113 anos da Imigração
Japonesa no Brasil são comemorados hoje. Tudo começou em 18 de junho de 1908,
com a chegada do navio Kasato Maru, trazendo 781 japoneses. Assim como ocorreu
com as imigrações italiana, espanhola e alemã, que antecederam a japonesa, o
contrato de 3 a 7 anos estabelecia o trabalho em grandes fazendas de café nos
estados de São Paulo e Paraná, como também Santa Catarina e Minas Gerais. As
imigrações para o Brasil se deram com o objetivo de substituir a mão de obra
escrava, após a abolição.
Desnecessário transcrever a
trajetória heroica dos imigrantes, que acabaram adotando o Brasil, após décadas
de trabalho, sangue, suor e lágrimas. Homenageio a data apontando a relevância
da relação bilateral Brasil-Japão em todas as áreas do conhecimento humano. O
alicerce dessa aliança é o forte laço de amizade entre os dois países, nascido
da amorosa acolhida aos imigrantes.
Em 2006, durante nossa 2ª gestão como
prefeito de Mogi das Cruzes, tivemos a integral contribuição de funcionários
municipais e da sociedade civil para desenvolver o projeto que perpetuasse a
celebração dos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil, festejados em 2008. Assim,
nasceu o Parque Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, inaugurado em 28 de
junho de 2008, na Av. Franscisco Rodrigues Filho, Distrito de Cezar de Souza.
Era uma área de 215 mil metros
quadrados, às margens do lendário Rio Tietê, totalmente degradada por décadas
de extração de areia e com dívidas acumuladas de IPTU, em execução judicial. Num
cenário inimaginável, fizemos do limão
uma saborosa limonada, usando o aprendizado da cultura japonesa, marcada pela
permanente superação de dificuldades, como terremotos, tsunamis, tufões e
maremotos.
Eleito pelos mogianos como uma das 7
maravilhas de Mogi, o Parque virou palco de passeios, lazer, descanso, condicionamento
físico, meditação e turismo para o povo mogiano e dos municípios vizinhos. Exceto
neste período de pandemia, nos finais de semana e feriados, o local chega a
receber de 10 a 15 mil visitantes, na maioria, famílias inteiras. Um sucesso
total!
Para a comemoração deste 18 de junho,
nada melhor que o destaque ao Parque Centenário, que foi construído com base
nos seguintes princípios: a)- Gratidão do povo brasileiro aos imigrantes
japoneses que lutaram bravamente pelo desenvolvimento desta Nação; b)- Gratidão
dos descendentes de japoneses pela calorosa acolhida aos seus ancestrais
imigrantes; c)- Um patrimônio que retratasse perpetuamente a preciosa e
importante relação de amizade entre os dois povos; d)- Um espaço que simbolizasse
a defesa do meio ambiente, com rios, lagos e matas protegidos; e e)- Um local
que servisse de visitação gratuita e permanente, voltado principalmente para as
famílias humildes.
Riquíssimos equipamentos e atrações
foram erguidos no Parque Centenário: Memorial da Imigração, Memorial do Parque,
Memorial das Cidades-Irmãs Seki e Toyama, Espaço Bom Odori e Samba, Protótipo da
Casa do Imigrante, com parede de barro e argila, coberta com sapê, Lagos, Ilha
do Torii, Balsa e Pontes Flutuantes, Chafariz, Ponte de Arco, Playground, Minicampo
de Futebol, Quadra de Vôlei, Chalés, Churrasqueiras, Réplica do Navio Kasato
Maru, com aproximadamente 40 metros de comprimento e interior recheado de
histórias e fotos dos primeiros imigrantes a pisarem em Mogi, Pavilhão das
Bandeiras do Brasil e Japão, Trilha de Caminhada pelo remanescente de Mata
Atlântica, às margens do Tietê, Alamedas e Logradouros batizados com nomes de
províncias japonesas, entre outros.
Lamentavelmente, muitas das atrações originais
desapareceram. Sofreram deterioração e foram retiradas ou interditadas por
falta de sensibilidade e manutenção. Como uns dos responsáveis pela implantação
do Parque Centenário, faço veemente apelo à administração municipal no sentido
de iniciar um ciclo virtuoso de manutenção e, se possível, de recuperação dos
equipamentos desativados ou deteriorados. Afinal, são simbólicos. São os casos
do protótipo do Kasato Maru, Casa do Imigrante, Ilha do Torii, Balsa e Pontes
Flutuantes. Faço este apelo em nome de milhares de visitantes e da história de
relevante sinergia entre Brasil e Japão, representada pelo Parque.
Apesar desse desabafo, a vida
continua, com a certeza de que a grande amizade entre Brasil e Japão será perpétua.
Haveremos de difundir e amplificar esse vínculo umbilical mundo afora, como
referência de perfeita coexistência harmônica, produtiva e solidária!
#SalveBrasilJapão
Junji Abe, produtor e líder rural, é
ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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