Apesar de estarmos no século 21, o machismo se faz
presente na maioria dos países. Mesmo com o alto grau de miscigenação, o Brasil
não foge à regra. A sociedade brasileira ainda é extremamente machista e o
avanço rumo à diversidade se faz muito distante.
Creio que a política partidária é fundamental para
acelerar o convívio harmônico, sem a intolerância com os diferentes. Em toda campanha
eleitoral, a sociedade poderia se esforçar para eleger um número maior de
mulheres, negros, indígenas, pessoas portadoras de deficiência e que fazem
parte do Grupo LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer,
Intersexo, Assexual, Pansexual e demais orientações sexuais e
identidades de gênero).
O retrato das eleições gerais de 2022 mostra que o
avanço da diversidade no Congresso Nacional foi insignificante. Na Câmara
Federal, foram eleitas somente 91 mulheres do total de 513 assentos, ou seja,
apenas 18% do total. Contudo, em oito estados, as mulheres foram as mais
votadas. Houve ainda a eleição de duas trans, duas indígenas e uma afroindígena
que, porém, terão dificuldades num ambiente ainda muito conservador.
Embora a bancada de mulheres eleitas seja
insignificante, o eleitorado feminino é maior que o masculino. Equivale afirmar
que a maioria das mulheres não vota em mulheres. Uma amostra de que a sociedade
ainda é retrógrada está na afirmação da deputada federal Duda Sabatet (PDT-MG)
de que votou com colete à prova de balas, devido às ameaças recebidas ao longo
da campanha.
“Temo pela vida delas e pelo que elas vão passar
agora, eleitas. O crescimento da extrema direita (radicais, extremistas e
reacionários), em todos os âmbitos, foi maior do que o esperado. A gente tenta
se prender ao aumento da diversidade, mas o cenário geral aponta para um futuro
de retrocesso nos direitos das mulheres, nos direitos sexuais e reprodutivos e
da população LGBTQIA”, analisa a pesquisadora Hannah Maruci, doutoranda em
Ciência Política pela USP.
No Senado, apenas quatro mulheres foram eleitas em
2022. Antes, eram 12 senadoras, mas com a redução, a partir deste ano, temos
somente dez parlamentares do total de 81 cadeiras.
Diante do quadro, faço um veemente apelo às
mulheres para votarem em mulheres. Digo o mesmo aos afro-brasileiros: votem em
negros. Somente assim teremos a chance de ampliar as bancadas feminina, dos
negros e dos LGBTQIAP+ no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e
nas Câmaras Municipais. É o caminho para desfrutar de uma sociedade mais
igualitária em todos os sentidos, trabalhando na construção de um ambiente
harmônico, com mais oportunidades, paz e amor. #ApeloÀDiversidade
(Imagem: Reprodução/TV Câmara)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo