sexta-feira, 26 de junho de 2020

O amor não tem raça


De um lado, a quarentena traz ansiedade, vulnerabilidade e ociosidade. De outro, nos proporciona uma rica oportunidade de valorizar a paciência, a tranquilidade, a reflexão e a espiritualidade, entre outras práticas um pouco esquecidas ou fora de moda. O isolamento nos propicia navegar no mundo digital, garimpar e encontrar motivos que reforçam nossas lutas em prol do respeito à diversidade e tantas outras valorosas bandeiras. É vital reconhecer, respeitar e amar os diferentes e as diferenças!

Ouso-lhes pedir que dediquem 2’30” vendo este vídeo do @w.k.lovelybird. Vão gastar um pouco de tempo para ganhar a eternidade!

É também uma indispensável chance aos governantes, políticos, gestores públicos e lideranças de aguçarem sua sensibilidade para cuidarem de todos igualitariamente. Com justiça, paz e amor no coração!

Forte abraço e que Deus os abençoe!



Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


terça-feira, 23 de junho de 2020

Dia do Esporte

Sou amante dos esportes – especialmente, do futebol –, não só pelas paixões que despertam, mas porque fazem um bem danado à saúde física e mental.  Mais que isso. O esporte é um instrumento poderosíssimo na formação basilar do ser humano em todos os sentidos. Unido à educação, conduz crianças e jovens à incorporação dos conceitos de caráter, honestidade, responsabilidade, disciplina, trabalho, solidariedade, espiritualidade e amor, entre outros princípios. Em resumo, transforma seus adeptos em cidadãos aptos a servir à família, à sociedade e à Pátria.

Numa visão abrangente, o esporte combate os males do mundo, como desigualdade social, intolerância racial e preconceitos de toda ordem, ajudando a disseminar a paz entre as pessoas, povos e países.

Em 2000, durante a elaboração do nosso inédito PGP – Plano de Governo Participativo, ouvimos moradores de bairros de Mogi das Cruzes para apurar anseios e debater soluções. Na condição de prefeito, transformamos o PGP em bússola das nossas duas gestões municipais, entre 2001 e 2008.

Cumprindo o PGP, implantamos secretarias inexistentes para atender áreas desprovidas de cuidados e modernizamos a máquina administrativa, além de adotar a filosofia de governo descentralizado, integrado e participativo. Como desejava a população, o esporte recebeu especial cuidado. Tanto que foi alvo de iniciativas pioneiras e muito bem-sucedidas, como o Programa de Sanção Premial, que permitiu a clubes e associações, com impagáveis dívidas fiscais (IPTU e ISS), zerarem seus débitos em troca da cessão gratuita dos seus espaços físicos  para práticas esportivas de alunos da rede municipal.  Esta ação garantiu às crianças acesso a diversas modalidades esportivas e lazer.  De quebra, demonstrou a atuação conjugada entre os diferentes órgãos municipais:  secretarias de finanças, administração, assuntos jurídicos, educação, esportes e comunicação social.

A Secretaria Municipal de Esportes e Lazer seguiu a premissa que norteu sua criação. Revolucionamos o setor, com a reforma de todos os equipamentos esportivos e programas para otimizar sua utilização na semana inteira. Detectamos áreas ociosas da periferia para implantar quadras esportivas, minicampos ou espaços de lazer, além de ajudar associações comunitárias na recuperação e manutenção de campos de futebol. Em parceria com a iniciativa privada, implementamos o Projeto Esporte Mogi para contemplar pessoas de todas as idades, principalmente de famílias de baixa renda nos bairros periféricos, com a prática de esportes de sua preferência. Para a Terceira Idade, criamos o aclamado Pró-Hiper, espaço para modalidades esportivas adequadas às pessoas com mais de 60 anos, conjugado com música, dança e piscina aquecida para exercícios físicos e jogos aquáticos, entre outros atrativos. A prioridade que demos ao esporte amador foi fundamental para Mogi das Cruzes conquistar posições jamais alcançadas, até então, no ranking de competições, como os Jogos Regionais. 

Fazemos essas considerações com profunda humildade, sem ufanismo ou autopromoção. O êxito desfrutado pelo esporte e lazer em nossas gestões reflete a maciça participação de todos os funcionários municipais, independente de cargos, da iniciativa privada, de lideranças comunitárias e da população mogiana que escreveu nosso PGP.

Invoco a imagem dos cinco anéis coloridos e entrelaçados, que compõem o símbolo das Olimpíadas, para rememorar seu significado: a união dos continentes e seus povos em prol do esporte. Respeitando as diferenças e convivendo em plena harmonia. Viva o esporte e tudo que ele representa!



Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Arigatô, banza!

18 de junho de 1908, chegada histórica dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil. Sou um privilegiado filho e neto de imigrantes – Izumi e Fumica Abe (pais); Tokuji e Makie Abe (avós) – que aqui chegaram em 1928, com uma mão na frente e outra atrás, mas com imenso sonho de ter sucesso neste Brasil maravilhoso. Nasci em dezembro de 1940, no antigo bairro de Biritiba Ussu, atual Distrito de Mogi das Cruzes/SP, e pertenço à terceira geração de agricultores da família Abe.   

Graças ao importante legado familiar em áreas como educação,  trabalho e formação com responsabilidade e comprometimento, modéstia à parte, sinto-me um cidadão brasileiro à altura do que o País merece.

Hoje, mais uma vez, reforço o profundo sentimento de respeito, reconhecimento, admiração e gratidão à gloriosa história dos imigrantes. Aliás, de todos: italianos, espanhóis, alemães, árabes, chineses e japoneses, entre outros, que prestaram incontáveis serviços em prol do desenvolvimento desta Nação. 

Remonto ao ano de 2008, quando íamos comemorar o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Toda a comunidade nipo-brasileira, já em anos anteriores, vinha trabalhando com amor e dedicação para marcar a celebração com algo especialíssimo.

Em 2007, nossa 2ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, com a emocionante contribuição da iniciativa privada e apoio dos abnegados funcionários da Prefeitura, começamos a planejar um símbolo que pudesse perpetuar o fato histórico. Assim, nasceu o Parque Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, inaugurado em 28 de junho de 2008. 

Construído no Distrito de César de Souza, o Parque Centenário foi eleito pela população uma das sete maravilhas da Cidade. Agasalha conceitos e significados importantíssimo. Começa pela recuperação e preservação ambiental. A área de 215 mil m² era uma várzea de degradação pela exploração mineral ao longo de décadas. Tornou-se atração turística de primeira grandeza para encantar os visitantes.

Espelha a união integral dos setores público e privado que devotaram tempo e dinheiro à construção do espaço e têm seus nomes eternizados em memorial. O aspecto social merece um destaque à parte. Não somente o povo mogiano, mas toda a Região Metropolitana de São Paulo, principalmente o Alto Tietê, são brindados pelo empreendimento. De 10 mil a 15 mil pessoas visitam o Parque Centenário nos finais de semana e feriados. Em sua maioria, são famílias que não poderiam pagar pelo acesso ao lazer de alta qualidade.    

Toda gratidão aos heroicos imigrantes japoneses que, ao adotarem o País, trabalharam incansavelmente pelo desenvolvimento, transformação e progresso do Brasil, além de deixarem um legado de nobreza incontestável para seus descendentes continuarem servindo a Pátria.

Felizes, as famílias lotam o Parque para descansar, refletir, praticar esportes, admirar as belas lagoas com marrecos, patos e gansos, além de usufruir de pedalinhos e ícones da arquitetura oriental, apesar de a réplica do histórico navio Kasato Maru haver sido consumida pelo tempo. Desfrutam da beleza do lendário Rio Tietê sem poluição, percorrendo vias e alamedas batizadas com nomes de províncias e cidades japonesas. Também fazem caminhadas numa linda trilha, observando a flora e fauna da Mata Atlântica. 



As crianças brincam nos playgrounds, enquanto pais, avós e outros familiares preparam as churrasqueiras numa prova cabal de integração familiar. Há área especial para cultura e artes, como o Espaço Bom Odori e Samba, que valoriza a miscigenação dos dois povos. 

Dois museus enriquecem os aspectos históricos. Um retrata a saga dos imigrantes japoneses no Brasil e no Município. O outro valoriza os potentes frutos do relacionamento de Mogi com suas Cidades-Irmãs japonesas de Seki e Toyama. 

É verdade que o Parque Centenário está fechado por causa da pandemia. Mas, isto vai passar e logo poderemos curtir novamente cada palmo desse espaço maravilhoso!

Neste ano em que comemoramos os 112 anos da Imigração Japonesa no Brasil, encho o peito de emoção para agradecer e gritar Banzai!  #GratidãoImigrantesJaponeses

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 16 de junho de 2020

Questão de sobrevivência


Sempre defendi a importância da prevenção, individual ou coletiva, por acreditar que é muito melhor prevenir que remediar. É um conceito adquirido na infância. Vem dos ensinamentos dos meus pais e avós que, como imigrantes japoneses, conheciam bem o significado das catástrofes no Japão de tantos terremotos e tsunamis.

 

Sempre que posso, destaco minha imensa preocupação com  grande parte da população brasileira: quase 40% sem  formação profissional. Isso reflete décadas de insensibilidade e incompetência de governantes, outras autoridades do setor público e privado e até de lideranças civis que, salvo exceções, pouco fizeram pela oferta de ensino público de qualidade – base irrefutável da boa capacitação profissional.

 

A triste constatação demonstra que, com extrema crueldade, estamos perdendo o bonde da história. O que será destes milhares de crianças, jovens e adultos marginalizados pela desigualdade social, profundamente despreparados e sem oportunidades para conseguirem uma formação profissional neste mundo tão competitivo e marcado por céleres avanços tecnológicos? Uma infinidade de profissões está desaparecendo, o que escasseia oportunidades de trabalho. Tanto para os empregados como para os empreendedores não capacitados.

 

Há anos, ensino, tecnologia e trabalho já eram sinônimos das necessidades basilares da sociedade. Mas, quase nada surgiu que capacitasse com eficiência crianças, jovens e adultos mais humildes para a competitividade neste mundo globalizado.

 

 

Temos uma realidade que implica cada vez mais a consistente formação profissional em todas as atividades econômicas, inclusive nas tarefas domésticas. Em diferentes setores, centenas de empregos, ocupações e empreendimentos já foram extintos e as transformações tecnológicas não param.


 

Conforme opiniões de especialistas, o setor de saúde vem incorporando com muita rapidez o home office, a telemedicina, a personalização diagnóstica,  o uso da inteligência artificial e o cruzamento de dados. Na educação, a adoção do Ensino Remoto Síncrono Emergencial já mudou o modelo tradicional, principalmente no curso superior. Na indústria, o desenvolvimento da tecnologia 4.0, adotada pelos países mais avançados, coloca de joelhos as nações subdesenvolvidas. No Judiciário, o sistema virtual já é realidade inconteste, facilitando as relações de pessoas, juízes e servidores, com audiências por videoconferência, por exemplo. Na agricultura e pecuária, as atividades convencionais vêm sendo substituídas, até em pequenas propriedades de hortifrutiflorigranjeiros, onde avança a presença de drones no lugar de trabalhadores.

 

Aplausos para países como a China, Coreia do Sul e Japão que, décadas seguidas, investem maciçamente na educação, tecnologia e formação profissional. Precisamos aprender e imitá-los contínua e urgentemente! Sabem por quê? A resposta está em nosso mercado, onde produtos importados inundam as lojas. Desde artigos automotivos e eletrônicos de alta tecnologia até itens de R$ 1,99. A maioria tem qualidade e preço acessível.

 

É cristalino que não estamos à altura para competir. Enquanto isso, milhões de empregos são aniquilados,  empreendimentos se fecham, rendas e tributos se evaporam. Poderia classificar como tragédia anunciada, mas prefiro acreditar numa mudança de rota para fazer valer o ditado – “Antes tarde do que nunca”.

Exercitando o direito sagrado de cidadão brasileiro, lanço um fortíssimo apelo aos governantes, políticos e lideranças em geral: vamos, todos juntos, trabalhar para oferecer formação profissional qualificada aos brasileiros, antes que a nossa subserviência fique maior e irreversível!

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Meu amor por você!


Neste Dia dos Namorados, homenageio todos os casais, enfatizando que a vida a dois – sejam namorados, noivos ou casados – deve se basear em muito amor. Mas, acima de tudo, em compreensão, respeito, comprometimento, paciência, doação, afetividade e espiritualidade.

Um trecho da canção do incomparável Roberto Carlos reflete com romantismo essa magia que deve nortear o sentimento do casal:
“Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você!”

Casei-me com a amada Elza em 16 de dezembro de 1976, portanto, quase 44 anos. De tudo que menciono neste singelo texto, reafirmo o juramento que fiz perante Deus, por meio do grande amigo e missionário Padre Vicente Morlini, na Catedral de Sant’Anna, em Mogi das Cruzes, no compromisso cristã: “Até que a morte nos separe!” E acrescento, com a devida permissão: “E, mais tarde, no campo espiritual, continuarmos juntos, amando-a infinitamente!”

Te amo, minha sempre adorada Elza!


#FelizDiadosNamorados

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 9 de junho de 2020

Lembrar para rir

Na condição de sãopaulino, permitam-me esquecer, por alguns momentos, as tristezas e preocupações geradas pela pandemia, trazendo-lhes uma coletânea de frases engraçadas que foram publicadas pelo jornalista, cronista e apresentador Milton Neves no seu blog (https://blogmiltonneves.uol.com.br/). Referem-se às frases que se tornaram célebres, principalmente, no mundo futebolístico. São de autoria do saudoso Vicente Matheus, sempre lembrado como um dos maiores dirigentes e uma das figuras mais ilustres do Sport Club Corinthians Paulista e do esporte nacional. 

Espanhol naturalizado brasileiro e empresário de mão cheia, o inesquecível Vicente Matheus presidiu o Corinthians por 18 anos não consecutivos, no período de 1959 a 1991, quando o time conquistou inúmeros títulos de campeão. Até hoje, as pessoas têm dúvidas se as célebres frases foram decorrentes de sua origem, que gerava dificuldade com a nossa língua Pátria, ou faziam parte da sua perspicácia para marketing.  



Vamos às frases históricas:
>- Comigo ou sem mingo o Corinthians será campeão.
>- Depois da tempestade, vem a ambulância.
>- Peço aos corintianos que compareçam às urnas para naufragar nossa chapa.
>- Tive uma infantilidade muito difícil.
>- Esse é um resultado que agradou gregos e napolitanos.
>- Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático.
>- De gole em gole, a galinha enche o papo.
>- O difícil, vocês sabem, não é fácil.
>- Vou dar uma anestesia geral para os sócios com mensalidade atrasada.
>- O jogo só acaba quando termina.
>- Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão.
>- Minha gestação foi a melhor que o Corinthians já teve.
>- Dirigir um clube de futebol é como faca de dois legumes
>- O Sócrates e inegociável, invendável e imprestável.
>- Quero agradecer à Antarctica pelas Brahmas que mandou de graça pelo meu aniversário.

(crédito da foto: Placar)

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Racismo Zero


Além da ansiedade, vulnerabilidade, tristeza e tudo de ruim que a pandemia do Covid-19 faz gritar em nossos corações, somos arrebatados pela atrocidade do racismo, pululando em suas mais macabras vertentes.

O segurança afro-americano George Floyd (46) foi cruelmente assassinado por um policial branco que, com o joelho, pressionou o pescoço da vítima até matá-la. Sem piedade, o  agressor ignorou os apelos do trabalhador negro. Ações policiais em nome da segurança nacional são justificadas e até elogiadas pelo inconsequente presidente Donald Trump.

O fato gerou comoção planetária. Como tem de ser para todos aqueles que se dizem humanos. Protestos contra o racismo cobrem os EUA.

No Brasil, a morte de negros tem sido constante, apesar dos protestos que se avolumam. Em 18 de maio, no município de São Gonçalo/RJ, um adolescente de 14 anos foi morto dentro de casa, por uma bala perdida, advinda de uma ineficiente operação policial.
Não podemos continuar com esta monstruosa intolerância racial no Brasil. Justo num país multirracial que gera a riquíssima policultura.

Não podemos esquecer a escravatura dos indígenas, logo após o descobrimento do Brasil em 1500. Nem da desumana escravidão negra, iniciada em 1539, esfacelando famílias que, presas aos milhares, eram trazidas do continente africano. A abolição só veio com a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Os poderosos portugueses, denominados  senhores da terra, usaram, abusaram, violentaram e mataram, secularmente, as pessoas negras escravizadas, sem sofrerem punições.

Passaram-se séculos e, infelizmente, persistem a exploração e intolerância dos ditos poderosos contra aqueles que têm cor de pele diferente da branca. Estes facínoras continuam praticando, além da degradação social, a cultura do preconceito, especialmente contra os negros.

No Brasil, a legítima revolta contra a cruel escravidão faz parte da nossa triste história. As lutas vanguardeiras de personalidades negras, políticos e intelectuais, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco, devem ser eternamente lembradas.

Na África do Sul, despontou o lendário Nelson Mandela na batalha hercúlea contra o Apharteid. Nos EUA, o imortal pastor negro Martin Luther King, pelas intensas lutas contra a pobreza e o racismo. Ele foi assassinado, mas deixou extraordinário legado, sintetizado na  célebre citação: “Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter”.

Conclamo todos a lutarem contra o racismo, rechaçá-lo integralmente, de forma pacífica e ordeira, mas com vigor e determinação, tendo como referência a batalha gigantesca de personalidades que a história nos mostra.



Como cidadão brasileiro, filho e neto de imigrantes japoneses agricultores, nascido em 1940, na generosa Mogi das Cruzes/SP, falo com convicção e sinceridade. Enquanto criança, jovem e até como adulto, sofri bullying. Nunca com a agressividade e intensidade que atingem quem tem pele escura, mas fui vítima de intolerância racial e social. Ouvi, por inúmeras vezes, xingamentos do tipo “japonês olho rasgado”, “japonês pixote”, “japa de merda, volta pra sua terra!” e  tantos outros que não gosto de lembrar.

Mesmo com esses ferimentos que maculam a alma, graças  à primorosa educação do lar, companhia de ótimos amigos e excelentes parceiros, superei a humilhação sofrida da barulhenta minoria racista, atravessando o mar revolto sem mágoa ou ressentimento. Com altivez, perseverança e dignidade. De ser nipodescendente humilde, que usava roupas feitas pela minha mãe com sacos de batata.

