terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Acima das diferenças

 

#EmFamília – Desde a pré-história, remontando ao tempo das cavernas, com ambiente extremamente hostil, rodeado de predadores e intempéries, coube ao ser humano lograr êxito com o estabelecimento de núcleos familiares. Em boa hora, essa história é estampada na Coluna VivaBem Uol, por meio de Gabriele Maciel, sob o título – “Cada vez mais pessoas rompem com a família: Laço sanguíneo é insignificante”.

 

Os imigrantes italianos, espanhóis, árabes e japoneses, dentre outros, quando chegavam ao Brasil, de 1860 a 1940, uniam-se e fundavam associações para, juntos, defenderem-se mutuamente das adversidades. Falo com conhecimento de causa, por ser brasileiro descendente de pais e avós japoneses. A unidade familiar robustece os sentimentos de apoio, afeto e segurança, além de embasar o êxito de entidades associativas. Uma pena que as transformações da sociedade fragilizem a unidade familiar. Mas, precisamos compreender as mudanças enfrentadas.

 

Pesquisa realizada pelo professor Karl Andrew Pillemer, da Universidade de Cornell, nos EUA, publicada em 2020 no livro – Fault Lines: Fractured Families and How the Mend Them – destaca que 65 milhões de americanos se distanciaram de familiares, em busca de liberdade, para fugir de relações tóxicas ou perseguindo amparo emocional. É um retrato muito semelhante com os acontecimentos que envolvem as famílias brasileiras.

 

Larissa Alves Teixeira Castelo, especialista em terapia sistêmica familiar e pesquisadora do Laboratório de Estudos Sociais de Casais, Família e Comunidade da Universidade de Fortaleza/Ceará afirma que, antigamente, havia o pensamento de que a família era algo sagrado e estava acima de qualquer coisa. Hoje, entende-se que as escolhas individuais devem ser consideradas.

 

A análise demonstra que “o afastamento familiar decorre principalmente dessa intransigência de aceitar o outro como ele é, com suas escolhas pessoais, por religião e até por afinidade ou escolha de ordem política”. Estudos revelam a desconstrução da hierarquia familiar que existia antigamente, com os poderes nos ditos chefes de família. Hoje, as relações são mais horizontais e o jovem sente-se mais à vontade para contrariar os pais. Essa mudança é considerada muito positiva, gerando equilíbrio nas relações e diminuição de violência, tanto verbal quanto física.

 

Em síntese, creio ser fundamental reconhecermos que as pessoas nascem com personalidades diferentes. Portanto, a aceitação e até o perdão são essenciais e altamente relevantes na preservação da harmonia, respeito, tranquilidade, paz e amor familiar. #AcimaDasDiferenças



Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo


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