sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cuidar do corpo é cuidar da alma

Destaque no cenário esportivo? Até outubro de 2006, parecia um sonho distante para Felipe, portador de paralisia cerebral. Realidade: aos 12 anos de idade, ele subiu duas vezes ao pódio e descortinou um futuro promissor na natação. Treinando no Clube Náutico Mogiano, ganhou duas medalhas, ouro e prata, no 1º Campeonato Paraolímpico Escolar para Portadores de Necessidades Especiais.

Jovens como Felipe são de famílias humildes que não teriam como custear o treinamento esportivo. Nasceram com talento. Faltava-lhes apenas oportunidade. Como outros, já descobertos e a serem identificados, eles afloraram no garimpo de um projeto social da Prefeitura de Mogi das Cruzes que, modéstia à parte, poderia servir de modelo a outros municípios. Proporcionando cerca de 3,5 mil atendimentos por ano, o “Sanção Premial” garante isenção do IPTU para clubes que oferecem atividades esportivas e recreativas gratuitas a alunos das escolas municipais.

No campo do desenvolvimento humano e social, o esporte se apresenta como ferramenta indispensável à promoção da cidadania. É ainda uma poderosa vacina contra os males da ociosidade que favorecem a escalada da violência. Não falo só do esporte competitivo. Mas sim, do esporte associado ao lazer, de modo abrangente e acessível. Por décadas a fio, a maioria dos municípios deu pouca importância a essas atividades. Inclusive Mogi das Cruzes que, até o ano 2000, envolvia menos de 10 mil mogianos num único projeto municipal da área.


Com o propósito de reverter esse quadro, assumimos a Prefeitura em 2001, lançando os primeiros programas da série para estimular práticas desportivas e proporcionar lazer. Em 2008, quando deixamos o cargo, os dez principais projetos esportivos – sem incluir os de recreação – registravam média anual superior a 130 mil atendimentos. Foram moldados para beneficiar pessoas de todas as idades.


É o caso do Esporte Mogi, desenvolvido em parceria com a iniciativa privada, para levar atividades esportivas, noções de ética e promoção da cidadania às crianças de bairros carentes da cidade. Com total receptividade popular, o projeto realizava nada menos que 5,5 mil atendimentos por ano.

As revelações do esporte mogiano personificam a evolução do processo que regeu a política municipal adotada para o setor. Todas as ações foram focadas no social. Ou seja, associar prática de esportes e lazer para proporcionar ocupação saudável à população, com prioridade para crianças e adolescentes carentes – combatendo a ociosidade que facilita a rota da violência e das drogas – e para Terceira Idade. Sintetiza a filosofia definida junto com o povo, no PGP – Plano de Governo Participativo.

Mantidas pelo meu sucessor, o prefeito Marco Bertaiolli (DEM), as aulas de esportes – de iniciação à formação de atletas – são ministradas nos centros esportivos, em clubes privados e escolas municipais. Há dezenas de modalidades – de futebol a peteca, passando por xadrez, judô para deficientes visuais e ginástica para Terceira Idade. Sem contar a recreação. Muita recreação.


O lazer é a mola mestra de um dos mais bem-sucedidos projetos de todos os tempos. “A Rua Feliz” está prestes a completar 7 anos de existência – 5,5 anos deles em nossas duas gestões como prefeito, agregando mais de 400 mil atendimentos. Percorre a cidade nos finais de semana, levando brinquedos, atrações musicais e atividades esportivas.

Abrimos o caminho para os esportes e ampliamos as opções de lazer, atendendo as demandas que a população registrou no PGP. O povo conhece bem o poder dessas ferramentas. Guardadas as proporções, são o condão para orquestrar magia semelhante à dos tempos de Copa do Mundo, que veste os corações brasileiros de verde e amarelo e cria uma linguagem única, capaz de nivelar desigualdades em nome da vitória.

Envolvida com esportes e lazer, a comunidade exercita a cidadania e cultiva a integração social. Corpo em dia e mente sã em nome de bens maiores, como mais qualidade de vida e menos violência. Nesse campeonato, se joga todo dia. Os craques são os participantes dos projetos. Nada de mitos. Há gente comum cumprindo seu papel. E isso faz toda a diferença na estrada onde a única derrota é a desistência.
Junji Abe (DEM) é ex-prefeito de Mogi das Cruzes

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