terça-feira, 29 de agosto de 2023

No cume da montanha

 


#ConstruçãoFabulosa – Na internet, há fotos incríveis de mosteiros construídos no século 15, no cume de penhascos com mais de 400 metros de altitude em relação à planície. Divido uma história com vocês, visto que vale a pena alargar os nossos conhecimentos. Nos idos anos do século 14, o monge cristão grego, Atanásio, vivia no Monte Atos e levava uma vida asceta. Ou seja, seguia a doutrina filosófica baseada na abstenção dos prazeres físicos e psicológicos como princípio para atingir a perfeição, o equilíbrio moral e espiritual.

 

O problema que o monge Atanásio enfrentava na época era o fato de Montes Atos ser alvo constante de pessoas sem vocação para o ascetismo, como piratas turcos que atacavam os mosteiros e os monges. Como alternativa, os monges dispersaram-se para as planícies da Tessália, região central da Grécia, que eram habitadas por eremitas, em locais montanhosos de formação rochosa propícios ao isolamento.

 

Depósitos de rocha, areia e lama, elevados pelos movimentos tectônicos e, posteriormente, moldados por água, vento e altas temperaturas por milhões de anos, esculpiram os fabulosos picos de Meteora, com 400 a 600 metros de altitude acima do nível da planície da Tessália.

 

Nos tempos do monge Atanásio, a Grécia integrava o Império Bizantino. Porém, no século 15, além das frequentes ameaças dos turcos, o país acabou dominado pelo Império Otomano. Os acontecimentos levaram os monges cristãos a se refugiarem na região de Meteora, onde construíram seus mosteiros no cume dos penhascos.

 

A história não comenta de que forma os mosteiros foram construídos no alto dos penhascos, com mais de 400 metros de altitude e acesso por escadas precárias. A explicação está na assombrosa demonstração de fé e persistência do monge Atanásio. A história registra que outros monges seguiram o mesmo espírito e ergueram mais 24 mosteiros, igualmente nos cumes das montanhas rochosas.

 

Atualmente, mesmo com o avanço extraordinário da tecnologia, é difícil imaginar uma construção dessa envergadura. Então, como mensurar o feito daquela remota época? Creio ser a mesma interrogação que permeia as fabulosas pirâmides no Egito, nos anos 2.686 a 2.181 a.C. 

 

Restam somente seis mosteiros em funcionamento, que podem ser visitados. Têm acesso por escadas diretamente escavadas nas rochas. O mosteiro de Santo Atanásio é o mais difícil, com escadaria de 300 degraus. Uma boa visita ao mosteiro, junto a outros pontos de interesse na região com belas paisagens, ruínas, cavernas e museus, requer dois dias inteiros.

 

Quem puder visitar essa região grega encontra pacotes turísticos, com parte do percurso coberto por veículos, trens e ônibus, a partir das cidades de Atenas e Tessalônica. Incluí a fantástica foto do mosteiro de Santo Atanásio, construído no século 15, no cume da montanha rochosa de Meteora, a 400 metros de altitude em relação à planície de Tessália, na Grécia. Em 1988, a região foi catalogada como “Patrimônio Cultural da Humanidade” e desperta um profundo orgulho dos gregos. E não é para menos! #NoCumeDaMontanha

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Parceiros nas bancas

 


#DiaDoFeirante – Hoje é dia de homenagear os profissionais que acordam de madrugada e trabalham até o anoitecer, comercializando em suas bancas, principalmente, os produtos hortifrutiflorigranjeiros, frescos e de qualidade. Estão nas praças e vias públicas autorizadas pelas prefeituras. Nas feiras livres, além dos vegetais, encontra-se de tudo. De utensílios domésticos a roupas. E, claro, saborosas comidas alavancadas pelos famosos pastéis que são imperdíveis. Os protagonistas são os feirantes. 

 

A 1ª feira livre no Brasil ocorreu em 25 de agosto de 1914, no Largo General Osório, bairro de Santa Efigênia, em São Paulo, durante o mandato do prefeito, Washington Luís, que oficializou a atividade pelo Ato nº 625 (transformado posteriormente na Lei nº 492, de 1984). Foi em atenção aos chacareiros da época, imigrantes portugueses que não sabiam o que fazer com os produtos não comercializados em quitandas e empórios. Com a modalidade das feiras livres, conseguiam vender tudo diretamente aos consumidores.

