#BloqueioEuropeu – Não bastassem as consequências
inimagináveis da Covid-19 que colocam 28
milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza (+12% em relação a 2019) e retardarão
em anos a recuperação da nossa caótica economia, há uma notícia que dificultará
muito a conquista da normalidade nacional. A União Europeia deverá anunciar em
novembro a proposta para exigir de seus importadores de carne bovina, soja,
café, cacau, madeira e óleo de palma que se certifiquem de que essas
commodities são provenientes de terras onde não houve desmatamento ilegal nem
ações de degradação do solo depois de 1º de janeiro de 2021.
Essa medida é “um tiro no pé” do agronegócio
brasileiro, apesar de a punição ser coerente com as metas de preservação. Nosso
agronegócio responde por aproximadamente 30% do Produto Interno Bruto (PIB), equilibrando
a cambaleante economia nacional. Na prática, o agronegócio é a galinha de ovos
de ouro da Nação e sustentáculo social do povo. Problema é que o bloqueio pode
punir indistintamente todos os produtores brasileiros.
A proposta elaborada pela Comissão Europeia, braço
executivo da UE, será encaminhada ao Conselho Europeu, que reúne os líderes dos
27 países-membros, e ao Parlamento Europeu, impulsionados pelo governo e
lideranças francesas, notadamente em razão dos gigantescos desmatamentos na
região Amazônica.
Além disso, 11 grandes companhias globais do setor
de alimentos comprometeram-se em apoiar o fim do desmatamento, monitorando suas
cadeias de fornecedores com medidas restritivas, em apoio integral à UE. Dentre
elas, estão Nestlé, Danone, Barry Callebaut (chocolates), Carrefour, Jerônimo
Martins, Kering, Occitane, Metro, Reckitt, Sainsbury’s e Tesco. As empresas
signatárias entendem que desmatamento, queimada e exploração ilegal de madeiras
continuam em taxas alarmantes. Isso afeta não só o clima. A perda de
biodiversidade gera o crescente risco de novas pandemias. Daí o posicionamento
de que o fim das agressões ambientais é prioridade para os negócios e para o mundo.
Por mais que faltem políticas públicas e a devida fiscalização sobre
desmatamentos e queimadas, é necessário que cada produtor rural, principalmente
o de commodities, seja cada vez mais consciente e responsável para não cometer
crimes ambientais. Assim, ajuda e protege os agricultores como um todo, inclusive
os míni, pequenos e médios do setor hortifrutiflorigranjeiro.
Pela proposta, a UE aplicará rigorosa
rastreabilidade sobre o que importa. Um sistema vai avaliar os países
exportadores de acordo com o nível de risco de desmatamento, a partir do local
onde as commodities são produzidas, inclusive de países-membros do continente
europeu.
Com máxima urgência e prioridade, algo precisa ser feito pelo governo brasileiro!
Caso contrário, vamos acompanhar a morte, sem choro nem vela, do nosso precioso
agronegócio. E afundar ainda mais a agonizante economia nacional,
inviabilizando a sobrevivência de 212,6 milhões de brasileiros.
Até porque a China, maior compradora de carne
bovina do Brasil, mantém, há 30 dias, veto à entrada do produto, por causa da
constatação da doença “Vaca Louca” em alguns frigoríficos no Brasil. O fato ameaça
dizimar a exportação que representa US$ 4 bilhões ou quase R$ 28 bilhões aos
cofres brasileiros.
Infelizmente, o ditado de que “é melhor prevenir do
que remediar” não tem sido praticado pelas lideranças políticas e gestores
públicos, especialmente nestes últimos anos. #AmeaçaMortal
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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