sexta-feira, 30 de abril de 2021

Tudo acaba em pizza

 

Os brasileiros são autênticos criadores de frases que se tornam famosas e caem na boca do povo. É o caso da expressão “Tudo acaba em pizza”.

 

Será que a célebre frase tem a ver com o Dia Mundial da Pizza, comemorado anualmente em 17 de janeiro? O prato é símbolo da Itália e a data foi  escolhida para homenagear o Sant’Antonio Abate. Ou será que a expressão tem vínculo com o Dia Internacional da Pizza, celebrado em 10 de julho?


As duas datas dão legitimidade à expressão “Tudo acaba em pizza”. Porém, no Brasil, ela tem origem absolutamente diferente. A maioria entende que essa expressão é umbilicalmente ligada ao mundo político e aos políticos. Estamos carecas de saber que a maioria das matérias, análises, discussões, comissões, votações e até brigas “acabam em pizza”, ou seja, não dando em nada.

 

Ledo engano. Na verdade, a frase foi criada para estampar uma manchete do famoso jornal Gazeta Esportiva, na década de 1960. O estupendo radialista de saudosa memória, Milton Peruzzi, estava numa reunião da cúpula diretiva da Sociedade Esportiva Palmeiras que, iniciada de manhã, perdurava noite adentro. Os palmeirenses passavam por sérias conturbações e os dirigentes estavam há mais de 14 horas numa reunião acalorada para decidir o futuro do time. Como é de conhecimento geral, o futebol gera, principalmente nesse caso, quando a diretoria era dominada por italianos e descendentes.

 

Os diretores não se entendiam e a fome bateu. Pediram 18 pizzas gigantes. E, claro, com muito chopp e vinho para sustentar aquela jornada de debates. Após bate-bocas e a generosa comilança, tudo foi resolvido e um acordo entre os dirigentes foi selado. Milton Peruzzi publicou o resultado daquela reunião. No dia seguinte, o jornal Gazeta Esportiva trazia a manchete “Crise do Palmeiras termina em pizza”.

 

Apesar da grave crise que enfrentamos com a pandemia que multiplica óbitos e gera tragédias de ordem econômica, financeira e social, no meio político, os acontecimentos continuam acabando em pizza. Claro, com total repúdio da população. Basta citar o acontecido semanas atrás com o governador fluminense em exercício, Cláudio Castro (PSC).

 

Em 26 de março, Castro fez um apelo à população do Rio: “Não é hora de fazermos festas. Tem muita gente morrendo, muita gente na fila de um hospital. Esse é um feriado pra ficarmos em casa. E queria pedir muito à população que evite aglomerações”.  Porém, dois dias depois, ele celebrou com festa seu aniversário de 42 anos, em uma casa em Petrópolis, onde estava em vigor o Decreto Municipal, válido até 4 de abril, com proibição expressa de aglomerações de caráter social.


Em que pese a gravíssima irregularidade, cometida por uma autoridade pública, num local superlotado de convidados – a maioria, sem máscaras –, a   única manifestação do governador, que também utilizou carro oficial,  foi um modesto pedido de desculpas à população. Punição zero. O evento marcado de irregularidades “acabou em pizza”.

 

Aliás, tomara que a recém constituída Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional sobre as desastradas medidas governamentais contra a Covid-19 cumpra fielmente seus objetivos. Tomara que não acabe em pizza!

 

Na imagem, saboreio uma generosa pizza de muçarela que, felizmente, nada tem a ver com o mundo político! #BomApetite



 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 27 de abril de 2021

Extremismo não!

 

Intolerância geral, racismo e xenofobia são tipos de violência recorrentes no mundo inteiro. Por ser brasileiro descendente de imigrantes japoneses, conheço bem as consequências nefastas desses crimes. Enquanto criança e jovem, antes, durante e após a 2ª Guerra Mundial (1945), até o ressurgimento do Japão, após a derrota, como destaque mundial no campo econômico, as ofensas à nossa honra e dignidade eram constantes. Ocorriam até agressões físicas. Com o passar dos anos, diminuíram quase por completo.

 

A integração amainou a dita intolerância e racismo contra nós que éramos considerados “olhos rasgados ou puxados”, baixinhos, “gente de 3ª classe”. Viramos alvos de chacotas do tipo: “acorda japonês”, “chega de dormir e volta para o seu país”... Mas, graças a Deus, isso ficou no passado.

 

Vale lembrar que a intolerância é gerada também por questões sociais.

 

Hoje, comento a xenofobia. Trata-se de sinônimo de nacionalismo, nativismo, patriotismo, chauvinismo, jingoísmo e bairrismo. A expressão surgiu da junção de duas palavras do idioma grego: xénos (estrangeiro e estranho) e phóbos (medo), que significa medo do diferente ou medo do estrangeiro. É a rejeição ou hostilidade direcionada a algo ou alguém que não faz parte do local onde se vive.


Esse sentimento de repugnância e intolerância causa graves impactos na saúde psicológica e mental do ofendido. Infelizmente, a xenofobia voltou com vigor nesta pandemia. No ano passado (2020), quando surgiu o mortal vírus, na cidade de Wuhan, na China, com propagação meteórica em todos os quadrantes do planeta, começou a caça às bruxas. Em especial, porque a China é um país fechado quanto à transparência das notícias e se agiganta como a 2ª maior potência econômica mundial, o que fomenta atritos com grandes nações dominadoras, como os EUA.

 

Coincidentemente, o então presidente dos EUA, Donald Trump – um dos piores mandatários da história daquela nação –,  tudo fez para responsabilizar a China e os chineses pela pandemia. O presidente do Brasil, aliado e submisso ao incompetente Trump, desde o início, agiu da mesma forma, rejeitando a vacina chinesa CoronaVac e defendendo a sua preferida, AstraZeneca/Oxford. Porém, de forma intencional ou por desconhecimento, ignorou que os insumos para a fabricação da AstraZeneca/Oxford são totalmente produzidos na China. Aliás, na semana passada, a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) autorizou os testes de uma nova vacina no Brasil, a chinesa Sichuan, da empresa Sichuan Clover Biopharmaceuticals. Ah, se não fosse a China, estaríamos praticamente sem imunização!

 

A xenofobia do governo brasileiro também coloca em risco o sucesso das nossas invejáveis commodities. Falo do agronegócio e minérios que, entre outros, sustentam nossa economia, tendo a China como a maior parceira comercial do Brasil. A República Popular da China é a maior importadora de minérios de ferro, soja, trigo, arroz, carnes (suínos e bovinos) e suco de laranja, entre outros produtos.

 

Com todas as argumentações contra a China, desferidas pela maior autoridade brasileira, a pequena parcela radical e extremista do povo brasileiro, imperceptivelmente, segue o discurso presidencial, espalhando agressividade também contra os chineses que adotaram o Brasil de corpo e alma, assim como seus descendentes, a maioria deles, brasileiros natos. Triste e lamentavelmente, acabam vistos como responsáveis pela geração e propagação da Covid-19.

 

Vejam o caso do chinês Huang Zhen Sheng (29), que está no Brasil há 10 anos, mora no Rio de Janeiro, é casado com uma carioca e pai de uma menina de 2 anos. Não bastassem as piadas pelos olhos amendoados, a pandemia deu lugar às ofensas.

 

O casal estava com um amigo chinês numa lanchonete, quando um dos coletores de limpeza urbana proferiu, de cima do caminhão, uma enxurrada de provocações xenofóbicas. Olhando para Sheng e o amigo, disse que ambos deveriam voltar pra China, porque trouxeram a doença. O xingamento veio cheio de palavrões e o desejo de morte para os chineses.  Num outro episódio, dentro de um shopping, Sheng foi chamado de “coronavírus”.

 

Como ser humano, cristão e cidadão brasileiro, cônscio das responsabilidades cívicas e comprometido com a luta em prol da diversidade, conclamo a todos, alvos ou não de intolerância, racismo e xenofobia, a repudiarem essa violência, assim como a denunciarem ocorrências do gênero às autoridades públicas, pelo disque 100. Não vamos deixar barato, omitindo agressões dessa amplitude, visto que os radicais, extremistas e ignorantes atuam exatamente pelas nossas omissões, porque se julgam acima da lei e imunes às punições! #Denuncie100   



 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

22 de Abril

 

Apesar de não ser feriado, 22 de abril, data do Descobrimento do Brasil merece ser lembrada e comemorada. Aliás, pela sua relevância histórica, é um dever cívico e faz parte do conteúdo curricular das escolas. Cerca de 1,5 mil portugueses chegaram ao Brasil em suas 13 caravelas, sob o comando de Pedro Álvares Cabral. Em 22 de abril de 1500, avistaram o Monte Pascoal, situado no atual Estado da Bahia. Estava consagrado o Dia do Descobrimento do Brasil.

