#DuraRealidade – Em pleno século 21, nos deparamos
com o trabalho análogo à escravidão em diferentes regiões do Brasil. Até na Cidade
de São Paulo, por denúncias anônimas, são flagradas bolivianas, colombianas,
venezuelanas e peruanas, dentre outras, trabalhando como costureiras ou
auxiliares, em porões de prédios, em condições análogas à escravidão. São exploradas
e abusadas em razão da permanência ilegal no País.
“Com 139 vítimas na cana, resgate de escravizados é
o 3ª maior em cinco anos”, como destacou o Uol, em 17 de fevereiro. A
descoberta se deu com a operação móvel do Grupo Especial de Fiscalização para
Erradicação do Trabalho Escravo (Gefete), subordinado ao Ministério do
Trabalho, em uma fazenda de cana de açúcar, na zona rural de Acreúna/GO.
As vítimas são trabalhadores de várias regiões à
procura de ganho maior para ajudar familiares. Chegando ao local, constataram
que as promessas eram falsas, com descontos de alimentação, de transporte e
habitação. Tudo extremamente deplorável! A ilegalidade é gigantesca. A enorme Agropecuária
Nova Gália, responsável pela Usina Nova Gália, para se eximir de custos
trabalhistas, terceirizou ilegalmente para quatro pequenos contratadores de mão
de obra rural (gatos), sem idoneidade e sem capacidade financeira, a
responsabilidade pelos trabalhadores enganados.
Contratados para o plantio da cana, eles faziam a
limpeza do terreno, com ganho bem menor. Além do mais, havia descontos ilegais
sobre o reduzido salário para quitação de transporte da região nordestina para
Goiás, de alimentação e até de moradia, deixando os trabalhadores presos no
local até a quitação da suposta dívida, impedindo o retorno para os locais de
origem.
A Agropecuária Nova Gália não contestou as punições
recebidas, ciente da grande fraude cometida: pagamento de R$ 877 mil aos
trabalhadores como verbas rescisórias e direitos devidos; R$ 283 mil em favor
das vítimas, como resultado de ação da Defensoria Pública da União por direito
moral e individual violados; e R$ 315 mil pelo dano moral coletivo, conseguidos
pelo Ministério Público do Trabalho (quantia destinada às instituições de
caridade de Acreúna e cidades vizinhas).
Merece destaque também a recente notícia que deu
conta de centenas de trabalhadores baianos, vítimas de trabalho análogo à
escravidão em fazendas vinícolas, localizadas no município gaúcho de Bento
Gonçalves: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2023/03/01/mpt-da-dez-dias-para-vinicolas-apresentarem-contratos-com-terceirizada.htm
Qualquer constatação de trabalho análogo à
escravidão precisa ser denunciada via Sistema Ipê www.ipe.sit.trabalho.gov.br; pelo Disque 100;
ou presencialmente junto às Delegacias do Trabalho ou Superintendências
Regionais do Trabalho. #TrabalhoEscravoJamais
(Foto ilustrativa: Rogério Paiva / Ascom MPT)
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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