#AlimentoRico – Historicamente, a cultura do café é
tida como a maior referência brasileira no agronegócio, figurando inclusive
como um dos itens mais importantes no abastecimento interno, além de
representativo no setor de exportação, ao lado da soja, arroz, trigo, feijão,
algodão e etc. Em razão de mudanças nos hábitos alimentares e falta de consumo
habitual na maioria dos países, acabamos deixando em plano secundário a mandioca,
também conhecida como macaxeira, aipim, castelinha, uaipi, mandioca mansa ou
brava, termos que refletem a diversidade das línguas indígenas brasileiras.
Hoje, destaco a importância da mandioca, um
tubérculo cultivado pelos povos originários da bacia amazônica, há milhares de
anos, sobretudo, na região onde se situa Rondônia. Pesquisadores estimam a
existência da mandioca entre 4 mil e 9 mil anos. Durante séculos, foi o
principal alimento consumido no Brasil. Muito antes da chegada dos
colonizadores portugueses, já era cultivada pelos povos indígenas em seu
sistema de manejo da floresta, com o convívio de diversas espécies de cultura, em
respeito à biodiversidade.
A capacidade de adaptação da mandioca aos
diferentes tipos de solo e a possibilidade de mantê-la intacta por até 2 anos,
à espera de ser colhida, encantaram os colonizadores portugueses, que
aprenderam com os povos originários a cultivar o tubérculo e também a consumi-lo
sob diversas formas. Essa planta contém em suas folhas e raízes cianetos
naturais, compostos altamente tóxicos quando consumidos em excesso. A sabedoria
dos povos indígenas foi selecionando variedades menos tóxicas, além de
desenvolver técnicas culinárias para eliminar o cianeto.
A planta é tão importante que as folhas são
utilizadas na alimentação animal e humana, com pratos conhecidos como maniçoba.
A raiz tem uma diversidade de destinos, sendo cozida, frita, assada ou transformada
em farinha, tapioca e sagu, como fonte comprovada de calorias e carboidratos, além
de ser base de etanol e para o uso industrial do amido.
A mandioca é genuinamente brasileira, disseminada na
África e Ásia. Aliás, os países africanos são os maiores produtores, com 63,1%
da plantação mundial, onde o povo tem na mandioca a principal fonte de
carboidratos. É uma ótima aliada na prevenção de doenças, com alto poder
anti-inflamatório. Especialistas citam os seus benefícios com consumo
permanente: auxilia na contração muscular, previne anemia, ajuda na absorção de
nutrientes no intestino, benefícios cardiovasculares, melhora o sistema imunológico,
auxilia no combate ao câncer, é anti-inflamatória, reduz colesterol,
antioxidante, fortalece os cabelos, neutraliza doenças oftalmológicas, melhora
o movimento das articulações, alivia a artrite e doenças ósseas, e eleva os
níveis de serotonina, gerando bom humor.
Com campanhas públicas e privadas, penso que a
mandioca precisa ser reintroduzida no nosso consumo diário como uma das mais
importantes fontes de vitaminas, proteínas, sais minerais, lipídios,
carboidratos e outros nutrientes. Sem dúvidas, contribuirá para reduzir uma
série de doenças. #PoderDaMandioca
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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