 


Como a história é de conhecimento geral, peço-lhes permissão para fazer a abordagem sobre a gratidão e o amor que temos por esta Nação fantástica em todos os sentidos.

 

Sem diminuir esses nobres sentimentos de quem quer que seja, nós, brasileiros descendentes de imigrantes japoneses, italianos, espanhóis, alemães, árabes e chineses, entre outros, mais do que ninguém devemos adoração eterna a esta Nação! Pertence ao povo que abraçou fraternal e humanitariamente nossos ancestrais imigrantes.

 

Traduzo esse sentimento com a recomendação que meu avô, Tokuji Abe, repetia constantemente durante o jantar, com a família reunida à mesa: “Amar este País, de todo o coração, ajudar o povo em tudo o que for possível e fazer mais pelo Brasil que os próprios brasileiros”. Mais do que palavras na mente da criança que fui, são princípios e ensinamentos gravados na minha alma, que me fazem respeitar e amar infinitamente este povo e este País.

 

Ao ouvirmos o Hino Nacional, um dos símbolos nacionais, além da emoção, fazemos a reflexão que nos leva ao êxtase, pela música e pela letra. Conduz a alma para o quanto devemos agradecer a Pátria amada e idolatrada, Brasil.

 

Do início ao fim, o Hino Nacional Brasileiro é irretocável! Registro algumas estrofes:

“Gigante pela própria natureza. És belo, és forte, impávido colosso! E o teu futuro espelha essa grandeza”.

“Do que a terra, mais garrida. Teus risonhos, lindos campos, têm mais flores. Nossos bosques têm mais vida. Nossa vida no teu seio, mais amores”.

“Mas, se ergues da justiça a clava forte. Verás que um filho teu não foge à luta. Nem teme, quem te adora, a própria morte”.

“Terra adorada! Entre outras mil. És tu, Brasil. Ó, Pátria amada! Dos filhos deste solo, és mãe gentil. Pátria amada, Brasil!

 

Como foram felizes o compositor Francisco Manuel da Silva, com a música, e o autor da letra, Joaquim Osório Duque Estrada! A eles, nossa eterna gratidão, admiração e reconhecimento!

 

Com humildade, conclamo todos os brasileiros, de nascimento e de coração, a trabalharmos intensamente em benefício desta inigualável Nação. É a única no mundo que proporciona tantos benefícios, advindos da natureza e da bondade da sua gente. Viva 22 de abril, Dia do Descobrimento do Brasil! #AmorEGratidão

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

domingo, 18 de abril de 2021

Leitura é vida

 

Como responsáveis pela boa condução e formação dos filhos e netos, sabemos que a educação é medida primordial no seu mais amplo sentido. Embora nascidos em lar humilde, de descendentes de imigrantes japoneses,  desde a idade tenra, sempre fomos contemplados pela educação familiar que, na linguagem japonesa, significa katei kiyôiku. É a formação ombreada com a educação escolar – gakkô kiyôiku.

 

Hoje, 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil, agradeço e homenageio as ilustres personalidades que, vocacionadas por Deus, produzem primorosas obras literárias. São verdadeiramente missionários. A data foi uma justa escolha para celebrar o maior escritor brasileiro de livros direcionados ao público infanto-juvenil: José Bento Monteiro Lobato, o Monteiro Lobato, nascido em Taubaté/SP, no dia 18 de abril de 1882, e falecido em 1948.

 

Monteiro Lobato é conhecido como o “pai da literatura infantil brasileira”. Ganhou notoriedade após sua morte, quando a série Sítio do Picapau Amarelo foi adaptada e exibida na televisão. Crianças e jovens deslumbram-se até hoje com Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Rabicó, Dona Benta e outros que exploram um mundo de fantasia, dialogando com personagens e fatos históricos, assim como com o folclore nacional.

 

O Dia Nacional do Livro Infantil estimula editoras, escolas, bibliotecas públicas e órgãos governamentais a discutirem a importância da literatura infantil na cultura brasileira.

 

Essas foram as principais razões para que, em nossas duas gestões como prefeito de Mogi das Cruzes (de 2001 a 2008), a Secretaria Municipal de Educação, em total sinergia com os demais setores do Executivo, trabalhou intensamente para proporcionar às crianças e jovens uma formação com qualidade excepcional. Modéstia à parte, revolucionamos a educação municipal mogiana. No que tange à leitura, destaco a implantação das bibliotecas comunitárias em todos os quadrantes do Município, numa feliz parceria com associações de bairros, e a criação de salas apropriadas de leitura e das inéditas bibliotecas multimídia nas escolas da rede municipal, com funcionamento aos finais de semana, feriados e férias para atender também a comunidade. Com certeza, foram iniciativas de alta repercussão social positiva!

 

Para ilustrar publico uma foto, tirada em 02/11/2018,  com meu neto Raphael, leitor voraz que, na época, tinha 7 anos. Conclamo todos os pais a conduzirem seus filhos para o hábito da leitura diária. Além de representar excelente alicerce na evolução educacional, contribuindo em todas as fases do ensino, a leitura é, acima de tudo, uma ferramenta imprescindível na formação humana e profissional, dentro de um universo de benefícios que gera. #Bem-Estar #LiteraturaInfantil 

 


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Mãos de Deus

 

Por maior que seja a tragédia, Deus sabe o que faz e, nas mãos Dele, as pessoas envolvidas pelo infortúnio encontrarão conforto para continuar vivendo e lembrando dos entes queridos que, do universo celestial, as estarão protegendo, guiando e abençoando.

 

No dia 22 de março, deparei-me com a seguinte notícia: “Avó de trigêmeos que perderam a mãe, morre uma semana após as filhas”. A tragédia familiar ocorreu em Parisi/SP. Em 2016, Ana Paula de Faria havia virado uma espécie de celebridade, após participar do programa da Ana Hickman, na TV Record, com os trigêmeos recém-nascidos (Pedro, Paulo e Felipe). Em setembro último, seu marido, Renato Santos, pai dos trigêmeos, morreu em acidente automobilístico. Ana Paula escreveu no Facebook: “Cinco meses sem você, a saudade aperta, o peito dói, as lágrimas rolam e não tem nada que se possa fazer. Nada, nada, nada preenche esse vazio que você me deixou e eu estou aqui procurando uma forma pra seguir em frente. Você me deixou três motivos para isso”. 

 

Desde o início de março deste ano, Ana Paula (36), sua irmã Karina (33) e a mãe Valentina (66), avó dos trigêmeos, estavam internadas na Santa Casa de Votuporanga/SP, vítimas da Covid-19. Com a piora do quadro clínico, Dona Valentina sequer soube do falecimento da filha Karina (tia dos trigêmeos), ocorrido no dia 13/03, visto que as três estavam sedadas na UTI, lutando pela vida. Dois dias depois, outro baque familiar: morre Ana Paula, mãe dos trigêmeos. Tudo indicava que Dona Valentina iria reagir e superar a doença para cuidar dos netos. Mas, Deus a levou também.

 

Apenas Lucas (18), filho mais velho de Ana Paula, melhorou e está em casa. Foi o único adulto da família que conseguiu superar o vírus. Como ficarão os trigêmeos que estão com 5 anos? Na Sexta Santa, li a alentadora notícia de que Douglas, tio e padrinho dos trigêmeos, vendedor e residente em Votuporanga/SP, conseguiu a adoção dos sobrinhos.

 

Com certeza, foram as mãos salvadoras de Jesus Cristo! Douglas reside com a esposa e a filha de 1 ano numa pequena casa.  Leva uma vida bem humilde. Por isso, Lucas, o irmão mais velho dos trigêmeos, foi morar com o pai biológico.

 

Douglas planeja oferecer melhores condições de vida aos sobrinhos. Mais uma vez, a bondade de Deus toca os corações para amparar a família com doação de alimentos, roupas e sapatos. Almas solidárias do mundo inteiro se juntaram numa campanha virtual para contribuir com a construção de um quarto e a aquisição de um veículo de sete lugares. Em aproximadamente 72 horas, quase R$ 90 mil foram arrecadados. A vaquinha prosseguirá para que Douglas também possa garantir formação educacional e acompanhamento psicológico aos trigêmeos.

 

Sim, estamos exaustos com acontecimentos diários repletos de adversidades, preocupações e sofrimento. Mas, como diz o ditado, “a esperança é a última que morre!” Os fatos mostram que, em meio à tragédia, vêm a solidariedade, compaixão, caridade e amor para aliviar a dor e a saudade. Pratiquemos esses sentimentos, que são instrumentos divinos para dar forças a quem mais precisa! #Solidariedade #Fé #MuitoAmor

 


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Mobilidade urbana

Um dos maiores problemas das médias e grandes cidades do mundo tem sido a mobilidade urbana. De difícil solução e fonte de prejuízos de ordem econômica, social, de saúde e segurança. Virou tabu para entes federativos sem recursos suficientes e cidades centenárias com vias públicas estreitas, visto que as intervenções urbanas exigem altos investimentos em obras e desapropriações, além de vencer restrições culturais e ambientais.

 

No Brasil, temos outro grande problema. Ignorando a dimensão continental do nosso País, governos, desde Vargas, abraçaram o modelo de desenvolvimento econômico ancorado na indústria automobilística, em detrimento do modal ferroviário que foi esfacelado até o sucateamento total. Perdemos o equilíbrio necessário entre os sistemas de transportes.

 

Nossa Mogi das Cruzes/SP não foge à regra. Quando assumimos a Prefeitura, em 2001, moldamos o desenvolvimento e as demandas da população a partir do PGP – Plano de Governo Participativo. Visitamos cada palmo da Cidade para ouvir a comunidade, em reuniões noturnas. Modéstia à parte, reputo que fomos eficientes e felizes.

 

Todas as reivindicações da comunidade foram analisadas pelo grupo de trabalho (15 especialistas voluntários), sob a coordenação dos eficientíssimos Mel Tominaga, jornalista/comunicadora social, e João Francisco Chavedar, arquiteto/urbanista. Todos tinham qualidades excepcionais, como sensibilidade, dedicação, competência e lealdade. Desta cruzada, nasceu o PGP, um autêntico Plano Diretor. Na posse como prefeito, em 1º de janeiro de 2001, já tínhamos selecionado e convidado os futuros colaboradores da administração, com a missão de cumprirem por inteiro o PGP e agregarem valores necessários. Evidentemente, a Mel assumiu a Comunicação Social e o Chavedar, o setor de planejamento urbano, em meio a dezenas de profissionais formidáveis.

 

Realizamos uma verdadeira revolução administrativa, numa demonstração inequívoca de respeito à vontade da comunidade que acreditou e nos apoiou integralmente. Coube à criada Secretaria de Transportes e órgãos subordinados a hercúlea tarefa de implementar programas, como os de mobilidade urbana. No transporte coletivo, imediatamente, implantamos a tarifa única, visto que a permissionária, com 65 anos de atuação, praticava a cobrança de passagens conforme a distância percorrida. Por exemplo, quem residia nos distritos de Quatinga, Taiaçupeba, Sabaúna e Biritiba Ussu pagava três vezes mais caro pela passagem em comparação com moradores de bairros periféricos, como Alto do Ipiranga, Jardim Camila e Mogi Moderno. Situação semelhante ocorria nos distritos de Jundiapeba, Braz Cubas e Cezar de Souza.  

 

Sob o comando do amigo e competentíssimo Cel. Nobuo Aoki Xiol, a pasta de Transportes implantou o programa de modernização da frota (ônibus com, no máximo, de três anos de uso), o cartão magnético para pagamento de tarifa, o transporte escolar em total conexão com a Secretaria Municipal de Educação – comandada pela inigualável Professora Maria Geny Borges Ávila Horle –, o passe escolar, cartão do idoso para isentar a tarifa a partir de 65 anos, ônibus acessíveis para pessoas com necessidades especiais, construção do terminal de passageiros no Mogilar, entre outros. Também cumprimos a Constituição Federal extinguindo o monopólio de 65 anos da permissionária. Após concorrência pública, as duas vencedoras iniciaram a atividade de transporte público em 2005, seguindo o dispositivo legal que estabelecia vigência contratual de 5 anos e nova concorrência pública por idêntico período. Em acordo amigável, também extinguimos o transporte alternativo (perueiros), reorganizamos o serviço de taxistas, com acréscimo de inúmeros pontos e padronização dos veículos.   

 

Contudo, vejo como grande investida de mobilidade urbana a implantação das inéditas ciclovias e ciclofaixas. Era um tempo em que essas estruturas existiam em pouquíssimos municípios. Não eliminava a falta de mobilidade urbana mas, com certeza, contribuía muito com moradores de bairros mais afastados do centro, que se deslocavam de bicicleta.

