Reafirmo meu
integral apoio à população, às vozes legítimas da sociedade civil, aos
vereadores e demais autoridades, como o prefeito Marcus Melo e o vice Juliano
Abe, que lideram a cruzada contra o pedágio na Rodovia Mogi-Dutra, pretensão
tresloucada do Governo do Estado de São Paulo.
Os argumentos já apresentados contra a malfada ideia são justíssimos e consistentes.
Mergulho de cabeça nesse ato cívico, que também é um manifesto de gratidão ao
sempre prefeito Waldemar Costa Filho,
responsável pela construção da rodovia com recursos dos impostos pagos pelo povo
mogiano. Igualmente, registro os fatos que marcaram a duplicação da Mogi-Dutra.
Foi uma conquista da união geral, com indispensável respaldo da Imprensa.
Fui um desses soldados na linha de
frente. Exercia o 2º mandato como deputado estadual. Apesar da forte campanha
deflagrada pelas lideranças, em 1995, o então governador Mário Covas estava às
voltas com a herança de volumoso deficit orçamentário, financeiro e fiscal, que
colocou São Paulo em estado de calamidade pública. Levei o apelo de Mogi.
Embora nem pertencesse ao mesmo partido político do governador, fui bem
acolhido e virei o representante do Covas na região.
Apresentei a ele a necessidade
premente da duplicação da Mogi-Dutra. Covas foi curto e grosso, dizendo que, se
eu conseguisse recurso estadual para elaborar o projeto, ele licitaria a obra. Imbuído
da missão, bati à porta da Diretoria de Operações do Departamento Estadual de
Estradas de Rodagem (DER), onde relatei o caso ao saudoso diretor, engenheiro
Pedro Brassioli. Sensível ao clamor, em seis meses, o amigo – a quem homenageio
com gratidão – conseguiu os R$ 150 mil (da época) necessários ao projeto de
duplicação, que foi elaborado.
Coube à ganhadora do certame
licitatório executar a duplicação da Rodovia Mogi-Dutra. A obra foi inaugurada
em 15 de janeiro de 2005 pelo então governador Geraldo Alckmin, coincidindo com
o início do meu 2º mandato de prefeito de Mogi das Cruzes. Naquele dia de festa, ficou destacada a
gratidão ao extraordinário benfeitor da nossa Cidade e Região, o grande
governador Mário Covas, que falecera em 2001, menos de um ano depois de vir a
Mogi manifestar apoio à minha candidatura a prefeito.
Este histórico é fundamental para
rechaçar os argumentos da Artesp e demais órgãos do governo estadual a favor do
injustificável pedágio. Fique cristalino que o povo mogiano bancou a construção
da Rodovia Mogi-Dutra, assim como participou financeiramente das obras de
duplicação que, em nenhum momento, despertaram a estapafúrdia ideia de um posto
de cobrança.
Sou favorável à política de
concessão de rodovias à iniciativa privada do governo João Doria. Contudo, repito,
sou totalmente contra à instalação de um posto de pedágio em qualquer local da
Mogi-Dutra. Pior ainda: propor que mogianos paguem por melhorias na malha
viária do Litoral Sul.
Municípios do Alto Tietê, como Mogi
das Cruzes, Suzano, Biritiba Mirim e Salesópolis, amargam décadas de sacrifício,
sem qualquer compensação econômica, financeira ou social. Refiro-me às
construções de Barragens da Ponte Nova, Taiaçupeba, Jundiaí e Biritiba Mirim,
que compõem o Sistema Produtor de Água do Alto Tietê, para abastecer milhões de
paulistas da Região Metropolitana. Para começar, milhares de hectares de terras
produtivas do Cinturão Verde foram desapropriadas por valores ínfimos, que
privaram produtores e seus trabalhadores rurais de continuarem na agricultura.
Isto afetou gerações. Não bastasse, a condição de polo produtor de água restringe
a expansão econômica nessas cidades.
Ao longo de três mandatos como
deputado estadual e outros dois como prefeito de Mogi, inclusive, presidindo a antiga
Amat – Associação dos Municípios do Alto Tietê, atual Condemat – Consórcio de
Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, empreendemos ferrenhas lutas em
prol de compensação tributária ou financeira do Estado aos municípios
prejudicados. Exigíamos o mesmo tratamento dado pelo governo federal às cidades
que tiveram áreas desapropriadas para construção de hidrelétricas e represamento
de águas. Elas têm compensações para aliviar os prejuízos decorrentes da missão
gerar energia elétrica. Por que não nós que produzimos água?
Enquanto deputado federal,
reforçamos a guerra pela compensação do Estado, com a ajuda de parlamentares do
Brasil todo. Nada deu resultado. Continuamos só no prejuízo.
Também somos privados do
aproveitamento das margens das represas para exploração do turismo, ainda que regrado
para não afetar o abastecimento de água. Some-se ainda o aumento das leis de
proteção ambiental, que restringiram impiedosamente as atividades econômicas, tanto
na zona urbana quanto rural, como em Biritiba Mirim e Salesópolis.
Ofereço essas considerações para fortalecer ainda mais os argumentos contra a
instalação de pedágio na Mogi-Dutra. Em especial, chamo a atenção da gestão
Marcus Melo e Juliano Abe, que já anunciou o veto à concessão de licença
ambiental para o macabro empreendimento do governo estadual. Afinal, o
impedimento ambiental que vale para nossas margens de represas também tem de
valer para as bordas da nossa Mata Atlântica. Estamos juntos, num só objetivo cívico,
humanitário e municipalista! #PedágioNão
Junji
Abe, produtor e líder rural, é ex-prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São
Paulo
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