É prematuro desejar saber
como será nossa vida após a pandemia de Covid-19, sem conhecer os meios de
superar o vírus? Pelo atual estado de espírito, a maior aspiração é a descoberta
da vacina para o novo coronavírus. A pandemia gera, continuamente, notícias
trágicas. São crianças que ficaram órfãs, avós sofrendo a partida dos netos e
vice-versa, o médico que não conseguiu salvar a mãe, a enfermeira que sucumbiu cuidando
de pacientes, a esposa grávida que enviuvou e terá de cuidar dos filhos sozinha...
Há ainda os médicos de UTI tendo de escolher quem viverá por falta de estrutura
para todos os doentes. Além dessas
agruras, a dor do adeus que não se pode dar.
Nos últimos anos, cresceram muito
as agressões de toda ordem, assim como a intolerância racial, social, religiosa
e de gênero, o uso e tráfico de drogas, as fake news, a corrupção, a violência.
Ainda assim, a maioria da população mundial, e notadamente a brasileira, prega
e pratica a solidariedade, a caridade, o respeito e o amor a Deus. São sentimentos
fundamentais na construção da paz e da felicidade.
Sem demérito de outros povos,
creio que o Brasil, por ser um país inigualável, plurirracial e multicultural,
abriga habitantes com sentimentos de solidariedade e gratidão mais latentes.
Temos o dever de respeitar as
pessoas, os outros seres vivos, todo o meio ambiente! Nunca praticando abusos
por mais que nosso regime democrático proporcione liberdade quase total.
Abomino a atuação de uma
minúscula parcela, extremamente radical, do povo paulistano que, dias atrás, promoveu
um protesto contra o isolamento social – medida imperiosa para reduzir a
disseminação da Covid-19. Desprovidas de civilidade e alheias à legislação, essas
pessoas deram um odioso show de abusos e ignorância. Com buzinaço em frente a
hospitais, afrontaram o sofrimento de doentes e seus familiares, além de
desrespeitar dedicados profissionais de saúde e voluntários. A selvageria incluiu
o bloqueio à circulação de ambulâncias nas vias centrais da Capital, impedindo
o transporte de vítimas.
Respeito o direito às
manifestações, desde que ordeiras e pacíficas. Igualmente, condeno a postura
dessa meia dúzia de extremistas, que impõem seus pontos de vista, sem
considerar a existência dos demais habitantes do planeta. Agridem e agem
maldosa e criminalmente. A indiferença é a banalização da desgraça alheia.
Apesar dessa triste demonstração, tenho convicção de que, superados a pandemia
e o rastro de sofrimento, dor e saudade, ressurgirão fortalecidos em nosso povo
os sentimentos dignos e cristãos. Isso impulsionará ainda mais a bondade, a
solidariedade, o respeito e a caridade que são, sem sombra de dúvida, nossa
marca registrada! #EuAcreditoNoBem
Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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