#ComidaNoLixo – Na década de 1980, como
produtor e líder rural, já discutia com as autoridades governamentais o
desperdício de alimentos no Brasil, desde a produção até o consumidor final.
Era uma coisa doida, diante das famílias pobres que sofriam com a fome. A
fotografia não mudou nadinha. Continuamos jogando comida fora!
Conforme dados de 2018 da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), anualmente, cada brasileiro
desperdiça em média 41,6 kg de alimentos, número que corresponde 8,9 milhões de
toneladas de comida jogada no lixo. São restos alimentares parcialmente
consumidos ou sobras resultantes da administração inadequada do alimento, com
armazenamento impróprio, transporte inadequado, estradas ruins, colheitas mal
feitas e etc. Enfim, há perdas diárias em toda a cadeia produtiva, incluindo o
consumidor final.
Reportagem publicada na Uol estima que
o Estádio do Maracanã todinho não seria suficiente para depositar os alimentos
desperdiçados anualmente. Dentre os mais descartados, estão arroz (22%), carne
bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%). Segundo dados do IBGE, o total de
alimentos desperdiçados no Brasil atinge 131 gramas por pessoa, diariamente. Essa
quantidade alimentaria 40 milhões de brasileiros. Somente a perda do arroz
mataria a fome de 19 milhões de pessoas.
Globalmente, desperdiçamos 931
milhões de toneladas por ano, ou seja, 2,5 milhões de toneladas diárias,
conforme pesquisa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura.
Temos tecnologia suficiente para cada
setor da cadeia produtiva diminuir esse desperdício de alimentos. Na década de
1990, como deputado estadual e presidente da Comissão Permanente de
Agricultura, Pecuária, e Abastecimento, representava a Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo (Alesp) junto à Ceagesp.
Naquela época, a Secretaria Estadual
de Agricultura e Abastecimento, USP, Diretoria da Ceagesp, Associação dos
Permissionários da Ceagesp e Alesp, unidos, tinham um projeto de aproveitamento
integral de produtos descartados (verduras, legumes, bulbos e tubérculos) com
sua transformação em sopas e embalados em latas de metal de 2 kg e 5 kg.
As entidades beneficentes de assistência social de
centenas de cidades, em especial da Região Metropolitana, previamente cadastradas,
realizavam a distribuição das latas de sopa às famílias carentes. Literalmente,
um sucesso! Porém, é uma pena que, com as mudanças governamentais, o projeto
tenha sido extinto. Vale a pena reativá-lo e, nesse sentido, precisamos
sensibilizar as autoridades, considerando o estratosférico aumento da pobreza na
população brasileira. #TristeDesperdício
(Foto:
Felipe Rau/Estadão)
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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