 

O visual das feiras livres é atraente e acolhedor. Hortifrútis e flores dão um colorido especial ao ambiente. Registro o esforço de algumas administrações municipais, que proporcionam coberturas das feiras livres como proteção contra as intempéries. É um reconhecimento público de como essa atividade é fundamental, realizando a salutar sinergia entre os setores produtivo e de consumo.

 

Faça sol, faça chuva, os feirantes trabalham os sete dias da semana, nos finais de semana e feriados, sem férias, alimentando a generosa população que curte comprar ou simplesmente passear nas feiras livres. Reconhecemos os sacrifícios dos feirantes, merecedores de respeito, admiração e gratidão geral, principalmente dos agricultores, visto que são importantes parceiros no escoamento de produtos altamente perecíveis. Destaco uma frase de autor desconhecido:

“Todo dia é dia dos feirantes, mas hoje vamos reforçar ainda mais a contribuição deles em nossa sociedade. Madrugadas e uma jornada dedicada a servir os clientes, sempre com qualidade e simpatia”.

 

Parabéns, feirante, pelo trabalho e carinho de sempre! #ParceirosNasBancas

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Crise do mercúrio

 

#Contaminação – Pesquisa inédita realizada de março de 2021 a setembro de 2022 pela Escola Nacional de Saúde Pública Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), junto com outras renomadas instituições, constatou em 1.010 peixes, consumidos pela população de seis estados da região amazônica, níveis de contaminação por mercúrio, metal mortal aos seres vivos, acima do limite aceitável (maior ou igual a 0,5 micrograma por grama), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Em média, o índice de contaminação encontra-se 21,3% acima do recomendado. A causa é a atividade de garimpos ilegais que usam o mercúrio para separar o ouro de outros sedimentos descartáveis.

 

Para se ter ideia, no Estado de Roraima, 40% dos peixes analisados possuem índices de mercúrio superiores ao limite legal. No Amazonas, há cidades em que mais de 50% dos peixes estão contaminados. Além de Roraima e Amazonas todos os rios do Acre, Amapá, Pará e Rondônia estão contaminados. As amostras indicam que 80 espécies de peixes vendidos nos estabelecimentos comerciais desses estados estão contaminados com o metal.

 

Os médicos apontam a gravidade do problema, porque o mercúrio é um elemento metálico tóxico em razão da capacidade de bioacumulação. Não é eliminado pelo organismo e, portanto, acumula-se no corpo ao longo da vida. Dentre diversos sintomas, estão fadiga, falta de sensibilidade nos membros superiores e inferiores, distúrbios nos sistemas digestivo, nervoso e renal, no fígado, rins e alteração na coordenação motora, além de quadros psicóticos.

 

O consumo de água e dos alimentos contaminados, além do manuseio de mercúrio no ambiente de trabalho, sem a devida proteção, comprometem a saúde humana e dos animais, levando-os à morte.

 

Portanto, além de cessar desmatamento e queimadas da floresta amazônica, o impedimento imediato do garimpo ilegal se faz uma necessidade absoluta e prioritária dos poderes públicos.

 

Transcrevo o alerta da Fiocruz sobre a contaminação de mercúrio: “Recomendamos às autoridades públicas ter maior controle do território amazônico, com efetiva fiscalização, combate e erradicação do garimpo ilegal em toda sua extensão, como também sobre quaisquer outras fontes emissoras de mercúrio”. #CriseDoMercurio

 

(Foto: Fiocruz/UFOPA/Greenpeace/Iepé/ISA/WWF-Brasil/Divulgação)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Perdoar é divino!

 

#SublimePerdão – Um dos sentimentos mais difíceis de externar é o perdão. Seja entre irmãos, familiares, amigos ou pessoas estranhas. Falo do legítimo ato de perdoar e não apenas para tapar o sol com a peneira. Como a vida é uma escola, com o passar dos anos, ensinamentos, sugestões e religião, dentre outras condições, vamos nos condicionando ao exercício sublime e divino de perdoar as pessoas. Claro, não é uma regra geral, visto que sempre haverá exceções.

 

Perdoar as pessoas faz um bem danado! Muito mais para quem consegue perdoar do que para o perdoado.

 

Comento o acontecimento que envolveu o competente técnico de futebol do Palmeiras, Abel Ferreira, que, após o jogo com o Atlético-MG, no estádio do Mineirão, tomou o celular do jornalista Pedro Spineli, da TV Globo. Foi em 28 de maio último, no momento em que ele filmava uma discussão entre o dirigente alviverde, Anderson Barros, e o 4º árbitro da partida, Ronei Cândido Alves. Uma verdadeira agressão contra o exercício da livre imprensa, com ímpeto desmedido de censura.

