#JovensDePartida – Estudos realizados
em junho pela Fundação Getúlio Vargas e Atlas das Juventudes indicam que quase
metade dos jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, deseja ardentemente sair do
País, em busca de estabilidade e melhores condições de vida. A maioria não
pertence à classe média alta, que tem condições de fazer intercâmbio, cursar MBA
ou garantir diploma internacional de mestrado. São jovens da classe C, que procuram
vaga de trabalho há mais de dois anos e depositam no exterior a esperança de
oportunidades para juntar dinheiro, ter casa própria, carro, condições para
viajar e comer fora de casa.
Os dados mostram que 27,1% do jovens,
entre 15 e 29 anos, não estudam e também não trabalham, visto a grande
dificuldade de encontrar emprego. A situação se agravou ainda mais com a
pandemia de Covid-19. A desocupação nessa faixa etária cresceu de 49,4% para
56,3%. O número de pedidos de visto de trabalho pelos profissionais
considerados prioritários nos EUA, como executivos e cientistas, atingiu o
maior patamar em dez anos.
Segundo o IBGE, são 14,8 milhões de
desempregados e mais 6 milhões de desalentados que desistiram de procurar
emprego, em todas as faixas etárias. Os mais pobres são os mais afetados.
A Folha
de São Paulo mostra que o Brasil nunca teve tantos jovens numa situação
social de tamanha degradação. Cerca de 50 milhões, entre 15 e 29 anos, se
revelam decepcionados em níveis recordes, sem perspectivas de trabalho e insatisfeitos
com a condução do País. Se pudesse, quase a metade (47%) dos jovens brasileiros
deixaria o Brasil.
O dramático quadro se liga
umbilicalmente à situação da economia brasileira, marcada pelo fechamento
recorde de empresas de micro, pequeno, médio ou grande portes. Em 2019, nossa
economia era a 6ª no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU) em termos
de atrações internacionais. Em 2020, despencou para o 11º lugar, perdendo
inclusive a liderança na América Latina para o México. Houve um retrocesso de
20 anos, voltando ao patamar de 2012.
Estudo da Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) demonstra
que o principal motivo da queda econômica é o desacerto de ações de combate à Covid-19.
Em 2019, os investimentos externos foram de US$ 65 bilhões e, em 2020, US$ 24,8
bilhões, uma queda de 62%. Além do mais, as multinacionais brasileiras, que
atuam no exterior, perderam seus espaços. Muitas se descapitalizaram porque
foram obrigadas a repatriar recursos para socorrer suas matrizes no Brasil, na
ordem de US$ 26 bilhões. Diferentemente dos países asiáticos que, com vigoroso
planejamento e combate à pandemia, atraem 50% do investimento internacional.
Lamentavelmente, este é o preocupante
cenário nacional. Unidos, temos de apelar ao governo que implemente todas as
ações possíveis no combate à pandemia, com a aquisição muito maior de vacinas para
acelerar, no mínimo em três vezes, a imunização. Não podemos ficar indiferentes
à situação dos jovens, porque eles são a continuidade, nossa e da Nação!
#ForçaJuventude
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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