sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Abominável privatização

 

#EmDefesaDoIAC – Absolutamente equivocada a decisão do governo de São Paulo, que anunciou a privatização do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no dia 11 último. Lideranças agrícolas e cientistas já se manifestaram contra a medida. As autoridades constituídas são quem mais deveriam defender o IAC. Mas, o governador Tarcísio de Freitas tem uma sede privatista incomum.

 

Não sou contra a privatização de patrimônios públicos. Porém, é evidente que muitos deles são intocáveis. Criado em 1887, o IAC teve a missão esplendorosa de desenvolver e transferir tecnologia, por meio de pesquisas agronômicas, com permanente inovação. Na época de sua implantação, o objetivo principal era instrumentalizar a economia paulista, baseada da cafeicultura, e enfrentar problemas nesta e demais culturas existentes.

 

São Paulo e o Brasil devem muito ao IAC: aumento fenomenal de toda a cadeia de produção agrícola (café, algodão, feijão, arroz, trigo, soja, milho, sorgo, seringueira, citros, hortaliças, frutas e plantas ornamentais, entre outras variedades, num conjunto de 1.154 cultivares de 110 espécies). O Instituto criou espécies adaptáveis ao solo e ao clima, fortes contra pragas, com reduzido uso de defensivos, maior produtividade e alta qualidade, aliados à menor despesa e mínimo impacto ambiental.

 

Esse é o retrato fiel da importância do IAC, localizado na Fazenda Santa Elisa, em Campinas/SP, que foi incorporada em 1898, abrigando o Centro Experimental Central (CEC) e a maioria das unidades técnicas do Instituto, onde são desenvolvidas pesquisas em melhoramento genético, fitossanidade, fisiologia e fitotecnia de plantas agrícolas, irrigação, recursos genéticos vegetais, manejo e conservação de solo e o Sistema de Produção de Sementes de Cultivares IAC.

 

Além do CEC e da sede em Campinas, o IAC tem áreas de pesquisa instaladas nos municípios de Cordeirópolis (Citros), Jundiaí (Frutas e Mecanização Agrícola), Ribeirão Preto (Cana de Açúcar), Votuporanga (Seringueira e Sistemas Agroflorestais), Mococa (Batata e outros cultivares), Capão Bonito, Itararé, Jaú e Tatuí (diversas pesquisas).

 

O IAC é um patrimônio que serve ao mundo inteiro em alimentação. Reúne o fundamental trinômio Ciência, Tecnologia e Inovação, pilares da atuação secular que cria pontes para o futuro, contribuindo com produtores rurais, geradores de empregos e renda, e respondendo a consumidores que exigem produtos saudáveis por maior qualidade de vida.

 


Aliás, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fundada em 1973, que transformou o centro-oeste brasileiro no celeiro do mundo e engrandece o Brasil, teve como alicerce o IAC. São institutos que jamais devem ser privatizadas, porque são a salvação do planeta, sob a ótica de produção de alimentos.

 

Infelizmente, devemos destacar que o IAC é vítima de longo abandono pelo governo paulista com total esquecimento e reduzidos investimentos. É uma lastimável corrosão que pode ser corrigida. Basta que nossas autoridades públicas ajam como legítimas estadistas.  #AbominávelPrivatização

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário