sábado, 17 de julho de 2010

Combate ao desperdício inconsciente


Viadutos recém-entregues cobertos de pichações, praças restauradas numa semana aparecem depredadas na seguinte, monumentos amanhecem rabiscados, escolas têm salas inteiras destruídas e até posto de saúde vira alvo de vandalismo. Isto tudo são mais que crimes contra o patrimônio. É crueldade com o povo mesmo. Afinal, é a população quem paga pelos reparos, por meio dos impostos. Sem contar que os estragos em escolas e unidades de saúde significam crianças sem aula e gente sem atendimento médico.

Os gigantescos avanços da ciência, toda a revolução proporcionada pela informática, a evolução nas mais diferentes áreas do conhecimento humano não foram suficientes para cessar o comportamento medieval dos vândalos. Se ninguém, em sã consciência, destroi sua geladeira a marretadas, o que explica tanta violência contra bens que são de todos?

Não adianta dizer que basta colocar câmeras de vídeo para vigilância e reforçar o policiamento. São medidas necessárias sim. Mas, não resolverão o problema. Vou mais longe. Nem só pichações e destruição de patrimônio são agressões aos bens comuns. Jogar lixo na rua também é uma forma de violência contra os cofres públicos, o meio ambiente e a qualidade de vida da população.


Gasta-se uma fábula com limpeza pública. E o serviço não rende; mal aparece. Quando começa o trabalho em outra rua, aquela que acabou de passar por limpeza já está cheia de sujeira. Faça um teste e observe. As pessoas caminham comendo algo e dispensam a embalagem na guia. Se estão fumando, fazem o mesmo com a bituca do cigarro. Quem costuma lavar a calçada de casa sabe bem do que estou falando.

No trânsito, então, o comportamento de determinados motoristas e passageiros transforma a criança mais sapeca num anjo de candura. São latas que voam janela afora, caixas vazias de guloseimas, embalagens plásticas das mais diversas, garrafas e tudo o que se pode imaginar. É um show de horrores que ainda ameaça a segurança de quem trafega atrás.


Tudo isso ocorre no cotidiano sem que as pessoas se dêem conta dos efeitos de seus atos. Não existe a maldade de sujar – diferente dos vândalos quem têm prazer em destruir. Também não há o cuidado de manter a limpeza. Por mais que os garis trabalhem, não dão conta de tirar tanto lixo das ruas. Toda esta sujeira vai para bueiros e bocas de lobo. Entope galerias de águas pluviais e faz qualquer chuva virar causa de enchentes – as mesmas que tanto castigam a população, fazendo famílias inteiras perderem tudo o que têm. Ou então, os rejeitos caem nos rios e córregos, prejudicando o meio ambiente e forçando mais despesas com limpeza e desassoreamento dos cursos d’água. Os prejuízos se multiplicam numa proporção gigantesca. Também é o povo que paga por tudo isto. Logo, pergunto: é ou não uma violência?

O Poder Público, de modo geral, acaba só apagando incêndios. Põe dinheiro do povo para consertar os estragos do vandalismo, colocar câmeras de vídeo para monitoramento, aumentar efetivo de guardas municipais, bancar a limpeza pública, desentupir bueiros e galerias, fazer o desassoreamento de rios – que também recebem descargas de sofás e pneus velhos, entre outras quinquilharias –, transportar o lixo retirado e por aí afora. Em outras palavras, lida com as consequências. Eis o ‘x’ da questão. Não são combatidas as causas desse prejuízo serial.

Para resolver problemas tão sérios como o vandalismo, o despejo irregular de lixo (em ato proposital ou inconsciente) e tantos outros, é preciso atacar as causas. Falo do aculturamento da população. É um processo lento, sim. Não se faz do dia para a noite. Exige paciência, preparo e dedicação dos educadores, além de ampla mobilização popular. Mas, nunca terminará se não começar.

É preciso estimular a prática da cidadania e despertar a consciência para que cada um cuide melhor daquilo que é de todos. O aculturamento tem de começar pela educação formal, já na infância, e avançar para quem está fora das escolas, por meio da mobilização da comunidade. Em parceria com lideranças da sociedade civil organizada, é possível trabalhar para mudar o comportamento individual e estabelecer uma nova conduta social. Seja para coibir atos de vandalismo e despejos ilegais de lixo. Seja para frear atitudes automáticas como a de jogar sujeira nas ruas.

Paralelamente, é vital resgatar a educação familiar. Os pais da atualidade precisam saber pregar aos filhos o senso de responsabilidade, do que é correto, ético e moral. Antigamente, era assim. Havia rigor na chamada criação. A conduta começou a mudar e, aos poucos, a carga acabou transferida para os educadores, o que sobrecarregou os profissionais do ensino. Diante do quadro, a escola em período integral torna-se essencial. Permite às crianças, gradativamente, apreender os conceitos que faltam em seu lar a fim de que, quando adultos, possam transferir este aprendizado a seus filhos dentro de casa, sem deixar tudo somente a cargo dos professores, como é hoje.

A mudança de pequenas atitudes produz enormes resultados. Não será preciso gastar fortunas do dinheiro do povo com limpeza pública e reparos dos estragos das enchentes, por exemplo. Já o vandalismo, os lixões clandestinos e outras práticas ilegais tendem a ser vencidos pela soma da conscientização com a vigilância exercida pela sociedade.

Quanto maior a demora no início de vigorosas ações para mudança de comportamento, mais tempo levará para que a sociedade viva melhor. E muito maior será o desperdício de recursos públicos para combater efeitos das causas que poderiam ser abatidas no ninho. Todo este dinheiro poderia ser aplicado em medidas de extrema importância social. É o caso da instalação de muito mais postos de saúde nos bairros carentes e da implantação do período integral nas escolas. São ações que defendo como candidato a Deputado Federal. Com o período integral, crianças e adolescentes teriam ensino de melhor qualidade, práticas esportivas e atividades culturais o dia todo, sem o tempo ocioso que, atualmente, vira convite ao caminho das drogas e da violência. Então, vamos fazer porque o momento é agora.

Junji Abe
Candidato a Deputado Federal pelo DEM - 2545

Um comentário:

  1. Estamos te apoiando nessa campanha...

    http://thepeixevoador.blogspot.com/

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