Quem dera só houvesse
boas notícias... Eis uma ótima: a agropecuária brasileira continuamente bate
recordes de produção, abastecendo o consumidor no mundo todo, além de ser o
alicerce da economia nacional. Sou suspeito para elogiar porque atuo como pequeno
produtor rural do Cinturão Verde de Mogi das Cruzes/SP e líder rural que,
modéstia à parte, conhece muito bem o setor.
A retrospectiva de 2019 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destaca que, nos últimos 40 anos, enquanto a área ocupada pela agricultura aumentou 33%, a produção de alimentos no Brasil cresceu aproximadamente 386%. São dados reconfortantes, se levarmos em consideração a irresponsabilidade do governo atual que, por falta de fiscalização e punição, deixou o desmatamento na Amazônia subir 30%, somente em 2020. Foram 8.058 km² de floresta destruída, o maior índice dos últimos 10 anos, creditado aos madeireiros ilegais, e contribuinte de estiagem sem precedentes no País.
Apesar das irresponsabilidades, vale
registrar que o Brasil possui 60% de sua área coberta de florestas naturais
(97%) e florestas plantadas (3%). É o 2º país que mais protege as florestas.
A correlação entre a área cultivada e
o aumento vertiginoso de produção de alimentos se deve aos esforços dos produtores
rurais que, apoiados por centros de pesquisas, como a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), incorporam cada vez mais modernas tecnologias.
É o caso do programa ABC do Cerrado (política agropecuária focada na
preservação ambiental e na redução de gases de efeito estufa); o forte
incentivo aos orgânicos (principalmente no setor de verduras, legumes,
tubérculos e bulbos) e aos bioinsumos (que melhora a oferta de insumos
biológicos, com suporte técnico e fomento às pesquisas de manejo sustentável
nas lavouras).
Portanto, com pesquisa, tecnologia e
inovação; acesso fácil ao crédito rural; avanço da infraestrutura e logística;
fortalecimento do cooperativismo, sindicalismo e associativismo; e assistência
técnica adequada, o Brasil produzirá cada vez mais alimentos de qualidade e com
custos baixos, visto que possuímos extensão territorial, clima e capacidade
hídrica inigualáveis.
Todavia, é fundamental diminuirmos o
descarte e a perda de alimentos. No mundo, a marca atinge 17%, ou seja, 931
milhões de toneladas de alimentos que vão ao lixo. O Brasil está na lista dos dez
países que mais desperdiçam alimentos, alcançando a marca de 30% de tudo que
produzimos. Significa um prejuízo de US$ 940 bilhões por ano. As informações
constam do Índice de Desperdício de Alimentos 2021.
Segundo a Organização das Nações
Unidas (ONU), em 2020, a população mundial era de 7,79 bilhões de
habitantes. Daqui a 29 anos, em 2050, seremos 9,70 bilhões na Terra. Portanto,
precisamos avançar diuturnamente no fortalecimento da agropecuária mundial,
principalmente, a brasileira. Hoje, 821,6
milhões de pessoas no mundo passam fome e, se considerarmos aquelas em condição
moderada de insegurança alimentar, o total atinge 2 bilhões, o equivalente a
26,4% da população mundial, ainda conforme a ONU.
Além das providências contra o infame
desperdício de alimentos, fazemos um veemente apelo às lideranças
internacionais, notadamente às brasileiras, para que, unidos, possamos combater
a fome e, assim, melhorar a justiça social. Afinal, todos são iguais perante a
Lei e, em especial, perante a Deus. #MenosDesperdício #MaisJustiçaSocial
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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