domingo, 18 de junho de 2023

Rico legado

 

#ImigraçãoJaponesa – Comemoramos 115 anos da Imigração Japonesa no Brasil, que se deu em 18 de junho de 1908, com a chegada de 165 famílias, totalizando 781 nipônicos, no navio Kasato Maru, no Porto de Santos/SP. Dentre infindáveis e importantes legados deixados pelos imigrantes ao nosso País, destaco a Reforma Agrária. Os primeiros movimentos ocorreram nos anos de 1920 e 1930, com campesinos defendendo a tese da revolução agrária.

 

Lamentavelmente, após 100 anos, dezenas de governos não conseguiram realizá-la de forma correta, ágil e justa até hoje. Esta situação contribui para que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promovam as temíveis invasões de terras produtivas, sejam públicas ou particulares, agredindo os dispositivos da Constituição, sacramentados pela Lei 8.629, de 25/02/1993.

 

Os imigrantes japoneses cumpriam contratos de 3, 5 e 7 anos de dedicação integral em grandes fazendas de café, no interior do Estado. Era uma situação análoga à escravidão, porque eles vieram para substituir a mão obra de escrava, após a Abolição da Escravatura, em 1889.

 

Ao final dos contratos, deslocaram-se para a atual Região Metropolitana de São Paulo, em razão do clima e da possibilidade de exercerem inúmeras atividades, notadamente rurais. A história registra a chegada dos imigrantes japoneses, em Mogi das Cruzes/SP, em 1919, iniciando o desbravamento de matas. Transformaram pequenas áreas em cultivo e modificaram totalmente o cenário rural, sem apoio algum dos poderes públicos.

 

Minúsculas áreas de 1 a 2 hectares converteram-se em minifúndios altamente produtivos, com a policultura no lugar da tradicional monocultura. Verduras e legumes, desde “A” de Alface até “V” de vagem vicejavam o ano inteiro. Posteriormente, vieram as frutas, as granjas e, finalmente, na década de 1970, as flores e plantas ornamentais.

Uma autêntica e legítima Reforma Agrária, sem financiamentos e sem invasões. Os imigrantes japoneses, inconscientemente, implantaram a verdadeira e justa transformação de áreas improdutivas em lavouras de avançada tecnologia, de policultura e altíssima produção. Com áreas diminutas, conseguiram privilegiar a educação de seus filhos, dando origem a excelentes profissionais em todas as áreas do conhecimento humano. 

 

Apesar da redução de 60% no número de agricultores, Mogi das Cruzes continua imponente no abastecimento de hortifrutiflorigranjeiros. Mesmo com o perímetro urbano invadindo a zona rural; mesmo com as construções de três represas para abastecimento de água pelo governo paulista, que redundaram em diminuição imensa de áreas produtivas; mesmo com inflação atingindo 90% ao mês, em 1988, no governo Sarney; mesmo com a correção monetária introduzida nos financiamentos agrícolas; mesmo com o naufrágio de planos econômicos como Cruzado, Bresser, Verão e Collor, que liquidaram importantes cooperativas agrícolas como a Cotia, Sul-Brasil e Itapeti, entre outros.

 

Com merecimento e justiça, Mogi ostenta a posição de campeã nacional na produção de inúmeras culturas, como alface, acelga, agrião, rúcula, salsa, abobrinha, berinjela, beterraba, pepino, cogumelos, ovos de codorna, frutas caqui, nêspera e orquídeas.     

 

É uma pena os governantes não levarem em consideração as estruturas agrícolas vitoriosas que fazem de Mogi uma referência da Reforma Agrária de que o Brasil tanto precisa. É legado dos imigrantes japoneses! #RicoLegado  

 


(Imagem: Ney Sarmento/Arquivo PMMC)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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