quinta-feira, 23 de abril de 2020

Hospital de Campanha


As tantas necessidades para o enfrentamento da Covid-19 impulsionam autoridades a clamarem pelo rigoroso cumprimento do isolamento social. É essencial para reduzir a propagação do vírus, além de permitir enfrentar a desproporcionalidade entre a quantidade de pessoas infectadas, que precisam de internação hospitalar, e o número de vagas disponíveis. Mesmo deixando em plano secundário os pacientes de outras doenças, os hospitais estão lotados com vítimas da Covid-19.

O sistema já entrou em colapso em muitos estados e seus municípios, apesar de o Brasil não haver atingido o pico da pandemia, previsto para maio e junho. Pior, em milhares de cidades brasileiras sequer existem hospitais.  O isolamento social é fundamental para reduzir a disseminação do vírus e retardar a demanda por internações, assim como dar tempo de viabilizar estruturas capazes de ampliar a oferta de leitos hospitalares.

Nesse contexto, Mogi das Cruzes, com aproximadamente 500 mil habitantes, dá o exemplo de proatividade. De forma rápida e objetiva, a administração municipal tomou as providências para instalar um hospital de campanha. Com 200 leitos, a unidade começa a funcionar no final do mês, na Avenida Cívica.

O Hospital de Campanha mogiano é direcionado a pacientes com casos leves e moderados de Codiv-19, que tiveram alta da Unidade de Terapia Intensiva e devem permanecer em observação em leitos de enfermaria, ou aqueles que precisam ser hospitalizados sem necessidade de ficar em UTI. Eles serão encaminhados pelos hospitais públicos e privados referenciados pela Secretaria Municipal de Saúde.

Como cidadão brasileiro, conhecedor profundo das dificuldades que os administradores públicos enfrentam no Brasil, agradeço o prefeito Marcus Melo e o vice Juliano Abe pela iniciativa, coragem e competência na implantação desse Hospital de Campanha. Aproveito a oportunidade para, na pessoa do secretário municipal de Saúde, Henrique Naufel, homenagear a dedicada equipe de colaboradores da administração municipal, assim como todos os profissionais da saúde de Mogi e do mundo inteiro, que devotam as próprias vidas para resguardar a população na guerra contra o novo coronavírus. #TodaGratidão

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Valor da ciência


Em tempos normais, o papel da ciência, pesquisa, tecnologia e inovação já é indiscutivelmente importante. Nesta era de pandemia, torna-se fundamental. Está nas mãos dos cientistas a urgente descoberta de uma vacina contra a Covid-19.

No dicionário, sinônimo de cientista é sábio, pesquisador, observador, investigador, especialista, etc. É aquele que se dedica a ciência. É aquele que, a partir de uma espécie criada de alguma forma, a estuda e desenvolve testes que permitem sua evolução.

Todas as pessoas são imprescindíveis numa sociedade. Porém, creio que os cientistas nasceram com um dom divino, concedido à minúscula parcela da humanidade. Foram os cientistas que descobriram as vacinas em todas as pandemias causadoras de milhões de mortes, como a peste negra, gripe espanhola, tuberculose, varíola, febre amarela e tifo, entre outras.

Existem cientistas biólogos, de computação e tecnologia, nucleares e médicos, entre outros. Atuam em todas as áreas do conhecimento humano. Basta olhar a fantástica recuperação do Japão, Coréia do Sul, Alemanha, Inglaterra, EUA e Rússia, todos envolvidos na catastrófica 2ª Guerra Mundial. O trabalho científico também está na qualidade de vida dos povos do hemisfério norte, como da Finlândia, Dinamarca, Noruega e Suécia, com atividades econômicas prejudicadas pelo rigoroso inverno de seis meses no ano. Está ainda na melhoria constante da condição dos povos do continente africano, vítimas de desertos e altíssimas temperaturas. E também na extraordinária performance da China que,  libertando-se de ideologia comunista, se tornou a segunda potência econômica mundial.

Todas as conquistas, melhoramentos e superações contínuas são fruto do dedicado trabalho dos cientistas. Evidente, com o devido apoio de governantes sensíveis, dotados do espírito de estadista, que investem maciçamente em ciência, pesquisa, tecnologia e inovação. Oferecem educação cidadã e profissional de alto quilate, além de fomentar o integral amparo dos setores público e privado, após a formação e ao longo da carreira.

Os cientistas são missionários que inventam, criam e implementam instrumentos para ajudar empreendedores, empregadores e trabalhadores, atuam na redução das desigualdades sociais e na elevação da qualidade de vida dos povos.

Em contraste com o cenário de apoio aos cientistas em diversas nações, nossos governantes, salvo raras exceções, nunca tiveram essa sensibilidade e visão. O renomado neurocientista Sidarta Ribeiro, fundador do Instituto de Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e membro efetivo da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, denuncia a grave fuga de cérebros do Brasil, e sem perspectiva de retorno. A prova está no prejuízo sem precedentes causado pelo governo federal ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma das principais fontes de financiamento da pesquisa no País, com arrecadação superior a R$ 4 bilhões por ano. Em 2019, o orçamento das agências custeadas pela União caiu de R$ 13,9 bilhões para R$ 6 bilhões, em relação a 2015. Representa um trágico recuo de 56,5%. Há previsão de queda maior neste ano de 2020. Sidarta diz mais: “A ciência virou vilã. Enquanto o governo sul coreano investe 5% do PIB em ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, o Brasil aplica menos de 1%. Não há como competir com grandes players”.

