quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Missão de ensinar e aprender

"Eleger a educação como prioridade é decisão
de governo. E isto deve ser feito nas três esferas"
A realidade mostra que o educador está longe de motivos para comemorar o Dia do Professor. Em nosso Estado, o setor está às voltas com a propalada reorganização escolar que, em tese, seria uma proposta promissora. Porém, arremessada de forma atabalhoada e sem prévia discussão com a comunidade, desencadeou rumores de fechamento de escolas e dispensas. Nada teve confirmação oficial, mas serve para aterrorizar mais um segmento extremamente fragilizado por sucessivas manifestações de descaso governamental.

A valorização do professor passa, obrigatoriamente, pelo aumento de salário. Mesmo que a correção venha de forma escalonada, tem de começar já. O governo tem falhado no reconhecimento e aprimoramento do profissional, assim como na oferta de condições para que o educador desenvolva suas funções. Parte da sociedade repete o malfeito, deixando de dar aos filhos educação no lar. E joga a responsabilidade nas costas do educador.

Eleger a educação como prioridade é decisão de governo. E isto deve ser feito nas três esferas – federal, estadual e municipal. Se cada um cumprir a sua parte, a médio prazo, os frutos virão. A prova está em Mogi das Cruzes, Cidade que comandei por oito anos seguidos. Chegamos em 2001, com um cenário de caos na educação, marcado por famílias que acampavam em frente às escolas para conseguir vagas. 

Era imprescindível garantir o acesso do aluno à unidade escolar, motivar seu desenvolvimento em um ambiente seguro, atendido por profissionais valorizados e professores qualificados para uma ação pedagógica cada vez mais eficiente numa rede escolar integrada com a comunidade, dotada de estrutura física e operacional apropriadas, em sintonia com os avanços tecnológicos.

Seria muita pretensão dizer que Mogi das Cruzes está à frente das demais cidades do País. Nas últimas décadas, contudo, os gestores municipais se dedicaram ao setor. Enquanto fui prefeito, por exemplo, tratamos de respeitar o magistério, com remuneração valorizada – e, comparativamente, bem melhor que de outros municípios – e plano de carreira para os profissionais da Educação. 

Também investimos pesado na capacitação, aperfeiçoamento e reciclagem dos docentes. Uma das realizações emblemáticas foi o Cemforpe (Centro Municipal de Formação Pedagógica) que possibilitou programas contínuos de qualificação para os professores. Não bastasse, redimensionamos o formato de escola convencional, com a construção de prédios modernos e amplos, todos com quadras poliesportivas, dotados de bibliotecas multimídias e laboratórios de informática, abertos à comunidade nos finais de semana. 

Visando a inclusão de alunos portadores de necessidades educacionais especiais, criamos o inédito Pró-Escolar. Representou um circuito específico para atender este público que, antes, exigia esforços sobre-humanos dos professores das classes regulares. Também implantada em nosso governo está a Escola Ambiental, conhecida mundialmente pela proposta de ser um centro de pesquisas e formação de educadores, além de orientação ambiental a estudantes. 

Ainda no terreno da inovação, concretizamos o Cempre (Centro Municipal de Programas Educacionais) Ruth Cardoso com o objetivo de estruturar a rede municipal para a implantação do período integral nas escolas. A medida foi efetivada pelo nosso sucessor, Marco Bertaiolli, que já contemplou aproximadamente 50% da rede escolar. 

Trago aqui o justo reconhecimento à professora Maria Geny Borges Ávila Horle, secretária municipal de Educação ao longo dos oito anos em que governamos Mogi. Ela constituiu uma fabulosa equipe que, até hoje, dá o diferencial positivo ao ensino municipal. 

É evidente que não se pode contentar a todos. E nem garantir remuneração à altura do valor de um professor. Mas, nos esforçamos para chegar ao limite do que os cofres municipais nos permitiram fazer. Tanto é que, em dois mandatos seguidos como prefeito, nunca sofremos movimentos de greve ou descontentamento coletivo por parte dos profissionais da Educação da rede municipal. Portanto, é possível ajudar a mudar a realidade do ensino público. Basta querer. Não apenas para honrar os professores, mas também para viabilizar a evolução da sociedade brasileira. 

Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)

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