Um dos maiores problemas das médias e grandes cidades do mundo tem sido a mobilidade urbana. De difícil solução e fonte de prejuízos de ordem econômica, social, de saúde e segurança. Virou tabu para entes federativos sem recursos suficientes e cidades centenárias com vias públicas estreitas, visto que as intervenções urbanas exigem altos investimentos em obras e desapropriações, além de vencer restrições culturais e ambientais.
No Brasil, temos outro grande
problema. Ignorando a dimensão continental do nosso País, governos, desde
Vargas, abraçaram o modelo de desenvolvimento econômico ancorado na indústria
automobilística, em detrimento do modal ferroviário que foi esfacelado até o
sucateamento total. Perdemos o equilíbrio necessário entre os sistemas de
transportes.
Nossa Mogi das Cruzes/SP não foge à
regra. Quando assumimos a Prefeitura, em 2001, moldamos o desenvolvimento e as
demandas da população a partir do PGP – Plano de Governo Participativo. Visitamos
cada palmo da Cidade para ouvir a comunidade, em reuniões noturnas. Modéstia à
parte, reputo que fomos eficientes e felizes.
Todas as reivindicações da comunidade
foram analisadas pelo grupo de trabalho (15 especialistas voluntários), sob a coordenação
dos eficientíssimos Mel Tominaga, jornalista/comunicadora social, e João
Francisco Chavedar, arquiteto/urbanista. Todos tinham qualidades excepcionais,
como sensibilidade, dedicação, competência e lealdade. Desta cruzada, nasceu o
PGP, um autêntico Plano Diretor. Na posse como prefeito, em 1º de janeiro de
2001, já tínhamos selecionado e convidado os futuros colaboradores da
administração, com a missão de cumprirem por inteiro o PGP e agregarem valores necessários.
Evidentemente, a Mel assumiu a Comunicação Social e o Chavedar, o setor de
planejamento urbano, em meio a dezenas de profissionais formidáveis.
Realizamos uma verdadeira revolução
administrativa, numa demonstração inequívoca de respeito à vontade da
comunidade que acreditou e nos apoiou integralmente. Coube à criada Secretaria
de Transportes e órgãos subordinados a hercúlea tarefa de implementar programas,
como os de mobilidade urbana. No transporte coletivo, imediatamente,
implantamos a tarifa única, visto que a permissionária, com 65 anos de atuação,
praticava a cobrança de passagens conforme a distância percorrida. Por exemplo,
quem residia nos distritos de Quatinga, Taiaçupeba, Sabaúna e Biritiba Ussu
pagava três vezes mais caro pela passagem em comparação com moradores de bairros
periféricos, como Alto do Ipiranga, Jardim Camila e Mogi Moderno. Situação
semelhante ocorria nos distritos de Jundiapeba, Braz Cubas e Cezar de
Souza.
Sob o comando do amigo e
competentíssimo Cel. Nobuo Aoki Xiol, a pasta de Transportes implantou o
programa de modernização da frota (ônibus com, no máximo, de três anos de uso),
o cartão magnético para pagamento de tarifa, o transporte escolar em total
conexão com a Secretaria Municipal de Educação – comandada pela inigualável Professora
Maria Geny Borges Ávila Horle –, o passe escolar, cartão do idoso para isentar
a tarifa a partir de 65 anos, ônibus acessíveis para pessoas com necessidades
especiais, construção do terminal de passageiros no Mogilar, entre outros. Também
cumprimos a Constituição Federal extinguindo o monopólio de 65 anos da permissionária.
Após concorrência pública, as duas vencedoras iniciaram a atividade de
transporte público em 2005, seguindo o dispositivo legal que estabelecia vigência
contratual de 5 anos e nova concorrência pública por idêntico período. Em acordo
amigável, também extinguimos o transporte alternativo (perueiros),
reorganizamos o serviço de taxistas, com acréscimo de inúmeros pontos e
padronização dos veículos.
Contudo, vejo como grande investida de
mobilidade urbana a implantação das inéditas ciclovias e ciclofaixas. Era um
tempo em que essas estruturas existiam em pouquíssimos municípios. Não eliminava
a falta de mobilidade urbana mas, com certeza, contribuía muito com moradores de
bairros mais afastados do centro, que se deslocavam de bicicleta.
A primeira foi implantada na Av. Gov.
Adhemar de Barros Filho (diminuindo a faixa para veículos) para ligar o Centro com
o Distrito de Jundiapeba, numa extensão de 4,9 mil metros, margeando os trilhos
da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
A segunda foi na Av. Francisco
Rodrigues Filho (após a duplicação da via e construção de ponte sobre o Rio
Tietê), utilizando a calçada esquerda, ligando o Centro a Cezar de Souza, numa
distância de 1,845 mil metros. Essa rota atende os moradores do Distrito, como
também os frequentadores do Parque Centenário.
A terceira foi na Av. Engº Miguel Gemma (após a duplicação da via),
utilizando o canteiro central, para conectar a R. Júlio Perotti (Jardim
Armênia) com os moradores da região, inclusive do Conjunto Habitacional Toyama,
localizado Rod. Mogi/Salesópolis, num trecho de 1,5 mil metros.
Portanto, as três estruturas implantadas
em nossas duas gestões como prefeito somam 8,245 mil metros. Sofrem críticas
porque são de construção modesta. Fato é que em 2001, quando assumimos, Mogi
das Cruzes de 441 anos não tinha uma única ciclovia/ciclofaixa, sob a
justificativa de apresentar vias muito estreitas.
Nosso consolo é que, passados de 15 a
20 anos de sua implantação, as estruturas lá se encontram da forma concebida,
prestando serviços à população. As ciclovias são fundamentais para melhorar a mobilidade
urbana. Pesquisa oficial demonstra que, nos últimos seis meses, houve um
crescimento de 66% na utilização de bicicletas na Capital paulista.
Apoio integralmente os esforços dos
integrantes do coletivo de ciclistas MTB Mogi e da Prefeitura que, no ano
passado, protocolaram uma justa reivindicação à CPTM no sentido de que autorize
a utilização de reduzida faixa da linha férrea para a construção de moderna e
segura ciclovia, ligando os Distritos de Jundiapeba e Cezar de Souza, numa
distância de 15 quilômetros. Se concretizada, contribuirá demais com a
mobilidade urbana em Mogi, oferecendo benefício incalculável para grande
parcela da população, nas suas variadas atividades diárias. Reflexos positivos
para saúde, economia, meio ambiente e bem-estar social. #MaisCiclovias
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