#CasoEscabroso – Sou brasileiro da
gema, nascido em Mogi das Cruzes/SP. Por ser filho e neto de imigrantes
japoneses, fui vítima de discriminação racial, enquanto criança, jovem e mesmo
adulto. Principalmente, após a 2ª Guerra Mundial. Isso veio associado ao
preconceito por ser homem do campo e pobre (aporofobia). Na linha do tempo,
diria que ocorreu de 1945 a 1975, aproximadamente.
Graças à primorosa educação do lar,
mesmo sentindo-me desprezado, diminuído ou ofendido, nunca reagi; muito menos,
agredi alguém. Em geral, essa era a conduta dos brasileiros descendentes de
japoneses, que cultivavam os ensinamentos dos ancestrais para agradecer ao
Brasil que os acolheu, concedendo-lhes oportunidades de uma vida melhor.
Por essa razão, vivo um sufocado
inconformismo diante de casos de preconceito e intolerância em pleno século
XXI. O início de fevereiro último (04/02) foi palco de assombroso machismo protagonizado
pelo presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia/GO, André Fortaleza
(MDB), durante a sessão, contra a vereadora Camila Rosa (PSD). Discutia-se a
participação feminina na política.
A tese da vereadora tinha-se
amplificado nas redes sociais, com amplo apoio. Uma seguidora disse que a
Câmara de Aparecida é composta por um “bando de machistas”. Contrariado, Fortaleza
afirmou: “Não sou contra a classe feminina, sou contra a cota, oportunismo e
ilusionismo. Pode ser mulher, homem ou homossexual. Quero deixar bem claro para
a senhora e sua seguidora, eu não sou machista, eu sou contra fake news”.
“Eu não disse que o senhor era contra
a cota. Se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre
fala de caráter, de transparência. Parece que o senhor tem algum problema com
isso”, respondeu a vereadora. Vomitando prepotência, Fortaleza disparou: “Eu
sou presidente, é a senhora que vai me respeitar. Corta o microfone dessa
vereadora para mim. Quer fazer circo? Aqui, você vai fazer não!”
Indignada, a vereadora Camila retomou
a palavra: “É isso que fazem com as mulheres na política... Agora o senhor quer
me desmoralizar, por um motivo que a gente sabe qual é (...)”. Chorando, ela deixou
a sede da Câmara e prestou queixa na Delegacia de Polícia.
O autoritário e machista presidente
André Fortaleza responderá diante da lei que dispõe: “será punida qualquer ação
que impeça ou restrinja os direitos da mulher nos partidos políticos e movimentos
sociais, durante a campanha e ao longo do mandato”. Que assim seja!
#MaisRespeito #MachismoNão
(Foto:
Reprodução/Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia/GO)
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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