Inspirado na frase “Gigante pela própria natureza”, que emoldura o Hino Nacional, digo que Deus foi brasileiro ao nos presentear com um país fantástico. Porém, sem governantes com espírito de estadista, somos obrigados a concordar com o cientista Sidarta Ribeiro. Não podemos ficar deitados eternamente em berço esplêndido. Afinal, o nosso povo não foge à luta.

Como cidadão brasileiro, faço um veemente apelo às lideranças em prol da nossa ciência: Apoiem sistematicamente os pesquisadores e cientistas, que se dedicam de corpo e alma às inovações e à alta tecnologia em benefício da população!



Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Nada de desperdício!

Como descendente de japoneses, desde criança, sou habituado com a arte culinária nipônica, que tem como conceito o aproveitamento integral dos vegetais. Folhas, caules, talos, cascas e sementes, tudo vira comida saudável e nutritiva.

Vovó e mamãe tinham como regra de ouro não desperdiçar nadinha, aproveitando tudo das verduras, legumes, tubérculos, bulbos e frutas. Igualmente, jamais iam para o lixo eventuais sobras dos pratos preparados para almoço e jantar. O que não era consumido, era reciclado sob a forma de outras saborosas refeições.

É uma cultura nascida no país de pequena dimensão territorial, topografia íngreme ou várzeas inadequadas e clima extremamente adverso à produção agrícola. Fica impossível o cultivo durante seis meses do ano. Há ainda as constantes tragédias, como terremotos, tsunamis, furações, etc..., que moldaram o povo a ser profundamente responsável e disciplinado para superar dificuldades.

Mamãe aproveitava a nossa rica flora brasileira, cozinhando brotos de bambu, de samambaia, de abóbora; folhas de cenoura, de beterraba, de inhame, de batata doce; cascas de batata, de abóbora, de laranja, de limão, de banana, de abacaxi; e até raízes de taboa. E que pratos deliciosos saíam dessa conduta antidesperdício!

Infelizmente, apesar da grande desigualdade social, o Brasil continua sendo o país do desperdício. As estatísticas oficiais comprovam que, do produtor até o consumidor, há uma perda de 60% dos alimentos. Cada brasileiro desperdiça, em média, 41,6 quilos de comida por ano, segundo o relatório de 2018 da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Além dos produtos in natura, parte da população também joga fora as ricas sobras de uma refeição.

Coincidindo com a necessidade de estar em quarentena, vou garimpando a internet e me deparei com o artigo “Até o talo”, de Julia Guglielmetti, que vai ao encontro do aprendizado adquirido desde a infância e que faz um bem danado à saúde e ao bolso.


Sem pretensão de ser o dono da verdade e muito menos orientador culinário, acredito que Deus nos ensina nas adversidades. Aprendemos a valorizar tudo e absorvemos ensinamentos riquíssimos em todos os sentidos. Portanto, acessem https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/cozinhar-com-cascas-e-talos-faz-bem-a-saude-e-ajuda-a-economizar-na-quarentena/index.htm e vejam as lições de responsabilidade conosco e com a sociedade, a partir da transformação do muito que vai para o lixo em iguarias supersaborosas e altamente nutritivas.

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Santo remédio


Enquanto não se descobre um antídoto oficial contra a Covid-19, apesar dos esforços de especialistas do mundo inteiro, o melhor recurso é o isolamento total, conforme as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A complexa quarentena causa enorme estresse. Ociosidade  resulta em tristeza, solidão, depressão e outros males, visto que os seres humanos sempre viveram em sociedade, mesmo enfrentando conflitos de ordem individual, familiar ou coletiva.

A assimilação do confinamento varia de pessoa para pessoa. Independente de faixa etária, o isolamento sofre maior resistência de quem normalmente é mais ativo e ocupado com atividades diversas.

Na condição de um idoso de 79 anos, superativo, cumpridor consciente e rigoroso da quarentena, junto com a amada esposa Elza, permitam-me falar com as crianças, adolescentes, jovens e adultos. Por telefone, aplicativos de mensagens, videochamadas ou outros meios tecnológicos, conversem com seus familiares e amigos confinados. Em especial, com idosos e pessoas do grupo considerado de risco. Vocês não imaginam o bem que um simples olá causa aos confinados!



Digo por experiência própria. Fico felicíssimo ao receber mensagens e telefonemas de filhos, netos, familiares, colaboradores e amigos. Gente, é uma maravilha! É um santo remédio para aliviar o estresse do isolamento!

Inspirado nessa alegria e percepção, comecei também a ligar e enviar mensagens para gente querida que está distante, nestes tempos de quarentena. Repito: é um santo remédio para ambas as partes!

Dias atrás, fui surpreendido por um amigo que me encaminhou um vídeo intitulado “Rir é contagiante”. São 81 segundos profundamente preciosos. Vale assistir: https://www.youtube.com/watch?v=m3_iaEnBkn4 (canal Thejotak, no YouTube).
É sensacional em tempos de pandemia. Não aguentei, comecei a rir sem parar e não canso de assisti-lo. Para acreditar na própria hipergargalhada, nestes momentos sombrios, comecei a vê-lo em frente ao espelho. Por Deus do Céu, é uma explosão de alegria contra qualquer ócio ou melancolia decorrente de quarentena. Curtam!  #CompartilhemAlegria

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo