21 de fevereiro marca o Dia Nacional do Imigrante Italiano, justa homenagem a
todos os italianos e seus descendentes. Apesar do atraso, manifesto uma
profunda gratidão por tudo que fizeram e fazem em prol do nosso País.
A maioria dos
descendentes de imigrantes conhece a história e a saga dos seus ancestrais. Sinteticamente,
registro que o Brasil é o maior país com raízes italianas em todo o mundo. A
relevância da comunidade italiana na Nação levou o Congresso Nacional e o
Governo Federal, por meio da Lei Federal nº 11.687, de 02/06/2008, a instituírem
a data de 21 de fevereiro como o Dia Nacional do Imigrante Italiano, em
homenagem à expedição de Pietro Tabacchi ao estado do Espírito Santo, em 1874,
como o marco da imigração italiana no Brasil.
Como a maioria das
imigrações, a italiana ocorreu em função da grande recessão socioeconômica do
país ibero e a necessidade do Brasil por mão de obra. Assim, as regiões sul e
sudeste, notadamente Rio Grande do Sul e São Paulo, receberam os italianos para
trabalharem nas plantações de uva e nas grandes fazendas de café, em
substituição à mão de obra escrava.
Apesar da Lei
Áurea, aprovada em 13 de maio de 1888, que aboliu a escravatura no Brasil, os
italianos imigrantes enfrentaram um regime de semi-escravidão, imposto por
grandes fazendeiros de café e de outras atividades rurais. Esta foi uma das
razões da migração para centros urbanos, após anos sob esse injusto regime.
Ao lado de
brasileiros e de outros imigrantes, os italianos trabalharam ativamente nas
fábricas que se multiplicavam no Brasil. Porém, com salários baixíssimos,
viviam amontoados em cortiços. Na cidade de São Paulo, esses cortiços deram
origem a bairros como o Brás, Mooca e Bexiga (carinhosamente, Bixiga), ainda
hoje ligados ao passado operário italiano.
Posteriormente,
transformaram-se em pequenos artesões, minicomerciantes, motoristas de ônibus e
táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons de restaurantes e
assim por diante. Também surgiram pessoas com visão empresarial que deixaram
notáveis exemplos, como Francesco Matarazzo, criador do maior complexo
industrial do País e da América Latina, no início do século XX, e o fenomenal Rodolfo
Crespi. Como efeito desse crescimento, a comunidade italiana passou a compor a
elite paulista.
Em todos os
quadrantes do desenvolvimento do Brasil, os traços das raízes italianas foram
extraordinariamente importantes. Na religião católica, na cultura, na moda, na
culinária e no esporte, entre inúmeras referências. Panetone, pizza, espaguete,
polenta, queijo, vinho e a gloriosa Sociedade Esportiva Palmeiras (antigo
Palestra Itália). Ah! E a novela Terra Nostra? Todas as noites, arrastava
milhões de telespectadores. Os historiadores afirmam que os italianos falam com
as mãos, por causa dos trejeitos corporais e por serem muito extrovertidos. Mamma
mia! (minha mãe!), usada em momento de espanto, como falamos, ah, meu Deus!,
buongiorno (bom dia), buonanotte (boa noite), per favore (por favor), grazie (obrigado)
e ciao (oi ou tchau) são expressões incorporadas ao nosso cotidiano, tamanha a carinhosa
cumplicidade. São marcas da total integração à sociedade brasileira.
As raízes
italianas foram e são imprescindíveis ao nosso Brasil, fazendo parte da nossa
existência. Irmanados com todos os brasileiros, rendemos as sinceras homenagens
à comunidade italiana com o sentimento de profunda gratidão por tudo que ela
representa ao País e às nossas vidas. #GrazieMille
Foto: Guilherme
Gaensly/Fundação Patrimônio da Energia de São Paulo/Memorial do Imigrante
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo