sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Demissão humanizada

 


#DifícilMomento – “Demissão humanizada existe? O que as empresas não deveriam fazer ao cortar”. É o título da matéria do colunista Henrique Santiago, publicada na Uol – Economia, em 29 de maio. Viralizou nas redes sociais o relato de uma pessoa que, após ser demitida, recebeu uma cesta de bombons e um balão para amenizar o desligamento. Sensibilizado, o demitido descreveu a atitude do empregador como “demissão humanizada”. Diante de um fato raríssimo, pergunto: Isso existe?

 

Embora não seja a primeira vez que o assunto virou discussão na internet, os críticos dizem que o conceito de “demissão humanizada”, segundo o colunista, não existe. “Não seriam meia dúzia de chocolates e um bilhete de agradecimento que suavizariam uma situação de perda de emprego”.

 

Além dos críticos, os especialistas em RH rejeitam o termo, duvidando da possibilidade de se realizar uma “demissão humanizada”, principalmente em situações inesperadas. Porém, admitem que existem condutas mais respeitosas de conduzir a demissão. Com máxima empatia, e não com presentes.

 

Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, declara que é mais coerente o empregador ou a empresa “estender a validade do plano de saúde, disponibilizar cursos de capacitação, fazer carta de recomendação ou oferecer apoio psicológico”.

 

Uma demissão, salvo por justa causa, nunca foi pacífica entre as partes e, com certeza, tornou-se extremamente complicada às empresas e desumana ao empregado, no período de pandemia.

 

Os especialistas comungam do entendimento de que uma conversa virtual deve ocorrer apenas se o funcionário morar em outra cidade, estado ou país. Caso contrário, sugerem que o gestor imediato e o RH estejam presentes.

 

O dia mais recomendável para a demissão não existe, conforme o coordenador do curso técnico de Recursos Humanos da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), Marino Alves de Faria Filho. O mais importante, diz ele, é o gestor se preparar para facilitar a organização das palavras corretas a serem dirigidas à pessoa que perderá o emprego e não fazer demissões “homeopáticas” que têm dia e hora para acontecer.

 

Dicas para o momento da demissão: a) Preparar com antecedência o gestor responsável por demitir alguém; b) Conversar com o funcionário individualmente em um ambiente privado; c) Se o encontro virtual for inevitável, fale somente com a pessoa na sala; d) Explicar os motivos reais do desligamento e dar abertura para ouvir o lado da pessoa demitida; e) Oferecer extensão de plano de saúde, cursos de qualificação, bonificações, etc; f) Auxiliar a pessoa demitida com uma recolocação no mercado de trabalho.

 

Na condição de empregador, sempre tive o maior respeito e sensibilidade para com os demitidos, ajudando-os para aliviar o momento difícil. Nos anos de 1980, quando o governo do Estado desapropriou imensas áreas produtivas para construção de reservatórios de água no Alto Tietê, fui forçado a realizar muitas demissões na lavoura, o que fizemos com profundo sentimento humanitário. Foi um grande aprendizado sobre a importância das relações humanas! #DemissãoHumanizada

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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