terça-feira, 7 de março de 2023

Prudência ambiental

 

#TragédiaAnunciada – Há anos tenho comentado sobre o descompromisso com a prevenção. Esta cultura enraizada, associada à desigualdade social, produz tragédias como a ocorrida no litoral norte paulista. Houve o deslizamento de encostas da Serra do Mar, em razão da intensa e volumosa chuva, que chegou a 683 mm em 24 horas, índice jamais registrado em nossa história. A memória embaça acontecimentos ainda recentes, que castigaram Petrópolis/RJ, Belo Horizonte/MG, Salvador/BA e Recife/PE, dentre outras cidades, com saldo de mortes e desaparecidos.

 

Para famílias pobres, não sobram alternativas, exceto morros e várzeas para erguer moradias simples. Em muitos casos, são lotes vendidos ilegalmente por marginais. Eles agem à vontade sob os olhos das autoridades públicas, que fazem de conta que não veem ou não sabem, ao invés de exercer robusta fiscalização contra construções em locais de risco e sem licenciamento ambiental. Bandidos que vendem lotes ilegais precisam ir para a cadeia.

 


Após tragédias dessa magnitude, com dezenas de mortos e desaparecidos, tardiamente, o poder público corre para auxiliar na busca de sobreviventes, socorro às vítimas e identificação dos mortos. Surgem hospitais de campanha, assistência médica, transporte, medicamentos, alimentos, água, colchões, cobertores, roupas e ajuda humanitária, além da colaboração da comunidade. Autoridades e lideranças públicas tentam amenizar a dor de quem sofre, comprometendo-se a liberar recursos para atenuar os gigantescos prejuízos acarretados.

 

O que nos surpreendeu foi a declaração, no último dia 21, do Ministério Público, afirmando que, em 2021, tinha informado oficialmente a Prefeitura de São Sebastião sobre o iminente deslizamento nas encostas da Serra do Mar, onde fica a Vila do Sahy, na praia Barra do Sahy. “A manutenção do núcleo congelado, na área e nos moldes em que se encontra, é uma verdadeira tragédia anunciada, a qual, salienta-se, já se concretizou na área de outros núcleos congelados, em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos”, diz o documento do MP. A Prefeitura teria respondido que tomaria providências cabíveis, mas nada fez. Na maioria dos casos dessa natureza, o Executivo só empurra o problema com a barriga.   

 

Por outro lado, o que temos de instituições relacionadas ao meio ambiente não está escrito. Por exemplo, Instituto Nacional de Meteorologia; Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; Sistema Nacional de Meio Ambiente; Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; Secretaria Nacional de Proteção de Defesa Civil; Conselho Nacional do Meio Ambiente; Instituto de Pesquisas Tecnológicas/SP; etc.

 

Esperamos que o novo governo ative todas essas instituições de forma incontestável em prol de mais segurança ao povo na área ambiental, com resultados que promovam o desenvolvimento sustentável, com prudência ambiental e justiça social. #PrudênciaAmbiental #JustiçaSocial

 

(Foto: Fábio Tito/G1)

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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