 

Após a gigantesca repercussão do fato, o técnico Abel Ferreira apresentou as devidas desculpas ao jornalista e à diretoria da Globo. Não se sabe se foi aconselhado pela agremiação, em razão de severas punições que poderia receber do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), ou efetivamente guiado pelo arrependimento. 

 

Sem entrar no mérito da atitude do técnico Abel, pode-se dizer que o individualismo e a prepotência, imperceptivelmente, impulsionam as pessoas aos erros. O episódio exemplifica incontáveis falhas que cometemos na vida. No frigir dos ovos, as forças divinas nos instruem a pedir perdão pelos acontecimentos, o que faz tão bem à alma. Destaco uma frase curta e simples de autor desconhecido, que denota a magnitude do amor ao próximo: “Errar é humano, perdoar é divino”. #PerdoarÉDivino

 

(Imagem: https://curtonews.com/esportes/abel-ferreira-e-flagrado-tirando-celular-da-mao-de-jornalista-e-video-viraliza/)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Enfim, escolas de tempo integral!

 

(Foto: Arquivo/PMMC)

#EscolasDeTempoIntegral – O ensino de qualidade produz as diferenças entre os povos e países. Em especial, no mundo globalizado. É o principal alicerce da liberdade de pensamento, de expressão, da livre imprensa, da livre concorrência e, fundamentalmente, de nações soberanas, livres e democráticas.

 

Somente conseguiremos um ensino de qualidade com a união entre poder público e sociedade civil, integralmente irmanados. Claro, com significativos e permanentes investimentos, porque o ensino de qualidade está umbilicalmente ligado às Escolas de Tempo Integral, que triplicam as despesas.

 

Não há possibilidade alguma de atingir o ensino de qualidade sem a existência de Escolas de Tempo Integral, ou seja, oito horas diárias de aulas, com disciplinas elementares somadas às aulas de cultura, artes, esportes, informática e outras das frentes cultural, esportiva e intelectual, com a oferta de cinco refeições.

 

É imprescindível haver prédios acolhedores e amplos para aulas teóricas e práticas, além de magistério super reconhecido e valorizado, juntamente com os demais funcionários da escola. Tudo, sem esquecer da estreita parceria das unidades com as associações de pais e mestres e da total interação entre todas as secretarias municipais.

 

Foi com esses pressupostos que, nas duas gestões como prefeito de Mogi das Cruzes/SP (2001 a 2008), investimos significativamente no setor educacional, implementando projetos inovadores à época. Sem falsa modéstia, concluímos a administração com chave de ouro em 2008, quando lançamos o inédito e pioneiro Centro Municipal de Programas Educacionais (Cempre) Professora Ruth Cardoso, construído em prédio adequado para a implementação da Escola de Tempo Integral. Foi um êxito total! Até hoje, as administrações sucessoras investem nesse modelo vitorioso.

 

Toda gratidão à fabulosa equipe da Secretaria Municipal de Educação e a todos os demais servidores que se dedicaram intensamente em prol da população mogiana, escrevendo uma história de referência para o Brasil inteiro. 

 

Essas considerações vão ao encontro do lançamento, pelo atual governo, do Plano Nacional de Ampliação de Escola em Tempo Integral, com investimento da ordem de R$ 4 bilhões, objetivando atingir 1 milhão de estudantes, ainda neste ano, e um total de 3,2 milhões de crianças e jovens, do Infantil ao Ensino Médio, até 2026, em Escolas de Tempo Integral.

 

Antes tarde do que nunca, a educação de qualidade, com as Escolas de Tempo Integral, fará jus ao abençoado País e ao maravilhoso povo brasileiro, sedento de justiça social, dignidade, sucesso e paz, que fazem por merecer! #TempoIntegral #EnsinoDeQualidade


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Triste realidade

 

#DesmonteAmbiental – Se esperávamos que, no novo governo, o meio ambiente e a defesa dos povos indígenas teriam os devidos ajustes com proteção e preservação, ficamos a ver navios. Por não ter apoio parlamentar suficiente no Congresso, principalmente na Câmara dos Deputados, o atual governo sofreu uma derrota devastadora. Refiro-me ao Projeto de Lei que institui o Marco Temporal. Os parlamentares modificaram a proposta, concedendo brechas para o garimpo e abertura de estradas em terras indígenas. Um retrocesso total para o meio ambiente e prejuízo gigantesco para o Brasil.

