sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Salve comunidade italiana!

 

21 de fevereiro marca o Dia Nacional do Imigrante Italiano, justa homenagem a todos os italianos e seus descendentes. Apesar do atraso, manifesto uma profunda gratidão por tudo que fizeram e fazem em prol do nosso País.

 

A maioria dos descendentes de imigrantes conhece a história e a saga dos seus ancestrais. Sinteticamente, registro que o Brasil é o maior país com raízes italianas em todo o mundo. A relevância da comunidade italiana na Nação levou o Congresso Nacional e o Governo Federal, por meio da Lei Federal nº 11.687, de 02/06/2008, a instituírem a data de 21 de fevereiro como o Dia Nacional do Imigrante Italiano, em homenagem à expedição de Pietro Tabacchi ao estado do Espírito Santo, em 1874, como o marco da imigração italiana no Brasil. 

 


Como a maioria das imigrações, a italiana ocorreu em função da grande recessão socioeconômica do país ibero e a necessidade do Brasil por mão de obra. Assim, as regiões sul e sudeste, notadamente Rio Grande do Sul e São Paulo, receberam os italianos para trabalharem nas plantações de uva e nas grandes fazendas de café, em substituição à mão de obra escrava.

 

Apesar da Lei Áurea, aprovada em 13 de maio de 1888, que aboliu a escravatura no Brasil, os italianos imigrantes enfrentaram um regime de semi-escravidão, imposto por grandes fazendeiros de café e de outras atividades rurais. Esta foi uma das razões da migração para centros urbanos, após anos sob esse injusto regime.

 

Ao lado de brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas fábricas que se multiplicavam no Brasil. Porém, com salários baixíssimos, viviam amontoados em cortiços. Na cidade de São Paulo, esses cortiços deram origem a bairros como o Brás, Mooca e Bexiga (carinhosamente, Bixiga), ainda hoje ligados ao passado operário italiano.

 

Posteriormente, transformaram-se em pequenos artesões, minicomerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurantes e assim por diante. Também surgiram pessoas com visão empresarial que deixaram notáveis exemplos, como Francesco Matarazzo, criador do maior complexo industrial do País e da América Latina, no início do século XX, e o fenomenal Rodolfo Crespi. Como efeito desse crescimento, a comunidade italiana passou a compor a elite paulista.

 

Em todos os quadrantes do desenvolvimento do Brasil, os traços das raízes italianas foram extraordinariamente importantes. Na religião católica, na cultura, na moda, na culinária e no esporte, entre inúmeras referências. Panetone, pizza, espaguete, polenta, queijo, vinho e a gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras (antigo Palestra Itália). Ah! E a novela Terra Nostra? Todas as noites, arrastava milhões de telespectadores. Os historiadores afirmam que os italianos falam com as mãos, por causa dos trejeitos corporais e por serem muito extrovertidos. Mamma mia! (minha mãe!), usada em momento de espanto, como falamos, ah, meu Deus!, buongiorno (bom dia), buonanotte (boa noite), per favore (por favor), grazie (obrigado) e ciao (oi ou tchau) são expressões incorporadas ao nosso cotidiano, tamanha a carinhosa cumplicidade. São marcas da total integração à sociedade brasileira.

 

As raízes italianas foram e são imprescindíveis ao nosso Brasil, fazendo parte da nossa existência. Irmanados com todos os brasileiros, rendemos as sinceras homenagens à comunidade italiana com o sentimento de profunda gratidão por tudo que ela representa ao País e às nossas vidas. #GrazieMille

 

Foto: Guilherme Gaensly/Fundação Patrimônio da Energia de São Paulo/Memorial do Imigrante

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Não ao sexismo

Sempre houve parcela da população com posturas extremistas. Infelizmente, isso perdurará, apesar de a maioria dos países registrar gradual redução. Em nações que prezam a democracia, o ímpeto dos radicais tem índices infinitamente menores, se comparado com aquelas de regime ditatorial.

 

Brasileiros que prezam a diversidade, tolerância e respeito às diferenças, como é o meu caso, ficam tristes diante de atitudes e declarações de compatriotas que agridem gratuitamente quem é diferente. Respeito, mas discordo. Absorvo essas posturas de gente de todas as nacionalidades. Mas, sinto um golpe maior quando vêm do Japão, país dos meus queridos ancestrais. E pior, se vêm de uma autoridade japonesa, a tristeza se junta à repulsa e indignação.

 

Em 3 de fevereiro, a imprensa internacional registrou um fato que gerou revolta mundial. Yoshiro Mori (83), então presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e que já foi primeiro-ministro do Japão (2000-2001), fez uma declaração carregada de sexismo (sinônimo de machismo, misoginia, androcentrismo e ginofobia, entre outros).

 

O pronunciamento ocorreu em reunião do Comitê Olímpico Japonês, onde foi anunciada a intenção de ter um conselho de administração integrado por 40% de mulheres, aumentando em 20% a presença feminina. Yoshiro Mori se mostrou contrário à proposta, afirmando que as mulheres falam demais e, por isso, em setores executivos de empresas, irritam por alongar demais as reuniões.

 

A indignação generalizada atingiu o atual premiê japonês, Toshihide Suga. Ele foi alvo de intensas vaias da oposição no Parlamento, ao declarar que não estava a par dos detalhes do caso para comentar, tentando isentar-se de culpa. Fez o inverso da ministra dos Jogos, Seiko Hashimoto, que apontou a igualdade entre homens e mulheres como princípio no coração do olimpismo.

 

Apesar do pedido formal de desculpas, as reações de repulsa a Mori ecoaram mundo afora. Esportistas protestaram nas redes sociais contra a desastrada fala da autoridade nipônica.


Alguns japoneses mais exaltados rememoraram que, nos tempos de samurai, em que o machismo era latente no Japão, ações muito menores levavam esses guerreiros ao chamado harikiri ou seppuku (suicídio), em nome da honra ou desonra. Com justiça, clamaram pela renúncia imediata de Yoshio Mori do cargo. Porém, o denunciado estava irredutível. Com a gigantesca pressão, finalmente, no dia 12 último, ele renunciou, durante reunião do Conselho Executivo de Tóquio 2020, convocada para discutir seus lamentáveis comentários machistas.

 

Em 17 de fevereiro, Seiko Hashimoto (56) assumiu, em decisão unânime, a presidência do Comitê Organizador Olímpico de Tóquio 2020. Ela é ex-atleta olímpica, ex-ministra do Gabinete Japonês de Jogos Olímpicos e ex-ministra de Igualdade de Gêneros.

 


Fico muito feliz! Desde criança, aprendi que a igualdade entre homens e mulheres deve prevalecer em todos os sentidos. Logo que assumi a 1ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, em 2001, por meio da Secretaria Municipal de Educação, sediamos o Fórum Nacional da Diversidade. Foi um sucesso estrondoso, que extrapolou os limites da Cidade, ecoando por todo o País!

 

Em recente artigo, destaquei a importância da paridade de gêneros: http://junjiabe.com.br/artigo.php?q=423. Já diziam meus avós e pais, nada de homem na frente ou mulher na frente; precisam caminhar lado a lado. Ficou a lição deles, imigrantes vitoriosos que superaram obstáculos por priorizar a harmonia permanente entre os casais. É o princípio que defenderei intransigentemente na luta por uma sociedade mais igualitária e harmônica, onde reinem a paz, o amor e felicidade!

 

Foto: Charly Triballeau / AFP Photo

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Prosa sobre Carnaval

 

A pandemia de Covid-19 limou o Carnaval, a maior festa cultural deste Brasil miscigenado. Mesmo quem, habitualmente, fica distante da Folia de Momo, preferindo o lazer ou o descanso, pode ter ficado tristonho com o cancelamento do ponto facultativo.

 

A origem do Carnaval está na Antiguidade, com a festa aos deuses, ocasião em que se invertia a ordem social, proporcionando aos escravos e servos assumirem os lugares dos senhores, enquanto a população aproveitava para se divertir. O Brasil é conhecido mundialmente como o País do Carnaval.

 

A evolução do Carnaval brasileiro foi gradual. Porém, acelerou-se diante da possibilidade de agregar valores, como fontes de renda e tributos. Em nome do turismo, o poder público assumiu grande parte das responsabilidades, profissionalizando o Carnaval.

 

Para os descendentes de japoneses da velha guarda, bastante discretos e tímidos, o Carnaval foi, inclusive, um instrumento de integração racial e social. Na década de 1960, como integrante do departamento de jovens de associações nipo-brasileiras, tive o privilégio de participar anualmente de carnavais de salão, como os inesquecíveis na sede da Associação dos Agricultores de Cocuera, em Mogi das Cruzes.

 


Aprendizado, gosto e respeito à maior festa cultural do Brasil foram os sentimentos que me levaram a realizar o carnaval de rua em 2001, como prefeito mogiano, na Av. Vol. Fernando Pinheiro Franco (Avenida dos Bancos). O acontecimento teve sucesso incomum e aprovação do povo mogiano. Até então, a festança cultural nas ruas não tinha a efetiva parceria da administração municipal com a Associação Mogiana de Escolas de Samba e Blocos (Amesb).

 

Transferimos o carnaval de rua para a Av. Prof. Ismael Alves dos Santos, muito mais segura e adequada, no bairro do Mogilar. Como resultado do desejo de proporcionar ao povo mogiano um local realmente decente para o carnaval de rua, na 2ª gestão como prefeito (2005-2008), projetamos e construímos, na várzea alagada e abandonada do Mogilar, uma via pública com dimensão apropriada para que a Cidade pudesse realizar não só o Carnaval, mas todos os eventos socioculturais de rua. A via ganhou o nome de Avenida Cívica.

 

Agradeço o povo mogiano pela enorme contribuição na perpetuação do carnaval de Mogi que, diga-se de passagem, é o melhor do Alto Tietê. Estendo a gratidão à diretoria da Amesb e a todos os integrantes das fabulosas agremiações carnavalescas. Em especial, dos anos de 2001 a 2008, durante nossas gestões, que proporcionaram diversas atividades socioculturais e de geração de renda às suas comunidades, como contrapartida à ajuda financeira da Prefeitura.

 

Em 2008, no Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a Amesb e entidades associadas fizeram uma homenagem escolhendo, sem eleição, um Rei Momo descendente de japoneses que, por sinal, era magro, contrastando como os tradicionais reis fofões. Na ocasião, a Estação Primeira de Brás Cubas desenvolveu, na Avenida Cívica, o enredo intitulado Doomo Arigatô (Muito Obrigado, em tradução literal). Foi uma emoção indescritível!

 

Com certeza, após a superação da pandemia, em 2022, haveremos de vivenciar as festas de Momo, visto que o Carnaval é imortal e imprescindível por se tratar do maior e mais importante evento cultural do Brasil, nossa terra abençoada por Deus, habitada pelo povo multirracial e multicultural. #VivaCultura 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Força, Repórter!

 #DiaDoRepórter – Duas valiosas citações sintetizam a importância do profissional celebrado hoje, 16 de fevereiro. “O repórter é o profissional caçador de notícias, faça sol, faça chuva, que nos informa a cada dia de todos os fatos ocorridos no mundo”. “Repórter é, hoje, uma das profissões mais vitais para o bom andamento do dia a dia. Com a quantidade de informações que recebemos, muitas vezes, não conseguimos filtrar o que é verdadeiro ou não. Essa é a função do repórter, apurar e ter certeza de que tudo é verdadeiro”.

 

Neste mundo moderno de comunicação, com as redes sociais proporcionando, em tempo real, oportunidades infinitas de fake news, cada vez mais necessitamos de repórteres íntegros, que fazem jornalismo sério e alicerçam a Imprensa em todos os meios de comunicação.

 

O repórter produz conteúdos apurados com qualidade profissional, na acepção da palavra. Com cobertura de pautas e notícias, baseada na profunda investigação dos fatos, e em entrevistas, elabora material elucidativo e imparcial, capaz de sustentar o leitor e a sociedade.

 

Após o notável alemão Johannes Gutenberg revolucionar a imprensa e propiciar o uso de máquinas para impressão dos jornais, surgiu a figura do repórter. No Brasil, os primeiros jornais de caráter noticioso apareceram no final do século XIX – O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil. No início do século XX, passaram a dedicar espaço para grandes reportagens, calcadas no aprofundamento investigativo da informação, a partir da pesquisa, contextualização, abordagem multiangular e narrativa diferenciada.



O imortal escritor, professor e jornalista Euclides da Cunha (1866-1909) é considerado o primeiro repórter do Brasil, devido à cobertura da Guerra dos Canudos para O Estado de São Paulo, em 1896. Mais tarde, a obra se tornaria um dos mais notáveis clássicos da literatura brasileira – Os Sertões –, que retrata a Guerra dos Canudos.


Hoje, comemorando o Dia do Repórter, homenageamos todos esses profissionais da comunicação! Com esforços conjuntos, esperamos que sejam revertidos os tristes dados estatísticos da organização Repórteres sem Fronteiras, que aponta o Brasil como o país com o maior número de jornalistas mortos nas Américas por conviverem com a censura e perseguição política, militar, policial e de criminosos. São fatos que enaltecem ainda mais a figura do repórter que, diversas vezes, se arrisca para levar a informação até a sociedade. #ForçaRepórter

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Socorro à pesquisa

 


Extremamente preocupante o corte de benefícios fiscais para pesquisa científica! O fato gerado pelo governo federal, por meio do Ministério da Economia, desencadeou apreensão de autoridades do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atinge em cheio o Instituto Butantan e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), dentre outros. São instituições centenárias que atuam a serviço da saúde pública brasileira: Butantan, fundado em 23/02/1901 (120 anos de existência), e Fiocruz, fundada em 25/05/1900 (121 anos). A medida extremamente negativa chega no pior momento, durante a pandemia de Covid-19. (significado da pesquisa científica: https://www.significados.com.br/pesquisa-cientifica)

 

O governo federal cortou 68,9% da cota de importação de equipamentos e insumos destinados à pesquisa científica. Segundo o CNPq, é uma medida sem precedentes na última década. 

 

A cota de importação é um valor total de produtos comprados de outros países, destinados à pesquisa científica, que fica isenta de impostos de importação. É garantida por duas leis federais de 1990, com definição anual de responsabilidade do Ministério da Economia.

 

Em 2010, o valor da cota foi de US$ 600 milhões. Em 2014, de US$ 700 milhões. Lamentavelmente, em 2017, 2018, 2019 e 2020, caiu para US$ 300 milhões (correspondentes a R$ 1,6 bilhão, em valores de hoje). Pior, para 2021, serão apenas US$ 93,29 milhões (ou R$ 499,6 milhões).

 

“Caso seja mantido o valor definido, teremos uma profunda redução em relação aos últimos exercícios, o que implica refrear a capacidade de importação de bens e insumos destinados à pesquisa científica, tecnológica e de inovação brasileira. Incluindo as pesquisas na área de saúde, em quase 70%”, afirmou Evaldo Ferreira Vilela, presidente do CNPq, defendendo a “necessidade urgente de recomposição dos valores”. Afinal, Butantan, Fiocruz e as universidades federais, na retaguarda, são responsáveis pelo desenvolvimento de vacinas contra Covid-19. “Em cenário conservador que considere a manutenção do investimento mensal de 12 meses, em 2021, teremos uma demanda total de US$ 108 milhões somente para o combate à Covid-19. Assim, o valor estipulado para 2021 não supriria nem os projetos dedicados ao combate à pandemia”, alertou.

 

A volúpia no corte de gastos pelo governo federal é tão cristalina que até a importação de seringas da China já sofreu sobretaxa, junto com a elevação da tarifa de importação de cilindros usados na armazenagem de oxigênio medicinal. Somente houve recuo da medida, diante de protestos gerais da área científica.

 

Não bastassem os acontecimentos sobre as enormes dificuldades que temos na importação de vacinas contra a Covid-19, em razão da grande demanda mundial, associada à falta de vontade explicita do governo federal, as instituições de pesquisa científica voltadas à saúde pública, estão extremamente debilitadas e ficarão pior com o corte de incentivo fiscal na importação de equipamentos e insumos.

 

Vamos oxigenar o ambiente governamental para que a sensibilidade, sensatez, determinação e fé sejam sentimentos reais na concretização de medidas prioritárias para a saúde pública e consolidem esperanças no povo brasileiro para superação da pandemia e recuperação da nossa danificada economia. 

 

Jamais podemos desprezar os institutos de pesquisa, qualquer que seja o setor. São fontes de desenvolvimento de qualquer nação para melhorar a vida de seu povo. Haja vista a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fundada em 26 de abril de 1973 que, no decorrer dos anos, por meio da pesquisa, tornou realidade o domínio do cerrado brasileiro, convertendo-o fértil e transformando-o em região mais produtiva do mundo em cereais e frutas. Amparados no trabalho científico da Embrapa, os produtores fazem a economia brasileira se sustentar em meio à multicrise! #SalveAPesquisa

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Oitentão em ação

 

Se quem tem atividades diárias normais e grande convívio social já sofre com ansiedade, tensão, tristeza e pensamentos negativos por causa da determinação de isolamento social, imagine a situação dos idosos que veem subtraído até o contato regular com os familiares. O ócio, apesar de não ser doença, torna-se um mal incontrolável em função do estado psicológico da pessoa.

 

Aos idosos que não têm mais capacidade de desenvolver determinadas tarefas e apresentam redução ou ausência de mobilidade, inviabilizando atividades laborais, físicas e sociais, a ociosidade pode ser mortal. Afeta suas vidas de diversas formas.  Aumenta a ansiedade, tristeza, preocupação, sentimento de inutilidade, de vítima, de depressão e outras reações que, com certeza, ocasionam até doenças incuráveis.

 

Enquanto criança e jovem, em razão de uma formação familiar denominada pelos japoneses de “educação do lar”, cresci turbinado para não curtir o ócio prolongado. Sempre vivi intensas atividades relacionadas ao lar, família, trabalho, sociedade e esportes, entre tantas ações. Mas, claro, intercaladas com o lazer, hobbies como pescaria, contemplação, reflexão e algo mais porque ninguém é de ferro.

 

Agradeço a Deus pelos meus 80 anos de muito vigor físico, apesar de dores musculares esporádicas! Sinto-me privilegiado com excelente saúde mental, física, emocional e psicológica. Como preito de gratidão, nunca penduro as chuteiras para não me sentir inútil ou enferrujado. Parafraseando o imortal escritor e poeta português Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Esforço-me permanentemente para ocupar a mente.   


Todo dia, reservo 1 hora para exercícios físicos, movimentando desde a cabeça até os pés. Uma maravilha!

 

Se não bastasse, quase sempre, faço jardinagem. Cuido das flores, plantas e capino o jardim. Pela ausência de faxineira, em razão da pandemia, assumi a faxina semanal de alguns cômodos da casa. Invariavelmente, três vezes ao dia, lavo uma parte das louças, mesmo recebendo algumas broncas da minha amada Elza... E, lógico, reservo umas duas horas, intercaladas ao longo do dia, para o meu inseparável notebook. Afinal, vivemos num mundo globalizado!

 


Espero que a fórmula que tenho de trabalho, relaxamento, descanso e lazer ajude outros a chutarem o ócio permanente. São atividades físicas, mentais e até tarefas domésticas que podem animar aqueles que, eventualmente, estejam sofrendo com a demasiada ociosidade.  

 

Compartilho minhas modestas atividades caseiras como estímulo até que, com a imunização pelas salvadoras vacinas, eu possa acrescentar outras ações, principalmente de cunho profissional. Acredito piamente que “mente vazia é oficina do diabo”. #NãoAoÓcio

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Guerreiras ao extremo

 

Seria redundante exaltar a transcendental importância da mulher no contexto familiar e na sociedade como um todo. Sou o que sou, graças à educação, exemplos e orientações que recebi das avós paterna e materna e da minha querida e saudosa mamãe. Não é privilégio meu, mas de todos. Mesmo assim, as personalidades masculinas ganham colossal destaque na história do Brasil em relação às femininas. Isso ocorre apesar de a projeção do censo demográfico (2019) indicar que as mulheres representam 51,8% da população, enquanto os homens, 48,2%. A disparidade fica ainda mais evidente nos resultados das eleições municipais de 2020. Do total de 5.570 municípios brasileiros, 11,8% elegeram prefeitas – apenas 657, ante 4.913 prefeitos.

 

Vejo isso como um enorme prejuízo. É notório o desempenho das mulheres no comando dos poderes públicos. Em prefeituras governadas por mulheres, é comum constatar a evolução social da comunidade, com redução da desigualdade, a partir de políticas públicas focadas nas classes menos favorecidas, dentre uma série de ações mais sensíveis.

 

No cenário mundial, houve e há demonstrações inequívocas de competência, sensibilidade, dedicação e lealdade aos princípios éticos e morais, vindas de ilustres personalidades, como as primeiras-ministras Indira Gandhi (Índia,  1966/1977-1980/1984), Golda Meir (Israel, 1969/1974), Margaret Thatcher (Inglaterra, 1979/1990) e Angela Merkel (Alemanha, desde 2005).

 

No panorama nacional, destaco a decisão da prefeita de Juiz de Fora (MG), Margarida Salomão (PT), que escolheu mulheres para comandar metade das 20 secretarias municipais. Foi uma legítima conquista de paridade, pouco vista na política brasileira. Creio que a medida reflita lutas históricas dos movimentos feministas por representação política.

 

Sociólogos e cientistas políticos defendem que a paridade de gênero nos cargos públicos de primeiro escalão do poder executivo deveria ser um padrão constitucional e não algo extraordinário.

 

Em estudo realizado em 2019 pela ONU Mulheres e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Brasil ficou entre os piores países latino-americanos no que diz respeito aos direitos políticos das mulheres e à paridade de gênero na política. Ficamos vergonhosamente em 9º lugar entre 11 países.  