Modéstia à parte, sem falácia, cumpro e prego com fidelidade as lições de fraternidade, igualdade, paz e amor com fé cristã. #MaisAmor

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Coerência e bom senso

Meu manifesto não se baseia em sentimento bairrista, mas sim em absoluta coerência e bom senso. Refiro-me ao Programa de Retomada Consciente da Economia, lançado na quarta (27) pelo Governo do Estado. Classifica as regiões em cinco fases: 1 (vermelha), de alerta máximo, com funcionamento apenas de serviços essenciais; 2 (laranja), controle que possibilita aberturas com restrições; 3 (amarela), abertura de número maior de setores; 4 (verde), flexibilização maior em relação à etapa 3; e 5 (azul), de “normal controlado”, com todos os setores em funcionamento, mas mantendo medidas de distanciamento e higiene.

Sou integralmente a favor do isolamento social, seguindo rigidamente os preceitos das autoridades de saúde, assim como do Programa de Retomada Consciente da Economia. Acredito que se baseiam em pesquisas, dados e fatos, sob as óticas da ciência, saúde e economia, dentro de uma gestão pública responsável e transparente.

São justamente tais fatos que me levam a discordar da classificação de Mogi das Cruzes na fase vermelha, enquanto a Capital, epicentro da pandemia no Estado, avança para a etapa laranja. Tal situação só seria inteligível, se nossa Cidade tivesse indicadores piores do que os do Município de São Paulo. Não é o caso. 

O índice de isolamento social em Mogi sempre esteve acima do registrado na capital paulista. Quanto à capacidade hospitalar, na quinta-feira última, a rede mogiana registrava 57% de ocupação dos leitos de UTI e 50% das vagas nas enfermarias. Já a Capital chegava a 92% de ocupação dos leitos de UTI (hospitais públicos e privados) e lotação de 100% nos hospitais municipais.

Vale considerar que, pelo menos, 30% dos leitos mogianos estão ocupados com pacientes de municípios vizinhos, inclusive da capital paulista. Portanto, não são mogianos dependendo dessa assistência. Além disso, como medida preventiva no início da crise, Mogi das Cruzes construiu o Hospital de Campanha, com 200 leitos.   

Mogi não se encaixa na fase vermelha em nenhum dos critérios definidos pelo Estado para estabelecer as fases de cada região. E apresenta números bem mais favoráveis que os do Município de São Paulo. Logo, se o cabedal científico liberou a Capital para a etapa laranja, como justificar a permanência da nossa Cidade no estágio de restrição máxima? Das duas, uma: ou a liberação da capital paulista foi equivocada, ou foram usados desconhecidos peso e medida para classificar Mogi das Cruzes.   

Ombreio-me em total apoio às indignações do prefeito Marcus Melo, do vice Juliano Abe, dos vereadores, do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, de entidades classistas e demais lideranças. Estou ao lado deles na cobrança por revisão urgente da classificação de Mogi das Cruzes no programa.

Afinal, os critérios definidos pelo próprio Estado colocam a Cidade na fase 2 (laranja), que permite a abertura de escritórios, concessionárias de veículos, comércio e shopping centers, sempre com os protocolos de higiene e distanciamento.  

Apelamos para o bom senso e coerência das autoridades estaduais! Nada contra o Município de São Paulo, que dista apenas 60 quilômetros da nossa Cidade e sempre esteve próximo sob os aspectos físico, econômico e emocional. A própria característica da conurbação é um fator extra para não haver classificações diferentes entre cidades vizinhas de alta interação. Caso contrário, é imenso o risco de criar corredores adicionais para a propagação do vírus.

Embora seja uma cidade de quase 500 mil habitantes, Mogi depende de São Paulo – onde trabalham milhares de mogianos – e vice-versa. Uma enorme parcela da população paulistana e de vários municípios da Região Metropolitana prescindem da água advinda das três represas localizadas no território mogiano (dos Rios Jundiaí, Taiaçupeba e Biritiba Mirim). 

Reforçando que devem prevalecer os cuidados máximos de higiene e distanciamento social, só clamamos por justiça: a ciência que vale para a Capital também tem de valer para Mogi das Cruzes! #RevisãoJá



Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo