Meu manifesto não
se baseia em sentimento bairrista, mas sim em absoluta coerência e bom senso.
Refiro-me ao Programa de Retomada Consciente da Economia, lançado na quarta (27)
pelo Governo do Estado. Classifica as regiões em cinco fases: 1 (vermelha), de
alerta máximo, com funcionamento apenas de serviços essenciais; 2 (laranja),
controle que possibilita aberturas com restrições; 3 (amarela), abertura de número
maior de setores; 4 (verde), flexibilização maior em relação à etapa 3; e 5
(azul), de “normal controlado”, com todos os setores em funcionamento, mas
mantendo medidas de distanciamento e higiene.
Sou integralmente a favor do isolamento
social, seguindo rigidamente os preceitos das autoridades de saúde, assim como
do Programa de Retomada Consciente da Economia. Acredito que se baseiam em
pesquisas, dados e fatos, sob as óticas da ciência, saúde e economia, dentro de
uma gestão pública responsável e transparente.
São justamente tais fatos que me levam a
discordar da classificação de Mogi das Cruzes na fase vermelha, enquanto a
Capital, epicentro da pandemia no Estado, avança para a etapa laranja. Tal
situação só seria inteligível, se nossa Cidade tivesse indicadores piores do
que os do Município de São Paulo. Não é o caso.
O índice de isolamento social em Mogi
sempre esteve acima do registrado na capital paulista. Quanto à capacidade
hospitalar, na quinta-feira última, a rede mogiana registrava 57% de ocupação
dos leitos de UTI e 50% das vagas nas enfermarias. Já a Capital chegava a 92%
de ocupação dos leitos de UTI (hospitais públicos e privados) e lotação de 100%
nos hospitais municipais.
Vale considerar que, pelo menos, 30% dos
leitos mogianos estão ocupados com pacientes de municípios vizinhos, inclusive
da capital paulista. Portanto, não são mogianos dependendo dessa assistência.
Além disso, como medida preventiva no início da crise, Mogi das Cruzes
construiu o Hospital de Campanha, com 200 leitos.
Mogi não se encaixa na fase vermelha em
nenhum dos critérios definidos pelo Estado para estabelecer as fases de cada
região. E apresenta números bem mais favoráveis que os do Município de São
Paulo. Logo, se o cabedal científico liberou a Capital para a etapa laranja,
como justificar a permanência da nossa Cidade no estágio de restrição máxima?
Das duas, uma: ou a liberação da capital paulista foi equivocada, ou foram
usados desconhecidos peso e medida para classificar Mogi das Cruzes.
Ombreio-me em total apoio às indignações
do prefeito Marcus Melo, do vice Juliano Abe, dos vereadores, do Consórcio de
Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, de entidades classistas e demais lideranças.
Estou ao lado deles na cobrança por revisão urgente da classificação de Mogi
das Cruzes no programa.
Afinal, os critérios definidos pelo
próprio Estado colocam a Cidade na fase 2 (laranja), que permite a abertura de escritórios,
concessionárias de veículos, comércio e shopping centers, sempre com os
protocolos de higiene e distanciamento.
Apelamos para o bom senso e coerência
das autoridades estaduais! Nada contra o Município de São Paulo, que dista
apenas 60 quilômetros da nossa Cidade e sempre esteve próximo sob os aspectos
físico, econômico e emocional. A própria característica da conurbação é um
fator extra para não haver classificações diferentes entre cidades vizinhas de
alta interação. Caso contrário, é imenso o risco de criar corredores adicionais
para a propagação do vírus.
Embora seja uma cidade de quase 500 mil
habitantes, Mogi depende de São Paulo – onde trabalham milhares de mogianos – e
vice-versa. Uma enorme parcela da população paulistana e de vários municípios
da Região Metropolitana prescindem da água advinda das três represas
localizadas no território mogiano (dos Rios Jundiaí, Taiaçupeba e Biritiba
Mirim).
Reforçando que devem prevalecer os cuidados máximos de higiene e
distanciamento social, só clamamos por justiça: a ciência que vale para a
Capital também tem de valer para Mogi das Cruzes! #RevisãoJá
Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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