Sempre houve parcela
da população com posturas extremistas. Infelizmente, isso perdurará, apesar de a
maioria dos países registrar gradual redução. Em nações que prezam a
democracia, o ímpeto dos radicais tem índices infinitamente menores, se
comparado com aquelas de regime ditatorial.
Brasileiros que prezam a diversidade,
tolerância e respeito às diferenças, como é o meu caso, ficam tristes diante de
atitudes e declarações de compatriotas que agridem gratuitamente quem é
diferente. Respeito, mas discordo. Absorvo essas posturas de gente de todas as
nacionalidades. Mas, sinto um golpe maior quando vêm do Japão, país dos meus
queridos ancestrais. E pior, se vêm de uma autoridade japonesa, a tristeza se
junta à repulsa e indignação.
Em 3 de fevereiro, a imprensa
internacional registrou um fato que gerou revolta mundial. Yoshiro Mori (83), então
presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e que já
foi primeiro-ministro do Japão (2000-2001), fez uma declaração carregada de
sexismo (sinônimo de machismo, misoginia, androcentrismo e ginofobia, entre
outros).
O pronunciamento ocorreu em reunião
do Comitê Olímpico Japonês, onde foi anunciada a intenção de ter um conselho de
administração integrado por 40% de mulheres, aumentando em 20% a presença
feminina. Yoshiro Mori se mostrou contrário à proposta, afirmando que as
mulheres falam demais e, por isso, em setores executivos de empresas, irritam
por alongar demais as reuniões.
A indignação generalizada atingiu o
atual premiê japonês, Toshihide Suga. Ele foi alvo de intensas vaias da
oposição no Parlamento, ao declarar que não estava a par dos detalhes do caso
para comentar, tentando isentar-se de culpa. Fez o inverso da ministra dos
Jogos, Seiko Hashimoto, que apontou a igualdade entre homens e mulheres como
princípio no coração do olimpismo.
Apesar do pedido formal de desculpas,
as reações de repulsa a Mori ecoaram mundo afora. Esportistas protestaram nas
redes sociais contra a desastrada fala da autoridade nipônica.
Alguns japoneses mais exaltados rememoraram que, nos tempos de samurai, em que
o machismo era latente no Japão, ações muito menores levavam esses guerreiros ao
chamado harikiri ou seppuku (suicídio), em nome da honra ou desonra. Com
justiça, clamaram pela renúncia imediata de Yoshio Mori do cargo. Porém, o
denunciado estava irredutível. Com a gigantesca pressão, finalmente, no dia 12
último, ele renunciou, durante reunião do Conselho Executivo de Tóquio 2020,
convocada para discutir seus lamentáveis comentários machistas.
Em 17 de fevereiro, Seiko Hashimoto
(56) assumiu, em decisão unânime, a presidência do Comitê Organizador Olímpico
de Tóquio 2020. Ela é ex-atleta olímpica, ex-ministra do Gabinete Japonês de Jogos
Olímpicos e ex-ministra de Igualdade de Gêneros.
Fico muito feliz! Desde criança,
aprendi que a igualdade entre homens e mulheres deve prevalecer em todos os
sentidos. Logo que assumi a 1ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, em
2001, por meio da Secretaria Municipal de Educação, sediamos o Fórum Nacional
da Diversidade. Foi um sucesso estrondoso, que extrapolou os limites da Cidade,
ecoando por todo o País!
Em recente artigo, destaquei a
importância da paridade de gêneros: http://junjiabe.com.br/artigo.php?q=423.
Já diziam meus avós e pais, nada de homem na frente ou mulher na frente;
precisam caminhar lado a lado. Ficou a lição deles, imigrantes vitoriosos que
superaram obstáculos por priorizar a harmonia permanente entre os casais. É o princípio
que defenderei intransigentemente na luta por uma sociedade mais igualitária e
harmônica, onde reinem a paz, o amor e felicidade!
Foto: Charly Triballeau / AFP Photo
Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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