 

Além das perdas ao meio ambiente e às terras indígenas, as consequências são desastrosas para as áreas econômicas e sociais. Afinal, vivemos num mundo global, como se fosse uma única aldeia. Nações importadoras da maior riqueza atual do Brasil, os produtos agropecuários (commodities), fazem questão de selo de qualidade, comprovando a origem e a isenção de quaisquer agressões ao meio ambiente e ao consumidor pelo país exportador.

 

Além dos produtos de exportação, os fundos de investimentos internacionais de que o Brasil tanto necessita para o desenvolvimento sustentável sofrem riscos enormes de cortes. Incluem-se as contribuições ao Fundo Amazônico de países como Noruega, Dinamarca e Alemanha.

 

Infelizmente, os deputados federais esquartejaram as estruturas dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, tirando-lhes competências para combater o desmatamento e o garimpo ilegais, a grilagem de terras, o mau uso dos recursos hídricos e o descarte irregular de resíduos e efluentes. Mais ainda, mudaram as leis vigentes em defesa da Mata Atlântica, nas regiões litorâneas de norte a sul do Brasil, flexibilizando-as contra as restrições atuais existentes sobre o que sobrou desta reserva. Os parlamentares também desfiguraram o Ministério dos Povos Indígenas, entendendo que eles detêm áreas desproporcionais ao número de habitantes.

 

Não adianta o Congresso afirmar que devemos explorar nossos minérios antes que os estrangeiros invadam o País. Não adianta se preocuparem com o aquecimento global, acusando os organismos internacionais, inclusive a ONU, à medida em que implodem o próprio país, as leis restritivas e as estruturas ministeriais de proteção socioambiental, que são sinônimo de desenvolvimento sustentável.

 

Infelizmente, o governo muda os rumos e começa a atender às pressões do Centrão, referentes à liberação de mais ministérios, mais cargos e emendas parlamentares, sem cobrar sensibilização quanto às perniciosas mudanças nas estruturas administrativas. 

 

Salvo algumas lideranças da sociedade civil que aparecem com suas justas críticas, o restante, envolvendo grandes representações de agropecuaristas, industriais, comerciais, de serviços e de profissões liberais, todos permanecem calados e passivos, vendo o bonde passar.#TristeRealidade

(Imagem de queimada em Apuí, no Amazonas: Christian Braga/Greenpeace)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Peixe-Pênis comestível

 

#Curiosidade – Já ouviram falar de Peixe-Pênis? É uma espécie de verme marinho extremamente parecida com o órgão genital masculino. No início de julho, um fenômeno levou milhões de peixes-pênis às praias da região de Murtillar, na província de Rio Grande, na Argentina. Estudiosos acreditam que os peixes-pênis (nome científico: Urechis unicinctus) tenham aparecido por causa das tempestades que deixaram o mar agitado, visto que, normalmente, enterram-se nas areias.

 

A grande surpresa é que são comestíveis! Segundo especialistas, esses vermes, que medem 30 centímetros, existem há mais de 300 milhões de anos, podendo viver até 25 anos. Alimentam-se de detritos orgânicos que ficam depositados no fundo do mar. Por outro lado, são alimentos para peixes, como tubarões, e lontras-marinhas. Não oferecem perigo algum aos humanos.

 

Em muitos países do continente asiático, os peixes-pênis são vendidos em mercados de rua e servidos crus, com um molho de óleo de gergelim ou vinagre com molho de soja. Também podem ser cozidos ou grelhados no espeto, com sal, pimenta e óleo de gergelim.

 

Na China, Coréia do Sul e em outros países da Ásia, são considerados iguarias sendo extremamente procurados. Aliás, devido ao formato cilíndrico semelhante ao pênis, existe a crença de afrodisíaco, porque contém os peptídeos (são compostos formados pela união de dois ou mais aminoácidos por meio de ligações peptídicas), que agem contra a disfunção erétil.

 

Curtindo mais um aprendizado que a vida proporciona, compartilho a curiosa foto do Peixe-Pênis que, de fato, tem uma enorme semelhança com o pênis humano! #Peixe-PênisComestível

 

(Imagem: Reprodução/Kate Montana/iNaturalist Creative Commons/Redes Sociais)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Igualdade salarial

 

#DignidadeHumana – No Dia Internacional da Mulher (08 de março), o atual governo assinou o Projeto de Lei que estabelece igualdade salarial para homens e mulheres que exerçam a mesma função no trabalho. A diferença salarial, que vinha caindo até 2020, voltou a subir no Brasil, atingindo 22% no fim de 2022, conforme  levantamento do IBGE. Apesar de proibida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a desigualdade é real em todas as atividades econômicas do País. Não é à toa que a Nação figura nas últimas posições do Ranking Internacional de Igualdade Salarial entre homens e mulheres, segundo o relatório da Global Gender Gap Report, de 2020.

