(Foto: Philip FONG/AFP)
#CidadeDosBonecos – Deparei-me com uma notícia
extremamente curiosa: “Cidade no Japão tem apenas uma criança e compensa vazio
com bonecos”. O fato ocorre na cidade japonesa de Ichinono, a 60 quilômetros de
Osaka, grande metrópole do oeste do Japão. A situação é parecida em outras 20
mil cidades, onde a maioria da população tem 60 anos ou mais, conforme dados do
governo. Em dezenas de países de continentes como o europeu e asiático, há
centenas de municípios praticamente desabitados.
No Japão, antes da guerra, as pequenas cidades
tinham uma impressionante força econômica no cultivo do arroz e destilação de
saquê (bebida alcoólica gerada do arroz), que entusiasmavam a população ativa,
notadamente os jovens. Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, o “modus
vivendi” dos japoneses sofreu profunda transformação, com uma fortíssima
industrialização. Isso sombreou as atividades rurais, motivando a saída dos jovens
para grandes cidades em busca de um futuro mais condizente, além do controle
natural de natalidade.
Em 2023, pela primeira vez em mais de um século, o
número de bebês nascidos no Japão ficou abaixo de 800 mil, segundo estimativas
oficiais. Na década de 1970, nasciam mais de 2 milhões de bebês por ano. O governo
apresentou plano nacional propondo aliviar a dívida estudantil para quem tiver
filhos e outras propostas, como subsídios financeiros para que casais de jovens
voltem a habitar as cidades onde vivem somente idosos.
O governo japonês sabe que é difícil sustentar a
economia quando parte significativa da população se aposenta, sem sucessor em
idade ativa, visto que os serviços essenciais de saúde e o sistema
previdenciário entrarão em colapso total.
Para compensar o ambiente vazio, Ichinono decorou
suas ruas com bonecos em tamanho real para recriar a sensação de movimentação
infantil. Alguns estão em balanços, outros empurram carrinhos carregados de
lenha ou trazem sorrisos sinistros aos olhares de visitantes. “Os bonecos
provavelmente são em maior número do que nós”, brinca Hisayo Yamazaki, viúva de
88 anos.
Sinto preocupação com o nosso Brasil, onde a queda
demográfica tem sido cada vez mais significativa. Se países superdesenvolvidos,
como Japão, Alemanha, Suíça e Inglaterra, entre outros, sofrem com a redução
demográfica, imagine o nosso País enfrentando essa situação de desequilíbrio.
Será deveras difícil! #RiscoDeColapso
Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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