#CombateAoRacismo – Em 28 de agosto de 1963, durante
manifestações de milhares de negros para exigir direitos, em Washington (EUA), um
dos maiores líderes mundiais de todos os tempos, o Pastor Martin Luther King
disse: “Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma
nação, onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu
caráter”.
A célebre frase tem um significado especial para
mim. Brasileiro nascido em Mogi das Cruzes/SP, tenho a cara de japonês. Nos
tempos de criança e jovem, da mesma forma que tantos outros descendentes de
imigrantes japoneses, sofri a triste discriminação racial. Intolerância e
preconceito, semelhantes aos que a população preta enfrenta com maior
intensidade até hoje. Condutas abomináveis envolvem violência e até mortes.
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública (FBSP), o número de mortes de pessoas negras por policiais aumentou
5,8%. Nos anos de 2020 e 2021, os negros e pardos representaram 84,1% das
vítimas de intervenções policiais, quantidade que representa 54% dos
brasileiros. No caso das pessoas brancas, o número de mortes teve queda de
30,9%.
O secretário nacional de Combate ao Racismo, Martvs
Chagas, afirma que o Brasil vivencia uma espécie de pandemia, com o cenário de
mortes da população negra, que se agrava com o aumento da miséria, do
desemprego e com o crescimento do negacionismo. “É necessário fazer uma mudança
efetiva em como entendemos a segurança pública no País e apresentar uma saída
de algo que é crônico: a mortalidade de população negra, principalmente da
juventude”.
Pela pesquisa da Universidade de São Paulo (USP),
crianças e adolescentes negros têm mais chance de serem revistados por
policiais em São Paulo. Conforme o relatório da instituição Todos pela Educação,
em 2015, 75,6% das escolas públicas no Brasil tinham ações e ensinamentos
contra o racismo, mas, em 2021, o índice caiu para 50,1%, ou seja, somente
metade das nossas escolas se preocupam em combater o racismo.
É triste, visto que, além do combate ao racismo, a
escola é um local especialíssimo para a formação cívica das crianças e jovens.
Eles serão, quando adultos, os guerreiros contra o preconceito, a intolerância
e o racismo, que atingem a população negra como um todo, sem distinção de
gênero e idade.
O Brasil deve demais aos africanos que, séculos
atrás, presos nos países de origem, foram trazidos para realizarem trabalhos
forçados, visando o crescimento desta Nação. Igualmente, temos a obrigação de
agradecer e incentivar os afro-brasileiros e descendentes de todas as etnias pelo
trabalho, força, dedicação, cultura e amor pela nossa terra. Que prevaleça o
conteúdo do caráter! Sempre. #CaráterAcimaDaCor
Junji Abe, produtor e líder
rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
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