quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Dia de parque

Era o final do século passado. A população de Mogi das Cruzes ressentia-se do fechamento e cobrava a reabertura do Parque Municipal Francisco Affonso de Mello – Chiquinho Veríssimo, aos moldes do que conhecera na década de 70: espaço público de utilização livre, com direito a piqueniques, pedalinho e teleférico, aliada à descomunal degradação ambiental, incluindo o despejo de todo tipo de lixo no lago. Tudo, no coração da Serra do Itapeti. 

Não há de se culpar as pessoas. Era sua única referência de lazer gratuito na Cidade e não se cultivava a consciência ambiental. Lembro-me muito bem do quanto os mogianos exigiam a retomada do funcionamento do Parque Municipal. Nas eleições municipais de 2000, quando fazíamos reuniões populares para a elaboração do PGP (Plano de Governo Participativo), esse era um dos principais compromissos exigidos.

Disputava a Prefeitura. Ao invés de fazer uma promessa vazia de campanha, dizia a verdade: o Parque Municipal jamais voltaria a ser o que fora nos anos 70. Seria reconhecido pelo Estado como unidade de conservação da biodiversidade da Mata Atlântica (o que só ocorreria nove anos depois) e restrito a atividades educativas. Este foi o compromisso inserido no PGP. Em contrapartida, registrei que a Cidade ganharia um parque do povo, urbano, onde as pessoas pudessem ter lazer e desfrutar de bons momentos em família.

Cumprimos. O primeiro foi o Parque Leon Feffer, na várzea do Rio Tietê, às margens da Avenida Valentina Mello Freire Borenstein, na Vila São Francisco, Distrito de Braz Cubas, porção Oeste da Cidade. Ocupou terreno municipal, um passivo de agressão ao meio ambiente decorrente da exploração do subsolo. Transformamos pó e areia num espaço de uso múltiplo para conectar lazer, esportes, recreação e cultura – típicos de um parque urbano – com preservação e educação ambiental.

Mais tarde, já em nosso segundo mandato como prefeito, a Cidade receberia o Parque Centenário da Imigração Japonesa, que preencheria a lacuna da oferta de um espaço de lazer, recreação e contato com a natureza na porção Leste do Município. A amostra máxima de metamorfose é a própria área do parque. Antes do empreendimento, os 215 mil metros quadrados (m²) denunciavam a desenfreada investida do ser humano sobre a natureza. Tudo o que havia no espaço, localizado no Distrito de César de Souza, eram crateras herdadas da exploração mineral, às margens do Rio Tietê. 

"Hoje, a população já não se imagina sem o
Parque Centenário. Tornou-se referência para o lazer"
Hoje, a população já não se imagina sem o Parque Centenário. Tornou-se referência para o lazer. Em 2010, foi eleito uma das “Sete Maravilhas de Mogi das Cruzes”, selecionadas por meio de escolha popular. Confesso que me dá um enorme orgulho ver as pessoas usufruindo desse espaço. É um prêmio encontrar famílias fazendo piquenique, usando as churrasqueiras, minicampo de futebol, quadra de vôlei e chalés, além de percorrerem trilhas em meio a mosaicos verdes, de rica diversidade natural.

Fico ainda mais satisfeito com a alegria das crianças. Principalmente, nas férias escolares. Todas elas – em especial, as de famílias menos favorecidas – encontram na Cidade opções gratuitas de recreação. Nada teriam, sem os parques urbanos e as edições de A Rua Feliz – outra iniciativa nossa, mantida pelo meu sucessor Marco Bertaiolli (PSD), que percorre os bairros levando brinquedos como pula-pula, piscina de bolinhas e tobogã, além de apresentações de dança, música e brincadeiras. Afinal, não são muitos pais que conseguem bancar um passeio pelo shopping, com direito ao playground.

Evidente que Mogi das Cruzes ainda precisa de muito mais para garantir múltiplas iniciativas gratuitas de lazer e ocupação saudável à população. Mas, vale notar os avanços consolidados nos últimos 15 anos. Basta citar que a Cidade ganhará, até o final do ano, seu terceiro parque urbano na área de 55 mil m², onde antes funcionava o Clube Siderúrgico.

Outra boa notícia contempla os moradores do Distrito de Jundiapeba. O governo federal liberou para a Prefeitura os recursos da ordem de R$ 700 mil referentes à emenda que apresentei à União, enquanto deputado federal, para a implantação de infraestrutura esportiva da Praça da Liberdade. Haverá campo de futebol oficial, quadra poliesportiva, ATI (Academia da Terceira Idade), playground, espaço de convivência e pista de caminhada, entre outros benefícios. As obras estão em andamento e a inauguração deve ocorrer neste mês. Como se vê, são boas iniciativas para oferecer ao mogiano um novo dia de parque. 

Junji Abe é líder rural, foi deputado federal pelo PSD-SP (fev/2011-jan/2015) e prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008)

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