“Sem
moradia, não há dignidade” é uma frase que, desde a juventude, ecoa em meu
coração. A falta de habitação para
milhares de famílias brasileiras é uma triste e cruel realidade.
Dados
recentes do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e da ONU demonstram
que aproximadamente 40 milhões de brasileiros não têm onde morar, número correspondente
a mais de 8 milhões de famílias. Além disso, 47,5% da população brasileira
vivem em moradias inadequadas.
Para
agravar a situação, a Fundação Getúlio Vargas e o Instituto Trata Brasil mostram
que 35 milhões de brasileiros (16% da população) não têm abastecimento de água
e 100 milhões (47% da população) carecem de coleta de esgoto.
É
o retrato do cotidiano de milhares de brasileiros que habitam favelas nas periferias das cidades do Brasil
afora. E evidente, isso estimula as invasões de áreas públicas ou privadas
desocupadas, assim como de prédios abandonados, como ocorreu com o Edifício
Wilton Paes de Almeida, no centro Capital, que desabou após um incêndio,
ceifando numerosas vidas.
Em
que pese serem práticas ilegais, longe de mim julgar os autores. Ao contrário,
temos de trabalhar intensamente para reduzir a desigualdade social. Significa incentivar
os governantes na consolidação de políticas públicas em prol das oportunidades
que os desfavorecidos necessitam, como formação humana, profissional e
intelectual. Os brasileiros são criativos, dedicados, solidários e batalhadores.
Não precisam de esmolas. Não se trata de oferecer peixes, mas sim varas de
pesca e aprendizado de como fisgar.
Falo
de lições e iniciativas provenientes dos conhecimentos adquiridos num ensino
público de qualidade que, estamos cansados de repetir, permanecem ausentes dos
programas governamentais. Com a oferta contínua desses instrumentos, as
conquistas sociais como saúde, transporte e moradias dignos serão decorrentes das
próprias iniciativas da brava gente brasileira.
Além
do mais, estaríamos consolidando o importante regime democrático, extirpando de
vez as participações e vitórias eleitorais dos nefastos espertalhões,
oportunistas e populistas, que se locupletam com a miséria derivada da elevada
desigualdade social.
Enquanto
não alcançamos o nível de uma sociedade mais equilibrada, homogênea e justa,
indubitavelmente, compete ao governo, em parceria com o setor privado, oferecer
às famílias de baixa renda acessos plausíveis e muito mais céleres aos
programas de moradias dignas. E sem paternalismo. É o mínimo para o resgate da
justiça social!
Junji Abe,
produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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