 

A primeira foi implantada na Av. Gov. Adhemar de Barros Filho (diminuindo a faixa para veículos) para ligar o Centro com o Distrito de Jundiapeba, numa extensão de 4,9 mil metros, margeando os trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

 



A segunda foi na Av. Francisco Rodrigues Filho (após a duplicação da via e construção de ponte sobre o Rio Tietê), utilizando a calçada esquerda, ligando o Centro a Cezar de Souza, numa distância de 1,845 mil metros. Essa rota atende os moradores do Distrito, como também os frequentadores do Parque Centenário.

 


A terceira foi na Av. Engº  Miguel Gemma (após a duplicação da via), utilizando o canteiro central, para conectar a R. Júlio Perotti (Jardim Armênia) com os moradores da região, inclusive do Conjunto Habitacional Toyama, localizado Rod. Mogi/Salesópolis, num trecho de 1,5 mil metros.

 


Portanto, as três estruturas implantadas em nossas duas gestões como prefeito somam 8,245 mil metros. Sofrem críticas porque são de construção modesta. Fato é que em 2001, quando assumimos, Mogi das Cruzes de 441 anos não tinha uma única ciclovia/ciclofaixa, sob a justificativa de apresentar vias muito estreitas.  

 

Nosso consolo é que, passados de 15 a 20 anos de sua implantação, as estruturas lá se encontram da forma concebida, prestando serviços à população. As ciclovias são fundamentais para melhorar a mobilidade urbana. Pesquisa oficial demonstra que, nos últimos seis meses, houve um crescimento de 66% na utilização de bicicletas na Capital paulista.

 

Apoio integralmente os esforços dos integrantes do coletivo de ciclistas MTB Mogi e da Prefeitura que, no ano passado, protocolaram uma justa reivindicação à CPTM no sentido de que autorize a utilização de reduzida faixa da linha férrea para a construção de moderna e segura ciclovia, ligando os Distritos de Jundiapeba e Cezar de Souza, numa distância de 15 quilômetros. Se concretizada, contribuirá demais com a mobilidade urbana em Mogi, oferecendo benefício incalculável para grande parcela da população, nas suas variadas atividades diárias. Reflexos positivos para saúde, economia, meio ambiente e bem-estar social. #MaisCiclovias

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 6 de abril de 2021

Vigília da felicidade

 

Neste longo período de isolamento social, notadamente para pessoas com idade mais avançada, as reflexões sobre a vida tendem a aumentar. Aí, deparei-me com a notícia sobre o Relatório de 2020, da Gallup Word Poll, sobre os países mais felizes do mundo.

 

Pela 4ª vez, a Finlândia levou o título de nação mais feliz do mundo, à frente de Islândia (2º) e Dinamarca (3º). O Brasil ficou em 41º, porém, antes da China (52º), Portugal (53º) e Colômbia (54º). A classificação alicerça-se em situações bem definidas: níveis do Produto Interno Bruto (PIB), expectativa de vida, generosidade, apoio social, liberdade, renda e uma confiança mútua entre sociedade e o poder público. Frustra minha avaliação antecipada sobre itens como clima tropical, condições hídricas, miscigenação ética, povo extrovertido e generoso, dentre outros fatores preponderantes no Brasil.

 

Dentre os critérios do Relatório, curvei-me sobre os elementos PIB e confiança mútua povo-poder público, os itens faltantes neste gigante e fantástico Brasil. Sem pretensão de especialista, analiso humildemente a correlação entre felicidade, um país e seu povo. O dicionário nos ensina que o sinônimo de felicidade pode ser alegria, satisfação, contentamento, bem-estar, prazer, júbilo, gosto, deleite, regozijo, euforia, bem-aventurança, sorte, vitória, triunfo, glória, etc... As pessoas entendem de diversas formas a maneira de ser feliz. Para uns, é encontrar um parceiro(a) ideal; para outros, é ganhar muito dinheiro. Enfim, cada qual sente-se feliz de formas idênticas e diferentes, mas todos clamam por bem-estar, alívio dos sofrimentos e realização.

 

Para atingir esse intento, é necessário alcançar a paz interior e isso vem antes de conquistas campo materiais. A felicidade e a paz interior não são restritas a determinadas classes sociais e nem permanentes. Os altos índices de depressão, dependência química e suicídios, proporcionalmente, atingem mais as classes abastadas, em contraste com famílias humildes que, sem posses, são felizes, com união, alegria e harmonia entre seus entes queridos.

 

As reflexões nos levam à condição de que ser feliz e ter paz interior são estados naturais do ser humano. Independem de cor, credo, renda e gênero. São estados emocionais de pessoas que gozam de plena harmonia no seu entendimento sobre a vida, com otimismo e gratidão por poder existir, respirar e se alimentar.

 

Ser feliz não significa sentir prazer o tempo todo. Felicidade é viver e desfrutar o momento presente, como também fazer algo com um objetivo futuro, uma meta que faça sentido a longo prazo.



Nesta reflexão, sinto-me privilegiado! Mesmo como cristão católico, na adolescência, tive a oportunidade de acompanhar constantemente meus avós ao templo budista. Ouvia atentamente os sermões dos monges, que calaram fundo na minha mente como lição de vida. Aprendi que cada um precisa alcançar a paz de espírito para ser feliz, e que a felicidade não é permanente. É efêmera, como o dia e a noite; o verão e o inverno. Acima de tudo, cada um tem de valorizar profunda e conscientemente cada momento para sentir felicidade.  


Privilegiados por vivermos num país fantástico, nós, brasileiros, temos o dever de participar efetivamente dos assuntos que envolvem a sociedade. No campo político, não basta reclamar, mas sim, exercer acompanhamento e fiscalização dos agentes políticos, governantes e gestores públicos de todas as esferas de poder. Assim, podemos aumentar os momentos de felicidade, conquistando um dos itens no Relatório da 
Gallup Word Poll: a confiança mútua entre a sociedade e o poder público. #PovoMaisFeliz


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Tempo de altruísmo

 

Com muita humildade e privilégio, sou cristão católico mas, conscientemente, sinto que deixo a desejar. Mesmo assim, falo desta Sexta-Feira Santa, considerada feriado nacional por lei federal (nº 9.093, de 12 de setembro de 1995). Evidente que nós, cristãos, jamais podemos encará-la como dia de lazer ou de descanso.


A Sexta-Feira Santa rememora o significado do dia em que Jesus Cristo foi crucificado. Também é chamada de Sexta-Feira da Paixão que, em latim, quer dizer sofrimento. O sacrifício do Nosso Senhor deve inspirar uma profunda reflexão das nossas condutas diante de nós mesmos, da nossa família, amigos e sociedade. Isto vai muito além de penitências, como jejum e abstinência de carne ou qualquer prazer material. Jamais, em momento algum, podemos nos esquecer que Jesus Cristo se doou em sacrifício por todos nós, em prol da humanidade. Momento antes da crucificação, o Filho de Deus perdoou os seus algozes, nos ensinando o quanto o perdão é divino.


Jesus Cristo enfrentou o Calvário e morreu fisicamente na Sexta-Feira Santa. Assim, o tríduo pascal tem início na noite de Quinta-Feira Santa e termina no Domingo de Páscoa, quando se comemora a Ressurreição de Jesus Cristo.



Presente em todos os lugares em tempo integral, Jesus nos ensina a magnitude do perdão, respeito, solidariedade, humildade, paz, caridade, altruísmo, bondade, desapego, compaixão, devoção e amor, entre tantas virtudes que precisamos incorporar em nossa jornada. Paralelamente, nos instrui a rechaçar atitudes e palavras contrárias aos Seus ensinamentos: ganância, egoísmo, desumanidade, crueldade, ódio, indiferença, desavença, omissão, inveja, arrogância, vingança e materialismo, dentre outras.


Com este modesto texto, faço sinceros votos para que a figura do Filho de Deus nos oriente, em todos os momentos para combatermos o mal e praticarmos o bem com humildade, sem esperar qualquer reconhecimento, mas com a alma cheia de gratidão, em prol dos mais necessitados, das nossas famílias, do amigos, da sociedade e de todo o planeta. Como fez Jesus Cristo.


Encerro pedindo aos governantes que cumpram seus deveres, proporcionando  maciça imunização à população! Aos negacionistas, aos promotores e participantes de festas e aglomerações ilegais, peço que se sensibilizem e recuem neste momento dramático, em que uma pessoa morre a cada 36 segundos no Brasil, vítima da Covid-19. Mais do que nunca, é tempo de altruísmo e espírito humanitário para honrar a memória Daquele que deu a vida por nós e, apesar de todas as nossas imperfeições, segue nos acolhendo, orientando e amando! #VivaJesusCristo #AmorDoFilhoDeDeus

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo