#ComOuSemCasca – Amigas e amigos, exceto raras
exceções, fomos educados para tirar as cascas dos alimentos in natura antes de comê-los. Enfim, é a
nossa cultura. Aliás, também aprendemos que os alimentos, sobretudo as frutas,
carregam fortes resíduos de agrotóxicos. Assim, há estímulo total para
descascar os alimentos e, em muitos casos, até cozinhá-los antes de ingeri-los.
Este texto leva em conta estudos realizados pelas
doutoras e professoras: Eveline de Alencar, especialista em Ciência e Tecnologia
de Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC); Ana Paula Colares de
Andrade, do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFC; Laura Contin de
Souza, especialista em Nutrição da Infância e Adolesceste, da Escola Paulista
de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp); e Luciane
Frankelin Gomes de Souza, do Curso de Engenharia de Alimentos do Instituto Mauá
de Alimentos (IMA/SP).
As cascas carregam alto índice de vitaminas e
outros nutrientes benéficos à saúde, além de concentrarem a maior parte dos
antioxidantes e fibras. Regra geral, nas frutas cítricas, por exemplo, há mais
antioxidantes na casca do que na polpa.
Como os agrotóxicos são pulverizados, sua maior
concentração é na superfície dos alimentos, como cascas e folhas. Entretanto, os
mais porosos tendem a apresentar tais substâncias em seu interior. Ou também nas
raízes, caso os defensivos químicos sejam aplicados no solo. Vegetais como
pepino, pimentão, cenoura, tomate, alface, uva, morango e cereja são mais
sensíveis e absorvem quantidades maiores de resíduos de agrotóxicos.
Apesar do nosso receio em relação aos resíduos de
agrotóxicos, é recomendável não descascar os alimentos, porque o alto teor de
fibras presentes nas cascas é muito mais benéfico do que descartá-las para tentar
reduzir o efeito acumulativo dos defensivos agrícolas.
Descascar alimentos in natura reduzirá substancialmente os resíduos de agrotóxicos.
Porém, perde-se grande parte das fibras insolúveis, responsáveis pela
manutenção do funcionamento intestinal e proteção contra algumas doenças
crônicas, como diabetes, cardiopatias e câncer no intestino. As partes não
consumidas, como cascas, sementes e aparas, podem e devem ser utilizadas no
preparo de molhos, caldos, farinhas e bolos.
As consequências de agrotóxicos nos alimentos ainda
são controversas, sem clareza integral. As notícias mais contundentes sobre os
defensivos agrícolas envolvem trabalhadores que aplicam o produto e também
aqueles que moram no campo, convivendo com as substâncias químicas.
Em razão da complexidade do tema, para ampliar a
segurança alimentar, sem desprezar as cascas dos alimentos, valem duas dicas básicas:
adquirir produtos in natura orgânicos
ou fazer a higienização correta de frutas e hortaliças. #SegurançaAlimentar
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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