apagão, quando houve redução obrigatória de 20%.
Inclusive, com multas, de 50% a 200%, para os infratores. A cogitada MP poderá
interferir na vazão das águas que movem as usinas hidrelétricas de forma
imediata. E o pior: todos os custos serão pagos pelos consumidores, por meio de
taxas incluídas nas contas de luz.
Vejam a coincidência de notícias altamente
negativas: Covid-19, crises energética e de abastecimento de água, preços
galopantes de gás de cozinha, combustíveis, alimentação, remédios, etc...
impulsionando a inflação e afundando ainda mais a nossa cambaleante economia,
com efeitos imprevisíveis de ordem social.
Não gostaria de repassar notícias tão
negativas mas, entendo que conhecendo a dimensão dos males previstos, desde já,
conscientemente podemos tomar medidas para economizar energia elétrica e água.
No caso desta última, vale implementar o reuso da água dispensada pela máquina de
lavar na descarga do vaso sanitário ou lavagem do quintal, por exemplo. Prevenidos
e melhor preparados, com certeza, atravessaremos este imenso mar revolto para ancorar
num porto seguro. Assim seja! #ConsciênciaEFé
Foto: Giovani Zanardi/RPC
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo