terça-feira, 3 de novembro de 2020

Cruzada contra o pedágio

 

Reafirmo meu integral apoio à população, às vozes legítimas da sociedade civil, aos vereadores e demais autoridades, como o prefeito Marcus Melo e o vice Juliano Abe, que lideram a cruzada contra o pedágio na Rodovia Mogi-Dutra, pretensão tresloucada do Governo do Estado de São Paulo.


Os argumentos já apresentados contra a malfada ideia são justíssimos e consistentes. Mergulho de cabeça nesse ato cívico, que também é um manifesto de gratidão ao sempre  prefeito Waldemar Costa Filho, responsável pela construção da rodovia com recursos dos impostos pagos pelo povo mogiano. Igualmente, registro os fatos que marcaram a duplicação da Mogi-Dutra. Foi uma conquista da união geral, com indispensável respaldo da Imprensa.

 

Fui um desses soldados na linha de frente. Exercia o 2º mandato como deputado estadual. Apesar da forte campanha deflagrada pelas lideranças, em 1995, o então governador Mário Covas estava às voltas com a herança de volumoso deficit orçamentário, financeiro e fiscal, que colocou São Paulo em estado de calamidade pública. Levei o apelo de Mogi. Embora nem pertencesse ao mesmo partido político do governador, fui bem acolhido e virei o representante do Covas na região.

 

Apresentei a ele a necessidade premente da duplicação da Mogi-Dutra. Covas foi curto e grosso, dizendo que, se eu conseguisse recurso estadual para elaborar o projeto, ele licitaria a obra. Imbuído da missão, bati à porta da Diretoria de Operações do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), onde relatei o caso ao saudoso diretor, engenheiro Pedro Brassioli. Sensível ao clamor, em seis meses, o amigo – a quem homenageio com gratidão – conseguiu os R$ 150 mil (da época) necessários ao projeto de duplicação, que foi elaborado.

 

Coube à ganhadora do certame licitatório executar a duplicação da Rodovia Mogi-Dutra. A obra foi inaugurada em 15 de janeiro de 2005 pelo então governador Geraldo Alckmin, coincidindo com o início do meu 2º mandato de prefeito de Mogi das Cruzes.  Naquele dia de festa, ficou destacada a gratidão ao extraordinário benfeitor da nossa Cidade e Região, o grande governador Mário Covas, que falecera em 2001, menos de um ano depois de vir a Mogi manifestar apoio à minha candidatura a prefeito.  

 


Este histórico é fundamental para rechaçar os argumentos da Artesp e demais órgãos do governo estadual a favor do injustificável pedágio. Fique cristalino que o povo mogiano bancou a construção da Rodovia Mogi-Dutra, assim como participou financeiramente das obras de duplicação que, em nenhum momento, despertaram a estapafúrdia ideia de um posto de cobrança.

 

Sou favorável à política de concessão de rodovias à iniciativa privada do governo João Doria. Contudo, repito, sou totalmente contra à instalação de um posto de pedágio em qualquer local da Mogi-Dutra. Pior ainda: propor que mogianos paguem por melhorias na malha viária do Litoral Sul.

 

Municípios do Alto Tietê, como Mogi das Cruzes, Suzano, Biritiba Mirim e Salesópolis, amargam décadas de sacrifício, sem qualquer compensação econômica, financeira ou social. Refiro-me às construções de Barragens da Ponte Nova, Taiaçupeba, Jundiaí e Biritiba Mirim, que compõem o Sistema Produtor de Água do Alto Tietê, para abastecer milhões de paulistas da Região Metropolitana. Para começar, milhares de hectares de terras produtivas do Cinturão Verde foram desapropriadas por valores ínfimos, que privaram produtores e seus trabalhadores rurais de continuarem na agricultura. Isto afetou gerações. Não bastasse, a condição de polo produtor de água restringe a expansão econômica nessas cidades.

 

Ao longo de três mandatos como deputado estadual e outros dois como prefeito de Mogi, inclusive, presidindo a antiga Amat – Associação dos Municípios do Alto Tietê, atual Condemat – Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, empreendemos ferrenhas lutas em prol de compensação tributária ou financeira do Estado aos municípios prejudicados. Exigíamos o mesmo tratamento dado pelo governo federal às cidades que tiveram áreas desapropriadas para construção de hidrelétricas e represamento de águas. Elas têm compensações para aliviar os prejuízos decorrentes da missão gerar energia elétrica. Por que não nós que produzimos água?  

 

Enquanto deputado federal, reforçamos a guerra pela compensação do Estado, com a ajuda de parlamentares do Brasil todo. Nada deu resultado. Continuamos só no prejuízo.  

Também somos privados do aproveitamento das margens das represas para exploração do turismo, ainda que regrado para não afetar o abastecimento de água. Some-se ainda o aumento das leis de proteção ambiental, que restringiram impiedosamente as atividades econômicas, tanto na zona urbana quanto rural, como em Biritiba Mirim e Salesópolis.


Ofereço essas considerações para fortalecer ainda mais os argumentos contra a instalação de pedágio na Mogi-Dutra. Em especial, chamo a atenção da gestão Marcus Melo e Juliano Abe, que já anunciou o veto à concessão de licença ambiental para o macabro empreendimento do governo estadual. Afinal, o impedimento ambiental que vale para nossas margens de represas também tem de valer para as bordas da nossa Mata Atlântica. Estamos juntos, num só objetivo cívico, humanitário e municipalista! #PedágioNão

 

Junji Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

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