sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Consciência e solidariedade

Não há como ser indiferente à dor de pessoas em situação de rua. Em condições climáticas favoráveis, já vivem um tormento, que se torna inimaginável no inverno. E impensável, quando o frio vem associado à chuva. A situação dramática da miséria ganhou um elemento extemporâneo: a pandemia de Covid-19. 




Diante da tristeza pela dura realidade, destaco a compaixão e solidariedade que brotam nos corações e alavancam o desejo de contribuir de alguma forma para reduzir esse flagelo mundial. Estima-se que haja 140 mil pessoas em situação de rua no Brasil, sem incluir a expansão causada pela pandemia. 

Existe um esforço imensurável do poder público, aliado a instituições da sociedade civil, voluntários e anônimos, não só para reduzir a quantidade de flagelados, mas também para proporcionar-lhes um pouco de conforto, ainda que temporário. Falo dos abrigos públicos dotados de estrutura para acolher, alimentar e tratar dos desamparados. 

A legislação proíbe o encaminhamento compulsório de alguém para um abrigo. Ou seja, mesmo sob risco de morte por exposição ao frio extremo nas ruas, por exemplo, a pessoa só pode ser removida ao albergue, se concordar. 

Reputo de fundamental importância estabelecer investimentos anuais maciços, obrigatórios e permanentes em ações de combate ao flagelo. Seria preciso um modelo de previsão constitucional, semelhante aos índices mínimos sobre as receitas correntes líquidas dos entes federativos, existentes para educação e saúde. 

Evidente que não basta. Políticas públicas autênticas em prol das pessoas vulneráveis precisam privilegiar o ser humano, com assistência social focada na promoção, valorização e reinserção socioeconômica de cada um, a partir da oferta de oportunidades – de trabalho, de qualificação profissional, de estudos, de vida. Como no ditado popular: não dê o peixe; ensine a pescar. Isso implica viabilizar o desenvolvimento econômico para dar sustentabilidade à promoção humana, com janelas claras para a inclusão social e no mercado de trabalho. 

Estamos às vésperas das eleições municipais. Analisem profundamente a vida pregressa dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores, inclusive de seus familiares e colaboradores próximos. No caso dos majoritários, pesquisem seus planos de governo e procurem detectar suas verdadeiras ambições como gestor público. 

Peço que escolham com antecedência, os candidatos que reúnam, de fato, vocação, talentos e realizações, por menores que sejam, voltados genuinamente à assistência social sob a ótica da valorização humana, com ações para reinserção das pessoas mais vulneráveis no mercado de trabalho e na sociedade. Isso também é ser solidário e ajudar a cuidar do próximo! #Consciência #PorUmMundoMelhor

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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