terça-feira, 9 de maio de 2023

Humanidade no controle

 

#ValoresPerdidos – Ao longo da minha caminhada, aprendi o quanto o passado é importante. Dos preciosos legados recebidos dos pais e avós, passando pelos bancos escolares e pelas próprias experiências, sei que o passado alicerça o presente e o futuro. Tudo é uma lição de vida!

 

Como me considero eclético, aceito as céleres mudanças de conduta e hábito que vão transformando a sociedade. Porém, tenho consciência dos avanços saudáveis e desprezo as transformações que agridem o passado riquíssimo que recebemos como legado.

 

As modificações pela modernidade são uma realidade. A cultura e o hábito da leitura, que são superimportantes, vêm sendo transferidas para que aplicativos de inteligência artificial façam as leituras para crianças, jovens e adultos. É uma enorme preocupação, visto que sou adepto intransigente da valorização da educação do lar (familiar) e do ensino público de qualidade.

 

Investiram-se bilhões de dólares nos aplicativos e tudo indica que o sucesso está garantido. Nas escolas, as aulas de escrita começam a ser substituídas pelo aplicativo ChatGPT que está apto a produzir qualquer tipo de texto, incluindo poesias, roteiros de cinema ou de TV. Aliás, semanas atrás o rapper Drake teve sua música e voz plagiados por inteligência artificial. O robô ChatGPT lê bilhões de textos e, instantaneamente, aprende a escrever. Meta impossível para o ser humano.

 

No ambiente escolar, os educadores estão apreensivos, visto que a prática de elaborar textos tem sido o principal fator de avaliação dos estudantes. As teses universitárias, ainda que sejam lidas por poucas pessoas, funcionam como selo de garantia da instituição, servindo de lastro ao título acadêmico. “Como manter esse status, caso os robôs se tornem autores ou coautores desses trabalhos?”, questionam educadores. Na prática, muitos alunos já perderam a habilidade de escrever e ler. Segundo especialistas, o fato é constatado “na leitura de redações de concursos públicos, de vestibulares e nos exames do Enem, com garranchos inelegíveis e total desconhecimento dos princípios da divisão silábica”.

 

Ao abandonar a habilidade de escrever e ler textos, substituídos pelos robôs, perdemos nossa individualidade que é o sustentáculo da humanidade. Diante da alta capacidade dos aplicativos de inteligência artificial de produzir conteúdos diversos sem falhas, a sociedade, imperceptivelmente, está eliminando valores éticos e individuais, em nome de que o que importa é escrever “o certo”.

 

A inteligência artificial é invenção de pessoas com mentes privilegiadas. Os avanços são necessários, mas jamais podemos perder o controle das evoluções tecnológicas. Cabe aos seres humanos comandarem a inteligência artificial em benefício da humanidade. E não o contrário. #HumanidadeNoControle 

 


Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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