sexta-feira, 18 de junho de 2021

Banzai!

 


113 anos da Imigração Japonesa no Brasil são comemorados hoje. Tudo começou em 18 de junho de 1908, com a chegada do navio Kasato Maru, trazendo 781 japoneses. Assim como ocorreu com as imigrações italiana, espanhola e alemã, que antecederam a japonesa, o contrato de 3 a 7 anos estabelecia o trabalho em grandes fazendas de café nos estados de São Paulo e Paraná, como também Santa Catarina e Minas Gerais. As imigrações para o Brasil se deram com o objetivo de substituir a mão de obra escrava, após a abolição.

 

Desnecessário transcrever a trajetória heroica dos imigrantes, que acabaram adotando o Brasil, após décadas de trabalho, sangue, suor e lágrimas. Homenageio a data apontando a relevância da relação bilateral Brasil-Japão em todas as áreas do conhecimento humano. O alicerce dessa aliança é o forte laço de amizade entre os dois países, nascido da amorosa acolhida aos imigrantes.

 

Em 2006, durante nossa 2ª gestão como prefeito de Mogi das Cruzes, tivemos a integral contribuição de funcionários municipais e da sociedade civil para desenvolver o projeto que perpetuasse a celebração dos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil, festejados em 2008. Assim, nasceu o Parque Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, inaugurado em 28 de junho de 2008, na Av. Franscisco Rodrigues Filho, Distrito de Cezar de Souza.

 

Era uma área de 215 mil metros quadrados, às margens do lendário Rio Tietê, totalmente degradada por décadas de extração de areia e com dívidas acumuladas de IPTU, em execução judicial. Num cenário inimaginável,  fizemos do limão uma saborosa limonada, usando o aprendizado da cultura japonesa, marcada pela permanente superação de dificuldades, como terremotos, tsunamis, tufões e maremotos.

 

Eleito pelos mogianos como uma das 7 maravilhas de Mogi, o Parque virou palco de passeios, lazer, descanso, condicionamento físico, meditação e turismo para o povo mogiano e dos municípios vizinhos. Exceto neste período de pandemia, nos finais de semana e feriados, o local chega a receber de 10 a 15 mil visitantes, na maioria, famílias inteiras. Um sucesso total!

 

Para a comemoração deste 18 de junho, nada melhor que o destaque ao Parque Centenário, que foi construído com base nos seguintes princípios: a)- Gratidão do povo brasileiro aos imigrantes japoneses que lutaram bravamente pelo desenvolvimento desta Nação; b)- Gratidão dos descendentes de japoneses pela calorosa acolhida aos seus ancestrais imigrantes; c)- Um patrimônio que retratasse perpetuamente a preciosa e importante relação de amizade entre os dois povos; d)- Um espaço que simbolizasse a defesa do meio ambiente, com rios, lagos e matas protegidos; e e)- Um local que servisse de visitação gratuita e permanente, voltado principalmente para as famílias humildes.

 

Riquíssimos equipamentos e atrações foram erguidos no Parque Centenário: Memorial da Imigração, Memorial do Parque, Memorial das Cidades-Irmãs Seki e Toyama, Espaço Bom Odori e Samba, Protótipo da Casa do Imigrante, com parede de barro e argila, coberta com sapê, Lagos, Ilha do Torii, Balsa e Pontes Flutuantes, Chafariz, Ponte de Arco, Playground, Minicampo de Futebol, Quadra de Vôlei, Chalés, Churrasqueiras, Réplica do Navio Kasato Maru, com aproximadamente 40 metros de comprimento e interior recheado de histórias e fotos dos primeiros imigrantes a pisarem em Mogi, Pavilhão das Bandeiras do Brasil e Japão, Trilha de Caminhada pelo remanescente de Mata Atlântica, às margens do Tietê, Alamedas e Logradouros batizados com nomes de províncias japonesas, entre outros.

 

Lamentavelmente, muitas das atrações originais desapareceram. Sofreram deterioração e foram retiradas ou interditadas por falta de sensibilidade e manutenção. Como uns dos responsáveis pela implantação do Parque Centenário, faço veemente apelo à administração municipal no sentido de iniciar um ciclo virtuoso de manutenção e, se possível, de recuperação dos equipamentos desativados ou deteriorados. Afinal, são simbólicos. São os casos do protótipo do Kasato Maru, Casa do Imigrante, Ilha do Torii, Balsa e Pontes Flutuantes. Faço este apelo em nome de milhares de visitantes e da história de relevante sinergia entre Brasil e Japão, representada pelo Parque.

 





Apesar desse desabafo, a vida continua, com a certeza de que a grande amizade entre Brasil e Japão será perpétua. Haveremos de difundir e amplificar esse vínculo umbilical mundo afora, como referência de perfeita coexistência harmônica, produtiva e solidária! #SalveBrasilJapão

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário