terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Risco de colapso

 

(Foto: Philip FONG/AFP)

#CidadeDosBonecos – Deparei-me com uma notícia extremamente curiosa: “Cidade no Japão tem apenas uma criança e compensa vazio com bonecos”. O fato ocorre na cidade japonesa de Ichinono, a 60 quilômetros de Osaka, grande metrópole do oeste do Japão. A situação é parecida em outras 20 mil cidades, onde a maioria da população tem 60 anos ou mais, conforme dados do governo. Em dezenas de países de continentes como o europeu e asiático, há centenas de municípios praticamente desabitados.

 

No Japão, antes da guerra, as pequenas cidades tinham uma impressionante força econômica no cultivo do arroz e destilação de saquê (bebida alcoólica gerada do arroz), que entusiasmavam a população ativa, notadamente os jovens. Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, o “modus vivendi” dos japoneses sofreu profunda transformação, com uma fortíssima industrialização. Isso sombreou as atividades rurais, motivando a saída dos jovens para grandes cidades em busca de um futuro mais condizente, além do controle natural de natalidade.

 

Em 2023, pela primeira vez em mais de um século, o número de bebês nascidos no Japão ficou abaixo de 800 mil, segundo estimativas oficiais. Na década de 1970, nasciam mais de 2 milhões de bebês por ano. O governo apresentou plano nacional propondo aliviar a dívida estudantil para quem tiver filhos e outras propostas, como subsídios financeiros para que casais de jovens voltem a habitar as cidades onde vivem somente idosos.

 

O governo japonês sabe que é difícil sustentar a economia quando parte significativa da população se aposenta, sem sucessor em idade ativa, visto que os serviços essenciais de saúde e o sistema previdenciário entrarão em colapso total.

 

Para compensar o ambiente vazio, Ichinono decorou suas ruas com bonecos em tamanho real para recriar a sensação de movimentação infantil. Alguns estão em balanços, outros empurram carrinhos carregados de lenha ou trazem sorrisos sinistros aos olhares de visitantes. “Os bonecos provavelmente são em maior número do que nós”, brinca Hisayo Yamazaki, viúva de 88 anos.

 

Sinto preocupação com o nosso Brasil, onde a queda demográfica tem sido cada vez mais significativa. Se países superdesenvolvidos, como Japão, Alemanha, Suíça e Inglaterra, entre outros, sofrem com a redução demográfica, imagine o nosso País enfrentando essa situação de desequilíbrio. Será deveras difícil! #RiscoDeColapso


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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