 

A desigualdade salarial ou sexismo custa muito para qualquer sociedade e é uma das principais barreiras para as mulheres no mercado de trabalho, além da baixa representatividade do sexo feminino em cargos de liderança. A revista britânica The Economist aponta que “a igualdade de gênero faz bem ao crescimento econômico. Se as empresas tivessem mais mulheres como funcionárias, o Produto Per Capita da América Latina seria 16% maior”. Tudo em razão da diversidade de ideias, que gera avanço econômico comprovado.

 

O Projeto de Emenda à Constituição (PLC) nº 130/2011, aprovado pelo Congresso Nacional em 2021, estabelece multa para as empresas que praticarem diferença de salários para homens e mulheres na mesma função. Porém, a ausência de uma fiscalização mais atuante impede a igualdade salarial entre gêneros de avançar como deveria no Brasil.

 

A recente legislação de igualdade salarial veio somar aos legítimos Direitos da Mulher. Esperamos que seja aplicada, com a devida fiscalização, a justa igualdade salarial entre gêneros para que, com mérito e reconhecimento, possamos proporcionar às mulheres a mesma condição salarial do sexo masculino. A igualdade é a base de um país democrático e, acima de tudo, o porto-seguro da dignidade humana. #IgualdadeSalarial

(Foto: Getty Images)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Poeta dos Escravos

 

#ExpoenteAbolicionista – Permitam-me lembrar do poeta negro Castro Alves, uma personalidade ímpar que, pelas mãos de Deus, serviu a uma das mais justas causas da humanidade, os Direitos Humanos. Um dos principais nomes da literatura brasileira, conhecido como Poeta dos Escravos, denunciou as crueldades da escravidão em textos poéticos: “Deus! ó Deus! Onde estás que não responde? / Em que mundo, em qu’estrela tu / escondes /Embuçado nos céus?”

 

Apesar de estarmos no século XXI, o panorama atual, com guerras, violência e exclusões, só trocou de vestimenta com a época da escravidão. Lamentavelmente, a extrema subserviência aos países poderosos e desenvolvidos esmaga a maioria das nações e seus povos.

 

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na cidade de Muritiba/BA, cujo nome foi mudado para Castro Alves, na Bahia. Desde pequeno, demonstrou paixão pela poesia. Aos 13 anos, recitou seu primeiro texto em público, durante evento na escola. Após mudar para Recife/PE, junto com a família, ele se preparou para ingressar na faculdade de Direito. Foi um período riquíssimo em participações nos grandes momentos históricos. Chegou a fundar uma sociedade abolicionista, em companhia do grande escritor, também poeta, o abolicionista Rui Barbosa e outros intelectuais da época.

 

Depois de concluir a graduação na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, Castro Alves começou a publicar suas poesias, galgando relevância nacional. Veio a morte prematura, com apenas 24 anos, no dia 6 de julho de 1871, em Salvador/BA, que interrompeu seu grandioso futuro. Mesmo assim, ele deixou um precioso e inigualável legado no campo da literatura brasileira. 

 

Poemas de amor, como “Boa Noite” e “Adormecida”, e textos sobre direitos humanos e liberdade como “Ode ao Dois de Julho”, referência à data cívica da independência da Bahia contra a ditadura imperial portuguesa, são obras imortais. Contudo, o tema principal de suas obras foi o abolicionismo, com criações como “Vozes d’África” e “Navio Negreiro”, e obras publicadas em 1883 no livro “Os Escravos”, 12 anos após sua morte. As obras abolicionistas do jovem continuam relevantes, visto que a sociedade atual, com seus modos de exclusão, intolerância, preconceito e violência racista, é semelhante à da época da escravidão.  

 

Castro Alves é considerado uma das figuras mais proeminentes do Movimento Romântico. Com a poesia, levantou questões sociais de sua época, defendendo as grandes causas da liberdade, direitos e justiça, expondo a crueldade da escravidão. Enfim, dando ao romantismo um caráter social e revolucionário. #PoetaDosEscravos

 

(Imagem: Observatório do Terceiro Setor/Reprodução)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo