As pessoas costumam manter distância dos insetos, apesar de saberem que são
imprescindíveis para o equilíbrio ambiental, alicerce da sobrevivência de todos
os seres. É o caso das abelhas. Ao falar delas, surgem, quase instintivamente, três
coisas: mel, colmeia e picadas doloridas. Fato é que esses pequenos voadores são
fundamentais para o processo de polinização de vegetais. Não é uma função exclusiva
das abelhas, mas elas se destacam na forma virtuosa e unida de trabalho.
Apesar
de superimportantes para o mundo, as abelhas estão desaparecendo no planeta e
os seres humanos são os responsáveis diretos. Nos EUA o número de colônias do
inseto caiu 52% de 1957 a 2017. Não é diferente no Brasil, onde os apicultores
constatam cada vez mais abelhas mortas por aí. Os pesquisadores descobriram
que, além das doenças e da redução do habitat das espécies, os agrotóxicos são
os responsáveis principais pela morte dos bichinhos.
Se o
triste cenário não mudar, em breve, mel e cera serão os primeiros a sumir. O mel surge depois que as abelhas coletam o
néctar de vegetais e flores e regurgitam essa substância dentro de favos
feitos de cera, no interior das colmeias. Já a cera é produzida a partir de glândulas
no abdômen desses bichinhos. Ambos os produtos são utilizados em diversas
indústrias. Além do setor alimentício, o mel é usado em cosméticos e
medicamentos, enquanto a cera serve de matéria-prima para cosméticos e
remédios.
Não é
só. Faltará comida. O desaparecimento das abelhas impactaria diretamente a
agricultura, tornando insustentável a produção de alimentos. Estudo da Organização
Mundial das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) constata que das 100 principais espécies de vegetais, usados
como base para produzir 90% da comida ao redor do mundo, 71% são polinizadas
por abelhas.
Ao
mesmo tempo, a agricultura é a mais dependente das abelhas e a principal
responsável pelos fatores que envolvem o desaparecimento delas e de outros polinizadores.
No Rio Grande do Sul, ficou comprovado que o uso do agrotóxico FIPRONIL causa
a morte de centenas de milhões de abelhas. Somem-se a isso os céleres – e criminosos
– desmatamentos e queimadas de matas.
Os
animais que se alimentam de frutas silvestres estão também condenados à morte,
pelo crescente desequilíbrio ambiental. Muitos não se deram conta, mas até as carnes
serão afetadas. Como conservar as pastagens e produzir rações advindas de
vegetais para a sustentabilidade da pecuária, sem polinização?
Vivemos
um cenário catastrófico com a situação sendo retroalimentada. 1) Ter menos
insetos significa ter menos plantas e consequentemente menos produção; 2) ter
menos plantas contribui para o aquecimento global; 3) menos produção aumenta a
fome e a miséria. Paralelamente, ter menos planta afeta a biodiversidade do
planeta e o ciclo de destruição recomeça.
Só nos
resta clamar para que a população se conscientize, assim como pressione autoridades
públicas e lideranças da sociedade civil por providências para reverter o
quadro que tem potencial para destruir a humanidade. #PelasAbelhas #PelaVida
#SobrevivênciaHumana
Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário