#ImigraçãoJaponesa – Comemoramos 115 anos da
Imigração Japonesa no Brasil, que se deu em 18 de junho de 1908, com a chegada
de 165 famílias, totalizando 781 nipônicos, no navio Kasato Maru, no Porto de
Santos/SP. Dentre infindáveis e importantes legados deixados pelos imigrantes
ao nosso País, destaco a Reforma Agrária. Os primeiros movimentos ocorreram nos
anos de 1920 e 1930, com campesinos defendendo a tese da revolução agrária.
Lamentavelmente, após 100 anos, dezenas de governos
não conseguiram realizá-la de forma correta, ágil e justa até hoje. Esta
situação contribui para que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) promovam as temíveis invasões de terras produtivas, sejam públicas
ou particulares, agredindo os dispositivos da Constituição, sacramentados
pela Lei 8.629, de 25/02/1993.
Os imigrantes japoneses cumpriam contratos de 3, 5
e 7 anos de dedicação integral em grandes fazendas de café, no interior do
Estado. Era uma situação análoga à escravidão, porque eles vieram para
substituir a mão obra de escrava, após a Abolição da Escravatura, em 1889.
Ao final dos contratos, deslocaram-se para a atual Região
Metropolitana de São Paulo, em razão do clima e da possibilidade de exercerem
inúmeras atividades, notadamente rurais. A história registra a chegada dos
imigrantes japoneses, em Mogi das Cruzes/SP, em 1919, iniciando o desbravamento
de matas. Transformaram pequenas áreas em cultivo e modificaram totalmente o
cenário rural, sem apoio algum dos poderes públicos.
Minúsculas áreas de 1 a 2 hectares converteram-se
em minifúndios altamente produtivos, com a policultura no lugar da tradicional
monocultura. Verduras e legumes, desde “A” de Alface até “V” de vagem vicejavam
o ano inteiro. Posteriormente, vieram as frutas, as granjas e, finalmente, na
década de 1970, as flores e plantas ornamentais.
Uma autêntica e legítima Reforma Agrária, sem
financiamentos e sem invasões. Os imigrantes japoneses, inconscientemente,
implantaram a verdadeira e justa transformação de áreas improdutivas em
lavouras de avançada tecnologia, de policultura e altíssima produção. Com áreas
diminutas, conseguiram privilegiar a educação de seus filhos, dando origem a
excelentes profissionais em todas as áreas do conhecimento humano.
Apesar da redução de 60% no número de agricultores,
Mogi das Cruzes continua imponente no abastecimento de hortifrutiflorigranjeiros.
Mesmo com o perímetro urbano invadindo a zona rural; mesmo com as construções
de três represas para abastecimento de água pelo governo paulista, que
redundaram em diminuição imensa de áreas produtivas; mesmo com inflação
atingindo 90% ao mês, em 1988, no governo Sarney; mesmo com a correção monetária
introduzida nos financiamentos agrícolas; mesmo com o naufrágio de planos
econômicos como Cruzado, Bresser, Verão e Collor, que liquidaram importantes
cooperativas agrícolas como a Cotia, Sul-Brasil e Itapeti, entre outros.
Com merecimento e justiça, Mogi ostenta a posição
de campeã nacional na produção de inúmeras culturas, como alface, acelga,
agrião, rúcula, salsa, abobrinha, berinjela, beterraba, pepino, cogumelos, ovos
de codorna, frutas caqui, nêspera e orquídeas.
É uma pena os governantes não levarem em
consideração as estruturas agrícolas vitoriosas que fazem de Mogi uma referência
da Reforma Agrária de que o Brasil tanto precisa. É legado dos imigrantes
japoneses! #RicoLegado
(Imagem: Ney Sarmento/Arquivo PMMC)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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