terça-feira, 29 de junho de 2021

Estiagem e consequências

 

Longe de mim ser dissipador de notícias negativas, visto que já convivemos com os efeitos da pandemia. Porém, como amante do princípio de que “é melhor prevenir do que remediar”, falo da gigantesca estiagem que vem trazendo prejuízos estratosféricos ao País e nossa população.

 

Especialistas fazem conexão direta entre a situação e o desmatamento sem limites na região amazônica, principalmente nestes dois anos de Ministério do Meio Ambiente sob a irresponsável condução de Ricardo Salles que, felizmente, se demitiu. Para o bem da Nação, entendo que ele deva ser punido pelo estímulo dado ao desmatamento e por total omissão na fiscalização.

 

Há consequências inimagináveis da longa estiagem. Represas para abastecimento de água e barragens para usinas hidrelétricas estão com volumes extremamente reduzidos. Tudo indica que enfrentaremos racionamento de água e de energia elétrica, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste.

 

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alerta que, se a seca persistir, até novembro próximo, ao menos 8 usinas hidrelétricas da Bacia do Rio Paraná (foto), localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, poderão estar com suas barragens praticamente vazias.

 


O resultado previsto é a chamada “Perda do Controle Hidráulico”, que implicaria restrições ao atendimento energético nos Sistemas Sul e Sudeste e Centro-Oeste, advindo das hidrelétricas de Furnas, Itumbiara, São Simão, Nova Ponte, Emborcação, Mascarenhas de Morais, Marimbondo, Água Vermelha, Jupiá, Ilha Solteira e Porto Primavera, todas na Bacia do Rio Paraná.

 

Antevendo a gigantesca crise, o governo federal, com respaldo do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), a qualquer momento, poderá editar uma Medida Provisória que criará condições para adoção de um racionamento de energia, a contratação de usina termoelétrica e, eventualmente, a obrigatoriedade de redução do consumo de energia de empresas e da população. Da mesma forma que aconteceu em 2001, com o apagão, quando houve redução obrigatória de 20%. Inclusive, com multas, de 50% a 200%, para os infratores. A cogitada MP poderá interferir na vazão das águas que movem as usinas hidrelétricas de forma imediata. E o pior: todos os custos serão pagos pelos consumidores, por meio de taxas incluídas nas contas de luz.

 

Vejam a coincidência de notícias altamente negativas: Covid-19, crises energética e de abastecimento de água, preços galopantes de gás de cozinha, combustíveis, alimentação, remédios, etc... impulsionando a inflação e afundando ainda mais a nossa cambaleante economia, com efeitos imprevisíveis de ordem social.

 

Não gostaria de repassar notícias tão negativas mas, entendo que conhecendo a dimensão dos males previstos, desde já, conscientemente podemos tomar medidas para economizar energia elétrica e água. No caso desta última, vale implementar o reuso da água dispensada pela máquina de lavar na descarga do vaso sanitário ou lavagem do quintal, por exemplo. Prevenidos e melhor preparados, com certeza, atravessaremos este imenso mar revolto para ancorar num porto seguro. Assim seja! #ConsciênciaEFé

 

Foto: Giovani Zanardi/RPC

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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