#FalsoMédium – O famosíssimo médium João Teixeira
de Faria, conhecido nacional e internacionalmente por João de Deus, foi
condenado a 489 anos e 4 meses de reclusão, pelos crimes de estupro, violação
sexual mediante fraude e estupro de vulnerável, cometidos ao longo de décadas,
contra mais de mil mulheres. As ditas “curas milagrosas” ocorriam na “Casa de
Dom Inácio de Loyola”, em Abadiânia/GO. Mulheres de dezenas de países também
foram vítimas.
Apesar de o Código Penal Brasileiro dispor o máximo
de 40 anos de prisão, no caso do falso médium, a pena deve ultrapassar 500 anos
de prisão porque, segundo o Ministério Público Federal, as denúncias não
cessam. As supostas curas proporcionadas por João de Deus atraíam multidões à
pequena cidade, a tal ponto de a peregrinação ter-se constituído como principal
fonte de receita do município. Os funcionários à disposição do falso médium
eram numericamente superiores aos da administração municipal. O então prefeito
Itamar Vieira Gomes (cassado por corrupção em 27/04/2009) teria dito: “Não sei
o que será de Abadiânia quando João de Deus morrer”.
Essa fama era endossada pela imprensa nacional e
internacional, com famosos enaltecendo as curas milagrosas. Ele recebia
personalidades como Xuxa, Oprah Winfrey (jornalista e apresentadora americana),
governadores e até juízes. Sem escrúpulos, João de Deus aproveitava a vulnerabilidade
psicológica e física, associada à inabalável fé, para saciar sua sede sexual.
As vítimas eram principalmente mulheres, incluindo adolescentes.
Apesar de julgado e condenado à cadeia por 489
anos, João de Deus segue em prisão domiciliar há 6 anos, por decisão em 2ª
instância. Reside em sua mansão na cidade de Anápolis/GO. Por incrível que
pareça, a Casa de Dom Inácio de Loyola continua funcionando normalmente.
Segundo a criminologia, que se baseia na ciência sociocomportamental,
o atraso das denúncias deveu-se à vergonha, medo de humilhação, desonra e
outros sentimentos, até que os primeiros casos viessem à tona, desencadeando a
maciça propagação.
Diante de qualquer suspeita de violência contra a
mulher, vamos denunciar ligando para o 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou
para o 100 (Denúncia Nacional contra Abuso e Exploração de Crianças e
Adolescentes). Assim, estaremos contribuindo para combater abusos e outras
formas de crime. #VigilânciaEAção
(Foto: Reprodução/Site Casa de Dom Inácio)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo