Dentre tantas medidas necessárias para construir saídas desta catástrofe
secular, decorrente da pandemia de Covid-19, está a retomada gradual da
economia. O Brasil está de joelhos, como efeito do esfacelamento industrial e
de sucessivos prejuízos desabando sobre comércio e serviços. Lamentamos
profundamente! A timidez de boas políticas públicas que espelhou governos
despreparados produziu, há décadas, o atraso injustificável, responsável por
fragilizar ainda mais os setores produtivos frente ao vírus mortal.
Projeção
anunciada pelo Banco Central (Boletim Focus) aponta que o PIB brasileiro deve
fechar 2020 com 3,34% negativos. E a tendência é de queda maior, podendo
atingir a marca histórica de 10%. O mínimo necessário para sustentabilidade
social equivale ao PIB positivo de 3% a 4%.
Existe farta
riqueza mineral, no subsolo, que ajuda, mas é finita. Para piorar, o Brasil exporta
quase tudo como commodities (matéria bruta), sem agregar valores.
O único alento é a agropecuária. Ainda bem que o Brasil, de clima tropical, abençoado pela fabulosa dimensão territorial e recursos hídricos exuberantes, proporciona a atividade agropecuária de forma excepcional, cultivando tão somente 7,6% da área agricultável e com uma reserva gigantesca de 66% sob proteção ambiental. É o inverso do que ocorre em países como a Dinamarca, que utiliza 76,85% da sua área; a Irlanda, 74,7%; e o Reino Unido, 63,9%.
Estimativas
de 2020, lastreadas em informações do Ministério da Agricultura, IBGE e
Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, dão conta de a agropecuária
brasileira aumentará 9,8% em relação a 2019, com faturamento estimado em R$
667,7 bilhões. Isso, só no Valor Bruto de Produção (VBP), dentro da porteira. Portanto,
sem contar os dividendos gerados nas aquisições de insumos, na
comercialização e na industrialização. Igualmente, sem computar as cifras
envolvidas com recursos humanos e agregação de valores.
Com essa
espetacular performance, o PIB da agropecuária brasileira deve atingir este
ano, no mínimo, um crescimento de 3%, o que significa a contribuição de 21,4%
na formação do PIB nacional.
É uma
façanha que devemos aos míni, pequenos, médios e grandes produtores de
alimentos! São os salvadores parciais da nossa economia, que seguram as
engrenagens contra a trajetória de ladeira abaixo, puxada pela pandemia.
Merecem
destaque a força de heroicos produtores de soja, café, arroz, trigo, feijão,
algodão, de pecuária de corte e leite, da avicultura (corte e ovos), de
frutíferas, como manga e melão, cultivados em grandes áreas, assim como a
batalha dos olericultores em pequenas glebas, cultivando hortifrutiflorigranjeiros
(verduras, legumes, tubérculos, bulbos, frutas, flores e plantas ornamentais),
entre outras culturas, além da crescente aquicultura nacional.
Renomados
economistas pontuam que, além da extraordinária contribuição para o
reerguimento da nossa fragilizada economia, a agropecuária nacional garante o
abastecimento interno e de dezenas de outros países, estimulando o crescimento
sustentável com segurança alimentar.
Como líder
rural, produtor e profundo conhecedor da agropecuária nacional, tenho orgulho
de enaltecer e agradecer o desempenho dos dedicados produtores rurais. Como
costumo dizer, eles carregam o Brasil nas costas, saciando a fome do País e do
mundo. Fazem tudo isso, sem o devido acesso à tecnologia e à formação profissional,
assim como longe dos necessários apoios logístico e tributário. #ObrigadoProdutorRural
#ForçaAgro
Junji Abe, produtor e líder
rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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