 

A adoção, por força de lei, da paridade de gênero na política, em todos os níveis, embasa-se em justificativas irremovíveis. Trata-se de um princípio fundamental para a democracia garantir que as mulheres ocupem espaços e poder de decisão. Basta verificar que elas correspondem a 70% dos usuários da atenção básica do SUS, segundo Pesquisa Nacional de Saúde (2019).  Na área educacional, as mulheres envolvidas na política apresentam maior sensibilidade para apresentar soluções, visto ainda serem as principais responsáveis pelo cuidado com os filhos. Em relação à violência doméstica, da qual são as principais vítimas, destacam-se com a indicação de alternativas positivas. Aumentar a participação das mulheres na política é combater o estereótipo de gênero, considerando que a ausência ou presença mínima de figuras femininas com poder de decisão reforça a regra machista de que “política não é lugar de mulher”.

 

Evidencio a paridade de gênero nas secretarias municipais para impulsionar a participação das mulheres na política. De um lado, é um meio de elas ganharem visibilidade para eventuais candidaturas às eleições, se assim desejarem. De outro, incentiva mais mulheres a se engajarem na política partidária para futuras disputas eleitorais.

 


Conclamo a sociedade civil para se organizar no sentido de garantir formação, qualificação e investimentos nas candidaturas de mulheres para que possam enfrentar as eleições, aperfeiçoando e ampliando os mecanismos legais já existentes, apesar de tímidos: cotas de 30% de vagas que o partido político deve garantir às mulheres, como também 5% dos recursos financeiros e reserva de 30% do Fundo Partidário. Acredito piamente que vamos avançar e melhorar a paridade de gênero na política, porque, acima de tudo, as mulheres são guerreiras ao extremo!

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Pela democracia

 

Em meio a inenarrável importância da posse do presidente americano Joe Biden e da sua carismática vice Kamala Harris, povoada de celebridades mundiais e compromissos marcantes, um fato em particular comoveu o planeta: a presença da jovem escritora Amanda Gorman, de 22 anos, que declamou seu poema The Hill We Climb (A colina que escalamos, em tradução literal).

 


Foi a mais jovem escritora a recitar um poema de sua autoria, durante uma cerimônia de posse presidencial, conforme informações da imprensa americana, amplificadas nos noticiários do mundo inteiro.


Amanda Gorman, com certeza, é uma jovem privilegiada por Deus. Tem talento, vocação, competência, simpatia e humildade, dons divinos que lhe proporcionaram o tema certo em momento exato para empolgar os povos do mundo inteiro.

No evento da posse, os versos de sua autoria foram integralmente oportunos para retratar o momento por que passam a nação americana e sua população.  Ela exaltou a eleição da vice-presidente Kamala Harris, a 1ª mulher negra a assumir o cargo, sem esquecer de relatar o triste episódio do dia 6 de janeiro, quando, impulsionados pela fala do ex-presidente Donald Trump, extremistas invadiram o Capitólio, símbolo da fortaleza democrática dos USA.


Ao final da sua inesquecível apresentação, Amanda Gorman foi aplaudida com emoção, em pé, demoradamente. Houve o casamento perfeito da sua extraordinária obra com a força declamatória e o sentimento interpretativo. 

“Embora a democracia possa ser periodicamente adiada, ela nunca pode ser derrotada para sempre.

Nós, os sucessores de um país e um tempo em que uma menina magrinha, descendente de escravos e criada por mãe solteira, pode sonhar em virar presidente, para se ver declamando para um.

Lutamos para forjar uma união com propósito, compor um país dedicado a todas as culturas, cores, personagens e condições humanas.

Vimos uma força que quebraria a nação em vez de compartilhá-la, destruiria o país para atrasar a democracia, e esse esforço quase teve sucesso.

Mas, se a democracia pode ser periodicamente atrasada, não pode nunca ser permanentemente vencida.

Quando o dia chegar sairemos da escuridão e das chamas sem medo. E quando a nova alvorada desabrochar, por nós libertada, sempre haverá luz, se tivermos a coragem de ver, se tivermos a coragem de ser.”

São alguns trechos do poema de Amanda. Vejam a íntegra aqui:  
https://forbes.com.br/forbes-mulher/2021/01/poema-inaugural-de-amanda-gorman-foi-inspirado-nos-motins-do-capitolio/

Sim, vale a pena defendermos e lutarmos pela democracia. Sejamos mais convictos desse fato com a inspiração trazida pela jovem escritora americana Amanda Gorman! #Gratidão

Crédito da foto: Patrick Semansky/REUTERS

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo