#TragédiaAnunciada – Há anos tenho comentado sobre
o descompromisso com a prevenção. Esta cultura enraizada, associada à desigualdade
social, produz tragédias como a ocorrida no litoral norte paulista. Houve o
deslizamento de encostas da Serra do Mar, em razão da intensa e volumosa chuva,
que chegou a 683 mm em 24 horas, índice jamais registrado em nossa história. A
memória embaça acontecimentos ainda recentes, que castigaram Petrópolis/RJ,
Belo Horizonte/MG, Salvador/BA e Recife/PE, dentre outras cidades, com saldo de
mortes e desaparecidos.
Para famílias pobres, não sobram alternativas, exceto
morros e várzeas para erguer moradias simples. Em muitos casos, são lotes vendidos
ilegalmente por marginais. Eles agem à vontade sob os olhos das autoridades
públicas, que fazem de conta que não veem ou não sabem, ao invés de exercer robusta
fiscalização contra construções em locais de risco e sem licenciamento
ambiental. Bandidos que vendem lotes ilegais precisam ir para a cadeia.
Após tragédias dessa magnitude, com dezenas de
mortos e desaparecidos, tardiamente, o poder público corre para auxiliar na
busca de sobreviventes, socorro às vítimas e identificação dos mortos. Surgem
hospitais de campanha, assistência médica, transporte, medicamentos, alimentos,
água, colchões, cobertores, roupas e ajuda humanitária, além da colaboração da
comunidade. Autoridades e lideranças públicas tentam amenizar a dor de quem
sofre, comprometendo-se a liberar recursos para atenuar os gigantescos
prejuízos acarretados.
O que nos surpreendeu foi a declaração, no último
dia 21, do Ministério Público, afirmando que, em 2021, tinha informado oficialmente
a Prefeitura de São Sebastião sobre o iminente deslizamento nas encostas da
Serra do Mar, onde fica a Vila do Sahy, na praia Barra do Sahy. “A manutenção
do núcleo congelado, na área e nos moldes em que se encontra, é uma verdadeira
tragédia anunciada, a qual, salienta-se, já se concretizou na área de outros
núcleos congelados, em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos”, diz o
documento do MP. A Prefeitura teria respondido que tomaria providências
cabíveis, mas nada fez. Na maioria dos casos dessa natureza, o Executivo só empurra
o problema com a barriga.
Por outro lado, o que temos de instituições relacionadas
ao meio ambiente não está escrito. Por exemplo, Instituto Nacional de
Meteorologia; Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos; Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais; Sistema Nacional de Meio Ambiente; Centro
Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais; Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade; Secretaria Nacional de Proteção de Defesa Civil;
Conselho Nacional do Meio Ambiente; Instituto de Pesquisas Tecnológicas/SP; etc.
Esperamos que o novo governo ative todas essas instituições
de forma incontestável em prol de mais segurança ao povo na área ambiental, com
resultados que promovam o desenvolvimento sustentável, com prudência ambiental
e justiça social. #PrudênciaAmbiental #JustiçaSocial
(Foto: Fábio
Tito/G1)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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