sexta-feira, 25 de março de 2022

Machismo Não!

 

#CasoEscabroso – Sou brasileiro da gema, nascido em Mogi das Cruzes/SP. Por ser filho e neto de imigrantes japoneses, fui vítima de discriminação racial, enquanto criança, jovem e mesmo adulto. Principalmente, após a 2ª Guerra Mundial. Isso veio associado ao preconceito por ser homem do campo e pobre (aporofobia). Na linha do tempo, diria que ocorreu de 1945 a 1975, aproximadamente.

 

Graças à primorosa educação do lar, mesmo sentindo-me desprezado, diminuído ou ofendido, nunca reagi; muito menos, agredi alguém. Em geral, essa era a conduta dos brasileiros descendentes de japoneses, que cultivavam os ensinamentos dos ancestrais para agradecer ao Brasil que os acolheu, concedendo-lhes oportunidades de uma vida melhor.

 

Por essa razão, vivo um sufocado inconformismo diante de casos de preconceito e intolerância em pleno século XXI. O início de fevereiro último (04/02) foi palco de assombroso machismo protagonizado pelo presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia/GO, André Fortaleza (MDB), durante a sessão, contra a vereadora Camila Rosa (PSD). Discutia-se a participação feminina na política.

 

A tese da vereadora tinha-se amplificado nas redes sociais, com amplo apoio. Uma seguidora disse que a Câmara de Aparecida é composta por um “bando de machistas”. Contrariado, Fortaleza afirmou: “Não sou contra a classe feminina, sou contra a cota, oportunismo e ilusionismo. Pode ser mulher, homem ou homossexual. Quero deixar bem claro para a senhora e sua seguidora, eu não sou machista, eu sou contra fake news”.

 

“Eu não disse que o senhor era contra a cota. Se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, de transparência. Parece que o senhor tem algum problema com isso”, respondeu a vereadora. Vomitando prepotência, Fortaleza disparou: “Eu sou presidente, é a senhora que vai me respeitar. Corta o microfone dessa vereadora para mim. Quer fazer circo? Aqui, você vai fazer não!”

 

Indignada, a vereadora Camila retomou a palavra: “É isso que fazem com as mulheres na política... Agora o senhor quer me desmoralizar, por um motivo que a gente sabe qual é (...)”. Chorando, ela deixou a sede da Câmara e prestou queixa na Delegacia de Polícia.

 


O autoritário e machista presidente André Fortaleza responderá diante da lei que dispõe: “será punida qualquer ação que impeça ou restrinja os direitos da mulher nos partidos políticos e movimentos sociais, durante a campanha e ao longo do mandato”. Que assim seja! #MaisRespeito #MachismoNão

 

(Foto: Reprodução/Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia/GO)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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